segunda-feira, 8 de julho de 2013

A QUEDA DA BASTILHA: 14 DE JULHO 1789


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No dia 13 de junho, segunda feira, os sinos das igrejas tocaram por volta das 10 horas da manhã chamando o povo para se reunir. A aglomeração começou a se formar na Praça de Grève e pouco depois iniciou o desfile pelas ruas da cidade. Até aquele momento a manifestação, com seus costumeiros bustos de ícones do momento, não mostrava sinais de um eminente desfecho violento. No entanto, quando a multidão chegou a Praça Vendôme teve início à confusão: um destacamento da cavalaria de dragões do Royal-Allemand, comandados pelo príncipe Lambesc, estava reunido na praça e recebeu ordens para dispersar a multidão. Os cavaleiros usando sabres empurraram violentamente os manifestantes para fora da praça que em desespero buscaram refugio nos jardins das Tulherias. A multidão se apoderou de vários blocos de cimento que estavam empilhados nas proximidades dos jardins, destinados a construção de uma ponte sobre o Sena, e com estes revidaram a pedradas a carga de cavalaria de Lambesc. Outros buscaram refugio nos terraços do jardim de onde passaram a atacar os soldados a cavalo com pedaços das estatuas que haviam quebrado.
ATAQUE DA CAVALARIA DOS ROYAL-ALLEMAND
Na confusão uma pessoa morreu e varias ficaram feridas. O pânico de uma ofensiva real se espalhou pelos bairros de Paris, pois a ação desastrada de Lambesc reforçou a crença de que o monarca estava disposto a recorrer à força para sufocar as manifestações contrarias a sua altoridade. Mas se a ação dos regimentos estrangeiros teve conseqüências desastrosas a falta de ação e a retirada dos soldados do centro da cidade nas horas posteriores teve implicações ainda mais graves. Ao entardecer, e ao longo de toda a noite, Paris se viu tomada pela agitaçao popular. Assaltos, pilhagens e depredações se espalharam rapidamente pelas ruas. A maior parte da multidão estava à procura de armas. Ao anoitecer várias prisões foram invadidas e alguns detidos foram postos em liberdade. Alguns guardas que faziam a segurança das prisões simplismente entregavam suas armas para os revoltosos, outros eram forçados a fazer o mesmo. Os que aderiam à revolta eram aclamados pela multidão como verdadeiros patriotas.
PILHAGEM DO MOSTEIRO SAINT-LAZARE
Os estoques de farinha do mosteiro Saint-Lazare atraíram boa parte da multidão faminta que carregou tudo que poderia servir como alimento do local. Queijos, óleos, farinha, grãos, vinho, enfim todo tipo de alimento encontrado em suas dependências foi pilhado. Ao longo da madrugada vários locais onde se acreditava conter armas foram arrombados. Mosquetes, canhões, lanças, espadas e até facas de cozinha foram distribuídos pelos saqueadores. No Hôtel-de-Ville alguns poucos mosquetes também foram encontrados. Trinta e cinco barris de pólvora foram encontrados em um barco ancorado no Port Saint-Nicolas. Bailly, que futuramente seria eleito o prefeito de Paris, alertou para o risco de que aquela confusão se convertece em pilhagens, o que já estava acontecendo. A anarquia que tomou conta das ruas naquela noite levou o conselho da cidade a tomar medidas para restabelecer sua altoridade. A reunião aconteceu no Hôtel-de-Ville onde se decidiu pela criação de milícia com 48 mil homens encarregados de restabelecer a ordem. Muito se têm questionado sobre os reis motivos da criação de tal milícia. Um argumento persistente e o de que sua criação teria origem no medo de uma possível ofensiva real, medo este agravado pelas ações desastrosas dos regimentos estrangeiros. Esse pensamente certamente foi o motivador para a violência popular, mas não foi determinante para a decisão de criar uma milícia civil destinada a controlar o caos das ruas e não uma ilusória ofensiva real. De acordo com testemunhas as pessoas estavam tão exaltadas naquela noite que alguns presos foram retirados de suas celas e enforcados nas ruas. Até mesmo a natureza parecia contribuir para o aumento do caos, pois naquele mesmo dia uma violenta chuva de granizo atingiu a cidade de Gallardon, a 70 quilômetros de Paris. Em menos de 3 minutos toda a plantação de Trigo e os vinhedos foram completamente arrasados. Uma ofensiva das forças reais disponíveis contra os manifestantes de Paris certamente teria culminado num massacre pelas ruas da cidade e reduzido o ímpeto inflamado das massas, porem, uma ação tão sangrenta não passava pela mente do rei Luís XVI, embora a crença parisiense tivesse esse massacre como algo iminente. Na tentativa de controlar os manifestantes a ação dos cavaleiros de Lambesc conseguiu exatamente o contrario: a fúria tornou-se incontrolável, pelo menos aos métodos desejados pelo rei, e o dia seguinte, 14 de julho de 1789, uma terça feira, estava destinado a ter seu lugar de destaque na história da França.
