Londres, 30 de agosto de 1888, por volta das 3h30 da manhã um carroceiro chamado Charles Cross a caminho do trabalho ao passar pela Travessa Buck – atualmente chamada Rua Durward – no bairro de Whitechapel, encontra uma mulher caída na calçada em frente ao estabelecimento Buck’s Row. A iluminação era feita por apenas um lampião no final da rua o que associado a típica neblina que tomava conta das ruas durante a madrugada impediu que o carroceiro enxergasse muitos detalhes. Aparentemente a mulher estava bêbada e havia desmaiado a caminho de casa. No exato momento em que Charles Cross observava a mulher um carregador, chamado Robert Paul, passou pela rua e viu Cross perto do que parecia ser o corpo de uma mulher. Paul se aproximou e viu que a mulher estava deitada de costas para o chão com as sais levantadas. Robert Cross pensou que a mulher estivesse morta, devido à palidez de sua face, mas Paul acreditava que estivesse apenas desfalecida. O rosto e as mãos da mulher estavam frias e os dois partiram, no sentido contrario a Brady Street, em busca de ajuda policial.
John Neil era o policial encarregado de fazer a ronda pelo local. Por volta das 3h15 ele havia passado em frente ao estabelecimento Buck’s Row, mas não havia encontrado nada que pudesse chamar sua atenção. As 3h45 ele retornou a Travessa Buck e encontrou o que parecia ser um corpo caído em frente ao Buck’s Row. Ao iluminar o local com sua lanterna a gás Neil viu uma cena grotesca: a mulher estava morta com os olhos arregalados e um terrível corte se estendia ao longo da garganta de uma orelha a outra. Neil fez sinal com sua lanterna para outro policial, chamado John Thain, que passava pela esquina na Travessa Buck com a Brady Street. Os dois analizaram a cena por alguns minutos e John Thain resolveu partir a procura do Dr. Llewellyn enquanto Neil permaneceu junto ao cadáver. Naquele momento Charles Cross e Robert Paul encontraram um policial, chamado Jonas Mizen, e alegaram ter encontrado uma mulher caída na calçada da travessa Buck. Quando Mizen chegou a Travessa Buck o guarda John Neil já estava junto ao corpo.
Por volta das 4h o Dr. Llewellyn, que era cirurgião, chegou a travessa Buck e confirmou o óbito. Havia pouco sangue no local – a roupa havia absorvido boa parte – e dois cortes profundos havia lesionado a traquéia e a goela da vitima. O segundo corte foi tão profundo que atingiu a vértebra. A hora da morte foi estipulada por volta das 3h30 – hora em que Charles Cross alegou ter encontrado o corpo. Cross explicou que o corpo da mulher já estava frio quando ele o encontrou – sugerindo que a hora da morte poderia ter sido um pouco antes da determinada por Llewellyn. O fato e que a baixa temperatura das ruas pode ter acelerado o resfriamento do corpo mascarando, portanto, a possível hora do óbito.
Nenhum morador alegou ter visto ou escutado algo. Devido a escuridão do local o corpo foi levado por uma ambulância ao necrotério próximo do asilo de pobre de Whitechapel localizado na rua Old Montague. Quando o corpo começou a ser analisando constatou-se um terrível corte que se estendia do esterno a região genital. O abdômen havia sido completamente retalhado por diversos cortes, mas nenhum órgão havia sido retirado. O Dr. Llewellyn, que realizou a autopsia relatou a imprensa: “Já vi muitos casos terríveis, mas nada tão brutal quanto isto.” De acordo com Llewellyn o rosto da vitima apresentava marcas semelhantes às ocasionadas por pressão dos dedos, o assassino devia ter um conhecimento superficial de anatomia e provavelmente era canhoto. Não foi encontrado sinais de violência sexual e nenhum vestígio de sêmem. A vitima foi identificada como Mary Ann Nichols, uma prostituta de 43 anos que atendia pelo nome de Polly. Nichols possuía os cabelos grisalhos, olhos castanhos e aparentava ser bem mais jovem que sua idade.
A imprensa imediatamente associou o ocorrido aos assassinatos de duas outras prostitutas nos arredores de Whitechapel: na madrugada de 3 de abril de 1888, Emma Smith, de quarenta e cinco anos, foi estuprada e roubada por jovens no bairro de Spitalfields. Devido a brutalidade dos estupradores a vitima morreria no dia seguinte no Hospital de Londres devido a uma peritonite. Em 7 de agosto, uma prostituta chamada Martha Tabram, foi encontrada morta, por volta das 3h30 nas escadarias de um cortiço da Rua Commercial, com trinta e nove golpes de faca distribuído por seu corpo. Na edição de 1º de setembro do
Star a seguinte nota foi divulgada: “Será que temos um maníaco assassino no leste de Londres? Parece que sim.”
Devido à noticias na imprensa a Scotland Yard nomeou Frederick George Abberline para investigar as mortes. Vários albergues foram revistados e inúmeros moradores do local foram ouvidos, mas ninguém forneceu nenhuma prova acerca do assassino. Mary Ann Nichols havia sido à primeira vitima oficial do mais conhecido serial Killer da história.
COMO DIRIA JACK: “VAMOS POR PARTES!”