O celebre 14 de julho amanheceu sob os ecos da agitação da noite anterior. Os temores de um massacre realizado pelos soldados da monarquia levou os parisienses e buscarem armas para resistir. Uma febre tomou conta da população que começou a buscar armas em todos os possíveis locais onde elas estariam armazenadas. Uma multidão de aproximadamente 8 mil pessoas se dirigiu ao Hôtel des Invalides com o intuito de que ali conseguiriam armas. O Hôtel des Invalides foi construído pelo rei Luís XIV, destinado a abrigar os inválidos de guerra. A magnífica construção é sem duvida um dos mais belos palácios de Paris, porem a multidão não estava interessada na sua riqueza arquitetônica; havia em seu interior algo ainda mais valioso para aquele momento: cerca de 28 mil mosquetes guardados em seus porões além de vários canhões. A massa que se dirigiu ao Hotel dês Invalides era constituída por pessoas dos mais diversos ramos profissionais e provenientes dos bairos mais miseráveis de Paris. Estavam armados de marretas, foices, lanças e algumas armas de fogo. Testemunhas descreveram o estado deplorável de alguns manifestantes “que estavam quase nus”. Ao chegar aos arredores dos Invalides a multidão já havia atingido o numero de 50 mil pessoas. Era possível ver no meio da aglomeração uma enorme lança com a cabeça do presidente da assembléia dos eleitores parisienses, chamado Flesselles, espetada na sua ponta. Horas antes Flesselles havia dito a multidão à procura de armas para que procurassem edifício do Arsenal, no Convento Chartreux e no Hospital da seção Quinze-Vingts. Como nenhuma arma foi encontrada nestes locais, Flesselles foi acusado de tentar enganar o povo. Ele foi arrastado para fora e morto com um tiro na nuca. Logo em seguida teve sua cabeça cortada e conduzida pelas ruas na ponta de uma lança.
A multidão reunida nos Invalidos insistiu para que o governador do local, chamado Sombreuil, entregase as armas que estavam guardadas em seu interior obtendo uma negativa por parte do governador. Após arrombar os portões do palácio a multidão invadiu e se apoderou de quarenta mil mosquetes e doze canhões. Um homem chamado Jean Dusaulx relatou que os mosquetes estavam escondidos em um porão, sobre montes de palha seca supostamente colocada ali para serem incendiadas caso a multidão tentasse se apoderar de seu arsenal. Enquanto a multidão se aposava do armamento dos Invalides, o barão de Besenval, comandante dos regimentos suíços posicionados no Campo de Marte (Champ-de-Mars), decidiu não usar seus soldados contra os manifestantes a poucos metros do local. Nunca saberemos se uma ação das tropas de Besenval poderia ter mudado os rumos que aquele dia estava prestes a tomar e que ficaria imortalizado na história. É fato que suas tropas eram suficientes para controlar a multidão, porem, as conseqüências desta “tentativa de controle” poderiam ser piores do que as do dia anterior.