Quem teria sido o responsável pelos cinco assassinatos ocorridos entre 30 de agosto e 9 de novembro de 1888 no distrito de Whitechapel, uma região pobre do East End londrino? O mistério permanece indecifrável até os dias atuais intrigando criminalistas e apaixonados por literatura policial. O assassino que ficaria conhecido pelo nome de
Jack, O estripador atuou numa região miserável da Londres vitoriana.
Naquele outono de 1888, cerca de 11 prostitutas foram encontradas assassinadas no East End, sendo que destas 5 foram vitimas do famoso estripador. Os corpos das cinco vitimas oficiais foram encontradas dentro de um limite Maximo de 1,5 quilômetros quadrados. Os assassinatos ocorreram sempre nas primeiras horas da madrugada e nos últimos dias da semana - entre quinta-feira e domingo. As vitimas eram mulheres pobres que ganhavam a vida como prostitutas e, portanto, eram mais vulneráveis considerando-se os locais e o horário em que trabalhavam.
A Revolução Industrial dotou a Inglaterra do mais desenvolvido capitalismo do século XIX. A burguesia floresceu sob o impulso da mecanização produtiva, pautada na maximização da produção em massa e da exploração do trabalho assalariado. Grandes cidades industriais como Manchester e Liverpool emergiram debaixo da densa névoa negra das chaminés das fabricas. O êxodo rural motivado pela miséria no campo, em função da perda de equilíbrio entre a relação agricultura e meio urbano, aumentou a miséria das grandes cidades abarrotadas por desempregados que sonhavam melhorar de vida. Londres era a maior metrópole da Europa e o retrato vivo da miséria urbana.
Londres era praticamente dividida em duas: a região do West End concentrava as regiões residências e comerciais da capital. Suas ruas eram percorridas por homens de negócios com trajes elegantes e usando as famosas cartolas que imortalizaram o estilo burguês do século XIX. Na outra margem do Tamisa a realidade era bem diferente. A região conhecida como East End estava abarrotada de indústrias têxteis, navais, curtumes de peles e matadouros. Centenas de cortiços em péssimas condições estavam espalhadas pela região que abrigava uma população de 900 mil pessoas. Cerca de 55% das crianças nascidas no East End morriam antes de completar cinco anos de idade. A região era habitada por indigentes, mendigos, prostitutas e imigrantes. As ruas eram estreitas, pouco iluminadas, cobertas de imundice e carentes de qualquer serviço sanitário. Os prédios possuíam uma coloração escura, devido a poluição das fabricas, e o chão das ruas era coberto por uma camada negra pegajosa que lembrava a graxa de sapato.
Centenas de
Pubs – os típicos bares londrinos - se estendia pela região, mas a prostituição era a ocupação mais comum. Segundo registros oficiais da época havia cerca de 1200 prostitutas espalhadas pelos 62 bordeis da região do East End. Grande parte da população feminina era obrigada a se prostituir para sobreviver em meio a miséria. O sexo era praticado de pé no meio da rua, em quintais ou becos pouco iluminados, pois dessa forma as mulheres ganhavam mais tempo para novos clientes e não precisavam gastar com o aluguel de quartos. A maioria não tinha endereço fixo e recorria ao típicos albergues imundos da região. O aluguel de um quarto por uma única noite custava cinco
pennies, cada prostituta costumava cobrar 3
pennies (o preço de um pão) por um programa, que em geral não durava mais que alguns minutos. Boa parte das mulheres recorria ao álcool como meio de fuga da realidade deplorável. O gim era consumido com generosidade pelas prostitutas e também por seus clientes, que não maioria dos casos estavam tão bêbados que não conseguiam consumar o “ato”.
O policiamento da cidade de Londres era bastante ineficiente: havia 15 mil policiais para garantir a segurança da maior cidade do mundo na época. Eles percorriam as ruas armados apenas com um cassetete e uma lanterna a gás. Os lampiões eram escassos nos bairros mais pobres, na maioria dos casos havia apenas um por rua. Dados estáticos revelam que havia um único policial para cada dez quilômetros de ruas e para cada 4 mil londrinos.
UM POLICIAL MEDE A LARGURA DE UM DOS BECOS DO WHITCHAPEL
Num comportamento tipicamente Malthusiano a Igreja Anglicana ignorava a região do East End e atribui a proliferação da miséria as esmolas doadas aos pobres. Samuel Barnett, vigário da igreja de São Judas, em Whitechapel, era famoso por suas pregações pouco altruístas: “A solução segundo o reverendo, seria que eles ajudassem a si próprios administrando melhor o seu dinheiro, opinião no mínimo curiosa, em se tratando de pessoas que mal ganhavam o suficiente para comer.” – escreveu Paulo Schmidt, autor da obra “Jack o estripador, a verdadeira historia 120 depois”. Seria nesse deplorável ambiente, fruto do “progresso” urbano, que um dos mais cruéis assassinos em serie, talvez o mais clássico deles, deixaria sua marca na historia do século XIX
SABADO – 8 DE SETEMBRO DE 1888
Anne Chapman, nascida Smith, era filha de um militar. Teve três filhos, provenientes do seu casamento em 1869 com um cocheiro chamado John Chapman. O filho mais novo era paralitico e a filha mais velharia morreu de meningite com apenas doze anos de idade. Em 1874 o casamento chegou ao fim. Uma das filhas ficou com o pai e a filha paralitica foi mandada para uma instituição de caridade. Durante certo período Anne sobreviveu com a pensão de dez xelins recebida de seu marido toda semana, porem em 1886 John Chapman faleceu devido a uma cirrose e Anne teve que se arranjar sozinha.
A prostituição não lhe parecia um caminho muito vantajoso, pois era considerada gorda, tinha apenas 1,52m de altura, nariz grosso, cabelos escuros, lhe faltavam dois dentes e sofria com uma tuberculose em estado avançado. Em maio de 1888, com 45 anos de idade, Annie se mudou para o albergue Crossingham, localizado na Rua Dorset; cuja capacidade era de trezentas pessoas. Ela passou a se prostituir ganhando o apelido de “Dark Annie”. Depois de passar um curto período internada em uma enfermaria para se tratar da tuberculose, Anne retornou ao albergue no dia 8 de setembro.
Por volta das 1h30 da madrugada o zelador do local, chamado Timothy Donavan, encontrou Annie comendo batatas na cozinha e lhe cobrou o aluguel atrasado. Depois de um discussão, Annie pediu para que o leito 29 – na qual tinha costume de alugar – fosse reservado. Ela saiu às ruas prometendo retornar com o valor do aluguel. Poucas horas mais tarde ela seria encontrada morta em um quintal a menos de 300 metros do albergue.
Por volta das 5h30 Annie Chapman foi vista por uma mulher, chamada Elizabeth Long, na Rua Hanbury em frente ao numero 29 conversando com um homem, que aparentava ter mais de 40 anos, cerca de 1,67m de altura e usando um chapéu Deerstalker. Segundo a testemunha o rosto do homem não lhe era familiar e a escuridão da rua a impediu de ver maiores detalhes. Ao passar pelos dois Elizabeth conseguiu escutar apenas um curto fragmento da conversa:
“Você vai?” – perguntou o homem.
“Sim” – respondeu Annie.
Elizabeth Long foi à última pessoa a ver Anne Chapman com vida.
Por volta das seis horas da manhã um carroceiro chamado John Davis, retornando do mercado, entrou em um quintal no número 29 da Rua Hanbury para urinar – uma pratica comum na época. Assim que abril a porta Davis Encontrou uma mulher caída ao lado da cerca de madeira. As pernas estavam abertas, a garganta cortada, a saia estava erguida expondo o abdômen violentamente retalhado. Os intestinos da vitima aviam sido colocados sobre o ombro esquerdo.
A ESQUERDA ENTRADA DO QUINTAL NO NUMERO 29 DA RUA HANBURY, A DIREITA O QUINTAL ONDE ANNE CHAPMAN FOI ENCONTRADA MORTA
O cirurgião Dr. George Bagster Phillips, com 23 anos de experiência como cirurgião a serviço da policia, examinou o corpo por volta das 6h30. A hora do óbito foi calculada por volta das 4h. O frio parece ter esfriado o cadáver mais rapidamente, pois de acordo com o testemunho de Elizabeth Long a vitima ainda estava viva por volta das 5h30 da manhã. Não havia sinais de luta corporal e o assassinato provavelmente foi cometido no mesmo local. Alguns pertences da vitima foram cuidadosamente colocados ao redor dos seus pés pelo assassino e dois anéis de latão parecem ter sido levados. O quintal parecia ser um local muito utilizado pelas prostitutas à noite.
O Dr. George Bagster Phillips alegou em seu relatório que o assassino provavelmente asfixiou a vitima e posteriormente cortou sua garganta. Havia dois cortes ao longo do pescoço – ambos haviam atingido a vértebra – realizados por uma faca muito afiada de 15 a 20 centímetros no mínimo. O relatório do medico dizia:
“O abdômen havia sido totalmente aberto. Os intestinos, amputados de seus ligamentos mesentéricos, foram erguidos para fora do corpo e colocados sobre o ombro do cadáver, ao passo que o útero e seus apêndices, bem como a porção superior da vagina e os dois terços posteriores da bexiga, foram inteiramente removidos da pélvis. Nenhum vestígio dessas partes foi encontrado.”
De acordo com o medico o assassino tinha profundo conhecimento de anatomia, pois “as incisões haviam sido muito precisas, evitando o reto e dividindo a vagina baixo o bastante para evitar dano ao colo do útero.”
A policia imediatamente começou a interrogar os moradores. Um homem chamado Albert Cadosch, carpinteiro, alegou ter se dirigido ao quintal por volta da hora do assassinato para usar a privada externa. Em seu depoimento a policia ele alegou ter ouvido uma voz atrás da cerca de madeira seguida de um som que parecia ser de algo sendo jogado ao chão. A cerca tinha 1,67m de altura e provavelmente Albert Cadosch poderia ter visto o assassinato se ousasse espiar por sobre a cerca, o que lamentavelmente ele não fez.
A morte de Annie Chapman chocou o East End. A população ficou apavorada com as noticias de um assassino a solta. As mulheres começaram a percorrer as ruas armadas com facas e navalhas para se protegerem. A policia estava estagnada a espera de indícios, pois a cena do crime pouco podia fornecer em termos de provas. Impressões digitais ainda não eram utilizadas nas investigações e a análise de laboratório ainda era tão primitiva que o sangue humano ainda não podia ser diferenciado do sangue animal.