A decisão de Besenval de não agir era desconhecida pelo povo que acreditava exatamente no inverso. Rapidamente começaram os boatos de que tropas reais se movimentavam pelas ruas de Paris com o objetivo de subjugar os revoltosos. As tropas posicionadas no Campo de Marte eram alvo de preocupação particular, em função de sua posição e da sua capacidade ofensiva; e conforme já foi dito um ataque por parte destas forças teria certamente massacrado os manifestantes que haviam conseguido um numero impressionante de armas dentro do Hôtel des Invalides, porem, não havia pólvora para carregá-las. O povo estava agora armado de lanças, mosquetes e canhões. Só faltava a pólvora, e as pessoas sabiam onde encontrá-la: na fortaleza prisão da Bastilha. A Bastilha era uma imensa prisão medieval em formato retangular com oito torres. Localizava-se no número 232 do Faubourg Saint-Antoine, um dos bairros mais pobres e miseráveis de Paris. Suas paredes possuíam um metro e meio de espessura e a torre mais alta elevava-se a 220 metros do chão. Apesar de ser incrivelmente alta a maioria das pinturas do período mostraram uma fortaleza mais alto do que de fato era. (Cidadão – Simon Schama) Cercada por um imenso fosso a prisão contava com um armamento defensivo bastante expressivo: 15 canhões ficavam posicionados no alto das torres, mais 3 ficavam no pátio interno e outros 12 ficavam nos bastiões das torres. 32 guardas suíços e 82 outros Gardes Françaises estavam encarregados de defender a fortaleza.
A Bastilha era a mais famosa prisão da França onde o rei podia encarcerar qualquer pessoa pelo tempo que ele estipulasse e sem um motivo aparente atravez das “Lettre de Cachet”. Inicialmente havia sido construída apenas como um portão de entrada para o Faubourg Saint-Antoine sendo posteriormente melhorada para servir como fortaleza na defesa da capital. Anos depois ela começou a ser usada como prisão. Luís XIII foi o primeiro a enviar prisioneiros para lá e Luís XVI estava fadado a ser o último.
PRISÃO DA BASTILHA
No imaginário popular a prisão era vista como local de torturas com celas semelhantes aos calabouços medievais em que os detidos ficavam até morrerem de fome. Essa imensa prisão representava para o povo o símbolo da tirania e da opressão. As piores celas da Bastilha eram as “Cachots” das masmorras subterrâneas, que já não eram mais usadas no reinado de Luís XVI. As celas das torres apesar de serem bastante úmidas no inverno e sufocantes no verão não compartilhavam da “realidade” vendida pela crença popular. A maioria das celas eram razoavelmente espaçosas, possuíam camas com cortinas, estufa e, em alguns casos, moveis como mesas e cadeiras. Alguns prisioneiros podiam levar seus animais de estimação para as celas assim como pertences domésticos. O marquês de Sade, um dos mais celebres prisioneiros a passar um período na Bastilha, levou 133 livros de sua biblioteca particular para o cárcere assim como guarda roupas com várias camisas, calças e perfumes. Os presos tinham livre acesso aos pátios, podiam receber visitas e eram bem alimentados. A Bastilha era o que se podia chamar de “prisão de luxo”.
No dia anterior, 13 de julho, por volta da meia noite sete tiros foram disparados do solo contra os guardas no alto das torres alarmando ainda mais a guarnição que acompanhava as manifestações violentas do alto da fortaleza. O governador da Bastilha, Jourdan De Launay, temendo as consequências das revoltas que haviam tomado conta das ruas havia ordenado que todo o estoque de pólvora da Bastilha fosse transferido do edifício do Petit Arsenal, bem ao lado, para o interior da fortaleza juntamente com alguns canhões.