No dia 27 de setembro uma carta endereçada a policia chegou a Agencia Central dos Correios. O autor era supostamente o assassino. O conteúdo da carta dizia o seguinte:
25 de setembro de 1888
Cara Chefia
Eu fico ouvindo que a policia me pegou, mas não me prenderam ainda. Dei risada com eles parecendo tão sabidos e dizendo que estavam no caminho certo. Aquela piada sobre o avental de couro me fez gargalhar. Estou na cola das putas e não vou parar de estripá-las ate me prenderem. Belo serviço foi o ultimo, nem dei a mulher dama tempo para gritar. Quero ver me pegarem agora. Adoro meu trabalho e quero começar de novo. Em breve vocês ouviram falar de mim e das minhas travessuras. Guardei um pouco do troço vermelho numa garrafa de cerveja depois do ultimo serviço, para escrever, mas ficou grosso que nem cola e não posso usar. Espero que a tinta vermelha quebre o galho, há-há. No próximo serviço vou cortar as orelhas da mulher-dama e mandar para os policiais só de gozação que tal. Guarde esta carta até eu trabalhar mais um pouco, depois passe adiante. Minha faca e bacana e afiada, quero trabalhar sem parar se tiver chance.
Boa sorte
Atenciosamente
Jack, o Estripador
Inicialmente a policia considerou que a carta era falsa, provavelmente alguém da imprensa querendo alarmar a situação. Somente três dias depois, quando o assassino matasse duas mulheres em uma única noite e de fato cortasse o lobo da orelha de uma delas, a carta foi considerada como potencialmente verdadeira.
O duplo assassinato ocorrido em 30 de setembro cercaria a figura de Jack por uma áurea de misticismo. Alguns passaram a considerá-lo um fantasma, outros mais céticos diziam apenas se tratar de alguém muito astucioso e ágil. De acordo com Paulo Schmidt: “Essa fama de assassino invisível ficou ainda maior quando Jack cometeu seus dois assassinatos seguintes no meio da rua, em menos de uma hora, e desapareceu sem ser visto por viva alma.”
30 DE SETEMBRO DE 1888
Nascida em 1843, Elizabeth Gustafsdotter – conhecida como Liz Stride – era de origem sueca e oriunda de uma família de camponeses. Em 1866 ela havia se mudado para a Inglaterra onde trabalhou como fiandeira e se casou com John Stride, um carpinteiro, com o qual teve nove filhos. Pouco se sabe sobre a vida de Liz Stride do período anterior a 1888. Após a morte do marido ela passou a habitar albergues, onde teria ganhado o apelido de Long Liz, apesar de possuir apenas 1,57m de altura.
No dia 25 de setembro de 1888 ela se mudou para um albergue na Rua Flower and Dean, região do East End. Ela havia terminado um conturbado relacionamento de cerca de 3 anos como Michael Kidney, que de acordo com os registros da policia havia sido acusado pela própria Liz de agressão.
No dia 30 de setembro de 1888, Liz foi vista saindo do pub Bricklayer’s por volta das 23h. Segundo as testemunhas ela estava abraçada com um homem de bigode preto, 1,65m de altura aproximadamente, usando um chapéu-coco e um paletó preto.
Um homem chamado Willian Marshall teria visto Liz em frente ao número 58 da Rua Berner, por volta das 23h45, com um homem usando um casaco preto, calças escuras e um boné. O sujeito não aparentava ser muito velho, era razoavelmente corpulento, tinha aproximadamente 1,67m e parecia ser um funcionário de escritório. Havia apenas um lampião a gás na rua e Willian Marshall não conseguiu enxergar com clareza o seu rosto.
Entre as 00h30 e 00h35 um policial, chamado Willian Smith, viu Liz na rua conversando com um homem a poucos metros do local onde seria encontrada morta. Smith reconheceria o rosto de Liz poucas horas depois no necrotério e também conseguiu descrever o homem que estava em sua companhia:
“Ele tinha na mão uma pacote embrulhado em jornal. O pacote media mais ou menos 45 centímetros de comprimento por 15 ou 20 de largura. (...) Ele media cerca de 1,70m(.. ) usava um chapéu deerstalker de feltro escuro (...) as roupas dele eram escuras. O casaco era um fraque.”
Outras testemunhas alegaram ter visto Liz naquela noite, mas seus depoimentos são pouco confiáveis embora à descrição do sujeito que acompanhava a vitima fosse compatível com os outros.
Era por volta de 1h da manhã quando Louis Diemschutz, um comerciante de bijuterias russo, chegou ao numero 42 da Rua Berner – ele morava no número 40, mas utilizava o estreito pátio do numero 42 para descarregar a carroça que transportava sua mercadoria. O portão estava aberto, mas não havia aparentemente nada de anormal no local. Quando tentou entrar no pátio o pônei de Diemschutz empacou na porta de forma incomum. Como estava muito escuro o homem não conseguiu entender o comportamento do animal. Ao descer da carroça e acender um fósforo ele se deparou com uma mulher deitada, mas não conseguiu ver se estava morta ou bêbada.
Ele imediatamente foi ao Clube de Trabalhadores ao lado do pátio e pediu ajuda. Algumas pessoas chegaram trazendo velas para iluminar o local e constataram que a mulher estava deitada em uma poça de sangue com a garganta cortada, as roupas sujas de lama e molhadas pela chuva. O corpo ainda estava quente. Diemschutz provavelmente interrompeu o assassino ao chegar ao pátio e por pouco não testemunhou o ato. A vitima não apresentava sinais de luta corporal e seu abdômen não havia sido aberto – mais um indício de que o assassino teria sido interrompido durante o assassinato.
ENTRADA DO PATIO NA RUA BERNER (Dutfield's yard)
A policial chegou rapidamente ao local e selou o pátio, o que aumentou ainda mais o numero de curiosos. O Dr. Blackwell examinou a vitima, cujo corpo foi levado para o necrotério da alameda Golden. Na mão esquerda da mulher havia uma caixa de pastilhas para o hálito. A autopsia revelou um corte no pescoço semelhante ao das outras duas vitimas. No seu estomago não havia sinais de que ela havia comido uva o que desacreditou o testemunho de Matthew Packer- um vendedor de frutas que alegou ter visto Liz naquela noite com um homem que teria comprado uva em sua barraca para os dois.
O local do assassinato estava abarrotado de policiais tentando entender o crime. Todos os presentes no Clube Trabalhista fora revistados assim como todas as casas da Rua Berner. A investigação ainda prosseguia quando por volta da 1h45 da manhã chegaram noticias de que uma segunda mulher havia acabado de ser encontrada morta na Praça Mitre, cerca de 1,5 quilometro do local de onde Liz havia sido morta.
A Praça Mitre ficava na área pertencente à chamada City, uma região de apenas 1,6 quilômetros quadrados, com serviços municipais e policiamento próprio. A policia da pequena City era mais preparada que a Policia Metropolitana sendo a região, teoricamente, mais segura. Mesmo assim o local não escapou da atuação do assassino. O corpo foi encontrado por um policial chamado Edward Watkins. Em seu depoimento esta registrado:
“Passei pelo local a 1h30, mas nada havia naquele canto então. Passei lá de novo a 1h45, e, entrando na Praça Mitre do lado direito vi o corpo diante de mim. As roupas estava arregaçadas até o peito, e o abdome todo descoberto, com um talho medonho que se estendia da pélvis até o peito. Ao examinar o corpo encontrei as entranhas decepadas e colocadas ao redor da garganta, a qual ostentava um horrendo talho, que ia de orelha a orelha. Na verdade a cabeça estava quase separada do corpo. Havia sangue por toda a parte. (...) não sei dizer se uma orelha foi cortada fora. O assassino enfiou a faca bem abaixo do olho esquerdo, e arrastando-a ate abaixo do nariz completamente para fora do rosto (...) O nariz foi colocado sobre a bochecha. (...) por pouco não desmaiei.”
Aterrorizado, Watkins correu até o outro lado da praça e entrou no armazém Kearley e Tonge, onde pediu ajuda do vigia George Morris, um ex-policial:
- Pelo amor de Deus, homem – disse Watkins – venha me ajudar.
- O que aconteceu? – perguntou Morris
- Mais uma mulher foi cortada em pedaços!
Watkins permaneceu junto ao cadáver enquanto Morris avisou a Policia Municipal. Rapidamente uma multidão de policiais apareceu. As 2h o Dr. George Willian Sequeira, o medico da região, chegou ao local do crime. Segundo Sequeira a morte havia acontecido a não mais que 15 minutos. O cirurgião Dr. Frederick Gordon Brown chegou por volta das 2h18. Ao ver o corpo ele também estipulou à hora da morte há ultima meia hora.
LOCAL ONDE KATE EDDOWES FOI ENCONTRADA
A brutalidade dos ferimentos impressionou a todos. A mulher havia sido estripada ao longo de todo o abdômen e os intestinos colocados ao lado do ombro direito. Parte do lóbulo da orelha direita da vitima fora cortado – o que fez a carta enviada dias antes passar de improvável para relevante. O corpo foi levado para o necrotério da alameda Golden, o mesmo para onde havia sido levado o corpo de Liz Stride. O local onde a vitima foi encontrada - muito utilizada pelas prostitutas - bem como suas roupas indicavam a natureza do seu oficio, mas sua identidade ainda era um mistério. Segundo os médicos a vitima foi primeiramente estrangulada sendo em seguida deitada ao chão onde teve sua garganta cortada entes de ser eviscerada. A autópsia revelou que a causa da morte fora devido à perda de sangue pelo rompimento da artéria carótida. O útero e o rim esquerdo foram removidos e levados pelo assassino. Os sinais do estado avançado de doença de Bright foram constatados no rim direito da vitima. Nenhum vestígio de sêmem foi encontrado. O Dr. Phillips foi o único dos médicos presentes na autópsia a sustentar a opinião de que o assassino parecia não ter nenhum conhecimento de anatomia devido a natureza dos ferimentos.