Ao amanhecer de 14 de julho de 1789 o povo que se dirigiu a Bastilha queria pólvora para armar os canhões e mosquetes conseguidos nos Invalides. Inicialmente a idéia não era tomar a prisão, mas apenas se apoderar do seu estoque de pólvora. Por volta das 10h da manhã dois delegados do Hôtel-de-Ville entraram na prisão solicitando uma audiência com o governador. De Launay os convidou para o almoço enquanto a multidão continuava agitada do lado de fora a espera de uma solução pacifica. Um terceiro delegado, chamado Thuriot de La Rozière, entrou na fortaleza levando uma solicitação do povo para que o governador entregasse as armas, a pólvora e abrisse as portas da prisão. De Launay se esquivou da solicitação alegando não poder fazer nada sem ordens de Versalhes.
Por volta da 1h da tarde à multidão avançou contra a primeira ponte levadiça. Do alto das torres De Launay viu a massa que se aproximava pelo Faubourg Saint-Antoine. Um homem havia subido no telhado de uma loja de perfumes junto aos muros do pátio externo e arrebentado as correntes da primeira ponte que desabou matando um homem em meio à multidão. Curiosamente a primeira vitima fatal do ataque a Bastilha foi decorrente das ações dos próprios invasores. Os guardas suíços gritaram das torres que iriam abrir fogo. Mesmo assim a multidão armada avançou e entrou no pátio administrativo da prisão. Neste momente os primeiros tiros foram disparados. Buscando novas formas de negociação Thuriot havia retornado ao Hôtel-de-Ville de onde, por volta de uma e meia da tarde, escutou uma forte detonação seguida por vários tiros. Imediatamente ele compreendeu o que aquilo significava: a paciência do povo havia chegado ao limite e a Bastilha estava sendo atacada.
Do alto das torres os guardas dispararam sobre os invasores. O barulho dos tiros se espalhou pelos bairros próximos. Debaixo de tiros de mosquetes e dos canhões os invasores incendiaram duas carroças de palha na esperança de que a fumaça encobrisse o ataque à ponte principal que dava acesso ao interior da fortaleza. O ódio do povo pelo governador De Launay aumentou com os boatos de que havia deixado o povo entrar no pátio administrativo apenas para fuzilá-los melhor. O cervejeiro local chamado Santerre propôs lançar uma mistura de óleo de cravo e alfazema sobre os muros da fortaleza e atear fogo. As 3h30 um punhado de soldados seguidos por cerca de 400 civis armados com mosquetes e canhões chegaram para reforçar o ataque a Bastilha. Os canhões abriram fogo sem sucesso contra as espessas muralhas da prisão e contra a ponte principal. De Launay ameaçou explodir o estoque de pólvora e chegou a detonar alguns barris no pátio interno. As 5h da tarde os guardas suíços já davam sinais de cansaço e queriam se render. De Launay não teve outra escolha: bandeiras brancas em sinal de rendição foram hasteadas nas torres pelos guardas.
LIBERTAÇÃO DE UM DOS PRISIONEIROS
As pontes foram baixadas e as portas da Bastilha abertas para a multidão que imediatamente invadiu o local libertando os únicos sete prisioneiros no seu interior: quatro falsários (Bechade, La Correze, Pujade, Laroche), dois loucos (Tavernier e White), e um filho de família rica (conde de Solages). De acordo com alguns relatos um dos prisioneiros tinha a barba na altura da cintura e ainda acreditava ser Luís XV o rei da França. Boa parte dos moveis foram pilhados e centenas de documentos foram destruídos no pátio interno em meio a confusão. Aqueles que queriam se render acreditando que dessa forma a violência teria fim não imaginava os eventos que se seguiriam após terem baixado suas armas. Ao entrar na fortaleza a multidão não tinha mais suas muralhas como obstáculo; sua fúria seria agora dirigida contra os guardas do local. O soldado que abriu as portas da prisão, chamado Béquard, teve sua mão decepada ainda com a chave presa em seus dedos. O troféu macabro foi levado com jubilo pelas ruas. Grande parte da guarnição foi arrastada e espancada pelas ruas. Um dos guardas foi morto na Rue dês Tournelles. Uma mulher teria sido vista no meio da confusão implorando por uma faca depois de reconhecer seu marido entre os mortos. Outros foram enforcados em postes perto da prefeitura.