Na Praça Mitre as investigações prosseguiam. Ninguém, nem mesmo um segundo policial que estava de serviço nas imediações da praça escutaram um único ruído, embora as ruas estivessem imersas em um silencio sepulcral. Pelo menos quatro policiais estavam nos arredores da praça no exato momento do assassinato e nenhum deles viu ou ouviu sequer um ruído.
Um pedaço do avental da roupa da morta havia sido levado pelo assassino e cerca de 1h depois do crime o pedaço de pano ensangüentado foi encontrado por um policial na porta de uma casa da Rua Goulston – a menos de dez minutos a pé da Praça Mitre. O trapo estava em frente ao número 108-119, ao lado de uma parede com uma inscrição rabiscada em giz que dizia:
“The Juwes are the men that will not be blamed for nothing.”
A policia temendo que o assassino fosse associado a um judeu apagou a inscrição antes que a mesma fosse fotografada. Somente dois dias depois um homem chamado John Kelly se apresentou a delegacia da Rua Bishopsgate dizendo saber à identidade da mulher encontrada na Praça Mitre. Ao ler nos jornais a descrição dos pertences encontrados junto ao corpo ele reconheceu sua companheira. O nome da vitima era Kate Eddowes, uma prostituta de 46 anos de idade que havia se mudado para Londres em 1880. Kate era morena, tinha 1,52m, magra e aparentava ser mais nova que sua idade. Kate havia sido presa no mesmo dia de sua morte: por volta das 20h30 ela foi encontrada bêbada provocando um escândalo na Rua Aldgate High. Dois policiais a conduziram até a delegacia da Rua Bishopsgate onde adormeceu dentro de uma cela. Por volta das 1h da manhã ela foi liberada, pois o efeito do álcool aparentemente havia passado. O guarda chamado George Hutt que estava na delegacia alegou mais tarde que ao liberar Kate ela teria lhe perguntado:
- Que horas são?
- Tarde demais para você conseguir algo para beber – respondeu Hutt
Kate saiu da delegacia e seguiu em direção a Rua Aldgate High. Joseph Lawend e mais dois amigos alegaram ter visto Kate a 1h35 na Rua Duke, a oito minutos da Praça Mitre, conversando com um homem que aparentava ter trinta anos, 1,70m de altura, pele clara e com um lenço vermelho ao redor do pescoço. Ninguém parece ter visto Kate Eddowes viva depois dessa hora.
JORNAIS E REVISTAS DO PERIODO ANUNCIAM OS CRIMES DO ESTRIPADOR
O duplo assassinato espalhou o pânico. As noticias dos crimes ocuparam as manchetes de todo o mundo. Os moradores de Whitchapel foram tomados de um pavor cuja paranóia foi o sentimento mais lógico. Algumas pessoas chegaram a cometer suicídio. Setenta e seis açougueiros foram interrogados pela policia. Estrangeiros e trabalhadores das fabricas também foram interrogados. 1600 pastas de papeis foram reunidas, entre testemunhos e relatórios. Era a primeira vez que a policia de Londres se deparava com tamanha tarefa. Oitenta mil cartões foram distribuídos pela Scotland Yard com a mensagem:
AVISO DA POLICIA
AO MORADOR
Nas manhãs de sexta-feira, 31 de agosto, sábado, dia 8, e domingo, dia 30 de setembro de 1888, mulheres foram assassinadas em ou perto de Whitechapel, supostamente por alguém residente na vizinhança. Caso conheça alguma pessoa passível de suspeita, V.sa está encarecidamente solicitada a contatar de imediato a delegacia de policia mais próxima.
POLICIA METROPOLITANA, 30 de setembro de 1888
Uma chuva de cartas foram encaminhadas a policia, mas no dia 16 de outubro o Presidente do Comitê de Vigilância de Whitechapel, chamado George Lusk, recebeu um pacote cujo remetente dizia “From Hell” – “Do Inferno”. Dentro da pequena caixa havia a metade de um rim humano – que acreditou ser de Kate Eddowes por apresentar os mesmos sinais avançados da doença de Brigth. Médicos analisaram o órgão e constataram ser de fato um rim humano conservado no álcool. Junto um bilhete, supostamente escrito pelo assassino, dizia que a outra metade do rim havia sido “fritado e comido”. A caligrafia da carta sugeria alguém com pouca familiaridade com as letras e provavelmente alcoólatra.
Os crimes agitaram toda a cidade de Londres. Pela primeira vez em sua historia a Scotland Yard começou a adotar métodos de investigação que se tornariam comum nos séculos seguintes. Foi a primeira vez que corpos foram fotografados com objetivos forenses (devido ao tipo de câmera desajeitada da época os corpos nos necrotérios tiveram de ser presos numa parede e fotografados de pé). Na foto do corpo de Kate Eddowes essa pratica está bastante evidente. Foi a primeira vez que a policia percorreu casas interrogando pessoas e pela primeira vez a imprensa teve papel relevante na investigação de um crime. Apesar das mortes brutais dos dias anteriores o pior ainda estava por vir.
9 DE NOVEMBRO DE 1888 (SEXTA-FEIRA)
Mary Jane Kelly era uma irlandesa que havia se mudado para Londres em 1884. Tinha um corpo robusto, 1,70m, olhos azuis e um cabelo Cor de gengibre que se estendia até a cintura. Em 1888 ela tinha apenas 25 anos e ficaria conhecida por ser a vitima do mais terrível crime do século XIX.
Uma mulher chamada Mary Ann Cox, vizinha de Mary Jane Kelly e também prostituta, alegou ter visto a mesma por volta das 23h45 na Rua Dorset ao lado de um homem, que aparentava ter 36 anos, corpulento e por volta de 1,65m. O homem usava um longo sobretudo escuro e um chapéu-coco. Cox passou em frente aos dois e deu boa noite a Kelly que retribuiu dizendo:
- “Boa noite, vou cantar uma canção.”
Logo em seguida entrou no quarto com o homem. Cox alegou ter escutado Mary Jane cantar uma musica irlandesa chamada “A Violet from Mother’s” até por volta da 1h da manha. Naquela hora Mary Ann Cox, que havia saído para o beco Miller meia hora antes, retornou para casa pois havia começado a chover. Ela alegou ter visto uma luz acessa no quarto de Kelly. As 2h da manhã um homem chamado George Hutchinson alegou ter visto Mary Jane Kelly na Rua Commercial. Segundo Hutchinson a mulher teria lhe pedido dinheiro emprestado, mas como sua resposta foi negativa ela simplesmente disse:
- “Tenha um bom dia. Preciso conseguir algum dinheiro.”
Ela seguiu na direção da Rua Thrawl quando foi abordado por um homem, que segurava um pacote de cerca de 20 centímetros na mão direita, usava luvas marrons e um chapéu escuro. Só havia um lampião na rua e Hutchinson não conseguiu ver direito o rosto do homem, que abaixou a cabeça quando ambos passaram na sua frente. Os dois seguiram até o beco Miller onde ficaram conversando por cerca de três minutos. Hutchinson seguiu o casal e conseguiu escutar Mary Jane Kelly dizer:
- “Está bem querido, venha; você ficará confortável.”
Logo em seguida eles entraram no quarto numero 13. Hutchinson esperou por cerca de 45 minutos na entrada do beco Miller, como Mary Jane não retornou e não havia luz na janela do quarto ele se retirou as 3h da manha, no exato momento em que as badaladas do relógio local anunciavam a hora; ele seria a última pessoa a ver Mary Jane com vida.
As 7h30 da manhã, Catherine Pickell, uma florista que morava na Rua Dorset, foi ao quarto de Mary Jane pedir um xale emprestado. Segundo seu relato ela bateu a porta, mas ninguém atendeu. As 10h45 o dono do beco Miller, chamado John Carthy, mandou um empregado cobrar os dois meses de aluguel atrasado de Mary Jane. O empregado chamado Thomas Bowyer bateu a porta do numero 13, mas também não obteve resposta. Ele notou um pequeno buraco no vidro da janela tapado com um pedaço de pano; quando removeu o trapo viu no interior do quarto um cadáver completamente retalhado sobre a cama e dois pedaços de carne sobre o criado-mudo.
NUMERO 13 DO BECO MILLER - RESIDENCIA DE MARY JANE KELLY
As 11h30 a policia já havia chegado ao beco Miller. O inspetor Abberline não permitiu que ninguém entrasse no local até que os cães farejadores fossem trazidos. Somente as 13h30, depois de chegar a noticia de que os cães não seriam enviados, a porta do quarto foi finalmente aberta. Imediatamente um odor terrível tomou conta do beco e vários policiais começara a vomitar. “O que vi diante de mim é algo que nunca conseguirei apagar da minha memória. Parecia mais a obra de um diabo do que de um homem. (...) nunca esperei ter uma visão como aquela.” – Declarou um dos policiais que abriu a porta.
O corpo de uma mulher usando camisola estava sobre a cama encharcada de sangue. Vários pedaços de carne estavam espalhado pelo recinto. O relatório da policia deixa bem claro o nível de horror da cena do crime:
“Toda a superfície do abdome e das coxas foi removida, e a cavidade abdominal esvaziada de suas vísceras. Os seios foram amputados, os braços mutilados por muitos ferimentos, e a face retalhada alem de qualquer reconhecimento das feições. Os tecidos do pescoço estavam secionados em toda a extensão até o osso. As vísceras foram encontradas em diversos lugares; o útero, os rins e um seio debaixo da cabeça, o outro seio ao lado do pé direito, o fígado entre os pés, os intestinos à direita do corpo, e o baço à esquerda. Os pedaços removidos do abdome e das coxas estavam sobre uma mesa. A roupa de cama estava saturada de sangue, e sobre o chão abaixo da cama havia uma poça de sangue com quase dois metros quadrados. A parede do lado direito da cama, na altura do pescoço, estava manchada de sangue, que havia atingido em diversos jatos separados.”