MULTIDÃO NA PRAÇA DE GRÈVE COM A CABEÇA DO DE LAUNAY
De Launay foi arrastado pelas ruas por uma multidão furiosa que o espancou durante todo o trajeto: seus cabelos foram arrancados, suas roupas feitas em pedaços e foi ferido por vários golpes de espada. No meio da agonia o próprio De Launay implorou para que a multidão o matasse pondo fim ao seu sofrimento. Ele foi atingido por vários golpes de baioneta e facadas pelo corpo. Um açougueiro chamado Desnot se aproximou do corpo já sem vida de De Launay, e usando uma pequena faca, arrancou sua cabeça que foi espetada na ponta de uma lança e exibida como trofeu pelas ruas. Nascia uma tradição de decapitação que só atingiria o seu auge com a chegada da guilhotina. Restif de La Bretonne testemunhou a execução de De Launay:
“(...) Vi diante de mim uma multidão em tumulto (...) aproximo-me, oh espetáculo de horror! Vejo duas cabeças na ponta de uma lança! (...) as cabeças de Flesseles e De Launay. No meio da Grève, encontro um corpo sem cabeça estendido no meio de um pequeno riacho, rodeado por cinco ou seis indiferentes. Faço perguntas... é o governador da Bastilha (...)”
Enquanto a Bastilha se rendia ao assédio das massas populares o rei Luís XVI acabava de voltar ao palácio de Versalhes depois de um dia de caça [um dos esportes da nobreza e da realeza]. Um de seus criados o informou dos acontecimentos em Paris e da queda da Bastilha. Ao ouvir o relato Luís proferiu a pergunta que ficaria para sempre na história:
- “Isso e uma revolta?”
Seu criado respondeu:
- “Não Sire, e uma revolução!”.
Este rápido e simples dialogo, carregado porem de significância histórica, não passou despercebido ao olhar critico de Hannah Arendt que escreveu: “Por trás de suas palavras [do rei], podemos ver e ouvir a multidão em marcha inrrompendo nas ruas de Paris, que então era não só capital da França, mas de todo o mundo civilizado: a insurreição do populacho da grande cidade inextricavelmente unido ao levantamento do povo em nome da liberdade, irresistível, ambos pela força de seu número. Esta multidão dos pobres e oprimidos, a qual os séculos anteriores havia mantido na obscuridade e na ignomínia. (...)”
O episodio da queda da Bastilha marcou o início do levante popular contra as mais diversas formas de opressão. A partir deste momento a revolução iniciada por conflitos políticos na chamada Revolta dos Notáveis assumia um caráter físico e violento. A aristocracia francesa utilizou de suas prerrogativas para iniciar o processo revolucionário, a burguesia utilizou os seus interesses e o povo às armas: era o inicio físico da revolução. No dia 21 de julho o jornal britânico Morning Post não deixou de comentar o episodio da queda da Bastilha:
“Um inglês que não se sinta cheio de estima e admiração pela maneira sublime com que está agora se efetuando uma das mais importantes revoluções que o mundo jamais viu, deve estar morto para todos os sentidos da virtude e da liberdade. Nenhum de meus compatriotas que tenha tido a sorte de presenciar as ocorrências dos últimos três dias nesta grande cidade deixaram de testemunhar que minha linguagem não é hiperbólica.”
(...)
AUTOR
TIAGO RODRIGUES CARVALHO

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