O quarto era pequeno e pouco mobiliado. A autópsia realizada ainda pela manhã foi dificultada pela rigidez cadavérica já acentuada do corpo. O exame encontrou restou de alimento não digerido no estomago e foi notada a ausência do coração na cavidade pericárdica – provavelmente o órgão foi levado pelo assassino. Devido aos vestígios de refeição não digerida no estomago e da rigidez cadavérica a hora da morte foi determinada por volta das 2h da manha- segundo o Dr.Bond. O Dr. Phillips calculou a hora da morte por volta das 6h da manha, alegando que devido ao estado do corpo e da imensa perda de sangue o mesmo poderia ter se resfriado mais rapidamente. Os ferimentos no cadáver parecem ter sido causados pela mesma arma dos crimes anteriores: uma faca afiada com 2,5 centímetros de largura e 15cm de comprimento. Nenhuma pista do assassino foi encontrada, apesar dos esforços da policia que chegou a oferecer indultos a cúmplices do assassino que o denunciassem. O inquérito sobre a morte de Mary Kelly foi encerrado em 12 de novembro. No dia 19 seu corpo foi sepultado no cemitério de Leytonstone.
Mary Jane Kelly havia sido a última vitima do misterioso assassino de Whitchapel. O outono do terror havia chegado ao fim e a lenda “Jack o estripador” nascia como um dos casos mais intrigantes da literatura policial.
MAPA MOSTRANDO O LOCAL ONDE AS VITIMAS FORAM ENCONTRADAS
Depois do terrível assassinato de Mary Jane Kelly os assassinatos se interromperam misteriosamente. Todos os cinco casos foram arquivados devido a falta de provas. No final da pagina do relatório final de cada uma das vitimas está escrito: “Assassinato premeditado cometido por pessoa ou pessoas desconhecidas”. Centenas de suspeitos, entre os quais estava Arthur Conan Doyle (autor de Sherlock Holmes), o príncipe Alberto Vitor (neto da rainha Vitoria) e Lewis Carroll (o celebre autor de Alice no pais das maravilhas). Milhares de teorias envolvendo a Família Real britânica surgiram. Uma delas sugeria que o próprio príncipe Alberto cometera os crimes por vingança depois de contrair sífilis de uma prostituta. Alberto possuía apenas 23 anos de idade da época, sendo incompatível com a descrição das testemunhas, e existem registros que comprovam que o mesmo não estava em Londres na época dos crimes.
O pintor Walter Sickert esteve em destaque depois da publicação da obra
“Retrato de um assassino: Jack o estripador caso encerrado” da americana Patricia Cornwell. Cornwell gastou uma fortuna com testes forenses tentando provar a identidade do assassino. Graças à saliva encontrada em uma das cartas do pintor ela conseguiu realizar um teste com DNA mitocondrial – que ao contrario do DNA nuclear é transmitido apenas pela mãe não sendo, portanto exclusivo.
“Não há como saber a quem pertence o DNA encontrado nas amostras que Cornwell examinou. O DNA mitocondrial difere do nuclear por ser transmitido apenas pela mãe, e por ser muito menos especifico, pois, ao contrario do nuclear, não e exclusivo da pessoa. Quando duas sequência de DNA mitocondrial combinam, não quer dizer que pertencem ao mesmo individuo, e sim a uma porcentagem da população. Neste caso, a porcentagem seria de 1%, o que significa que, numa Inglaterra vitoriana de aproximadamente quarenta milhões de habitantes, pelo menos 400 mil pessoas podem ter doado aquele DNA.” – Escreveu Paulo Schmidt.
PROVÁVEL ARMA DO CRIME: O BISTURI LISTON, MUITO UTILIZADO NA ÉPOCA EM CIRURGIAS
Em 25 de outubro de 1888 Robert Anderson, subcomissário da policia, escreveu uma carta ao Dr. Thomas Bond pedindo seu parecer sobre os assassinatos. Bond, que participou da autopsia das vitimas determinou que todos os assassinatos haviam sido cometidos pelo mesma pessoa. Nos quatro primeiros casos a garganta das vitimas foi cortada da esquerda para a direita e no caso da vitima do beco Miller a extensão das mutilações impediu qualquer analise confiável sobre a direção dos cortes. Bond afirmou que na sua opinião os crimes foram cometidos por alguém sem nenhum conhecimento de anatomia, provavelmente o assassino era um açougueiro ou alguém acostumado a manusear animais mortos. A arma do crime foi definida como uma faca forte com pelo menos 15 centímetros de comprimento, muito afiada e certamente era uma faca reta.
Em 1894 o chamado
“Memorando Macnaghten” determinou que as vitimas do assassino haviam sido apenas cinco, apesar de todos os outros casos envolvendo mortes com mutilação no período.
Ao longo dos séculos mais de 200 nomes surgiram como sendo a identidade do assassino de Whitchapell, mas nenhuma prova conclusiva foi apresentada até o momento. Talvez o mais intrigante no caso de Jack, O estripador seja o fato de nunca ter sido pego. A impunidade, no seu caso, alimentou sua lenda e consagrou sua historia na literatura criminal.
AUTOR: TIAGO RODRIGUES CARVALHO
PARA SABER MAIS
RETRATO DE UM ASSASSINO
Autor: CORNWELL, PATRICIA
Editora: COMPANHIA DAS LETRAS
Idioma: PORTUGUÊS
Ano: 2003
OS CRIMES DE JACK, O ESTRIPADOR
Autor: ROLAND, PAUL
Editora: MADRAS
JACK, O ESTRIPADOR
Autor: SCHMIDT, PAULO
Editora: GERAÇAO EDITORIAL
Idioma: PORTUGUÊS
Ano: 2008
Pagina mais completa sobre o assunto na internet(em ingles):http://www.casebook.org/intro.html
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