tag:blogger.com,1999:blog-41315185483022625772024-03-20T15:12:29.259-07:00CAFÉ MUSAINTiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.comBlogger99125tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-69965066670819516472017-12-03T09:01:00.000-08:002017-12-03T09:01:03.239-08:00UM NOVO OLHAR SOBRE A NATUREZA: ALEXANDER VON HUMBOLDT POR ANDREA WULF<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-e8CXhK7urrQ/WiQsxSAvVGI/AAAAAAAAH6o/TcD79bm4vK02VtsCU644TfoeJl0P0qxuQCLcBGAs/s1600/gjgfhjsfhgs.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-e8CXhK7urrQ/WiQsxSAvVGI/AAAAAAAAH6o/TcD79bm4vK02VtsCU644TfoeJl0P0qxuQCLcBGAs/s400/gjgfhjsfhgs.jpg" width="400" height="335" data-original-width="477" data-original-height="399" /></a></div>
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Todo pensamento racional possui certa medida de irracionalidade. Humboldt foi um dos mais famosos cientistas de seu tempo. Um homem que se dizia amante da natureza. É nesse ponto que se concentra o caráter antagônico do naturalista: a razão, como disse o pensador Max Horkheimer surgiu devido ao desejo do homem de dominar a natureza através da descoberta de suas leis. Como um homem pode pretender dominar algo que ele a principio admira? A resposta está no sentido com que esse mesmo homem define o termo “dominar”.
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Alexander Von Humboldt foi um dos mais famosos naturalistas e cientistas de seu tempo. Um homem que foi capaz de associar ciência e poesia na criação de uma ferramenta que lhe torna-se possível desnudar os segredos da natureza e, portanto, dominá-la.
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Logo nas primeiras paginas fica evidente a admiração que Andrea Wulf sente por seu biografado. Ela constrói a imagem de um menino inquieto, com certa dificuldade aos estudos e que gostava de perambular pelos bosques e ler narrativas de viagens além mar. O texto é muito fluído é a autora não se prende a uma análise mais criteriosa aos primeiros anos de Alexander Von Humboldt. Em pouco mais de vinte paginas vemos a historia evoluir de um simples menino que gostava de coletar rochas e insetos a um inspetor de minas de 22 anos de idade.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-vyRwwB5ipeo/WiQrDcSg7hI/AAAAAAAAH6M/YlYYtumG8LwG9Wf6DQvpVaGEobEx3ygvgCLcBGAs/s1600/gjfgjd.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-vyRwwB5ipeo/WiQrDcSg7hI/AAAAAAAAH6M/YlYYtumG8LwG9Wf6DQvpVaGEobEx3ygvgCLcBGAs/s400/gjfgjd.jpg" width="400" height="287" data-original-width="1024" data-original-height="734" /></a></div>
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Logo no final da segunda parte o livro sofre uma expressiva melhora em sua narrativa. A relação de Humboldt com Thomas Jeferson - o presidente americano que era apaixonado por agricultura - é uma das partes mais interessantes. É neste trecho da obra que tomamos contato com as opiniões de Humboldt sobre a monocultura e a economia de caráter agroexportadora.
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Confesso que durante a leitura parte de minha admiração por Humboldt virou fumaça diante da narrativa de um homem que atirava dardos envenenados em macacos para capturar seus filhotes. A noção de ambientalista do século XIX era bem distante da que temos hoje, mas é realmente chocante ler esse trecho é não se decepcionar com um homem que é conhecido como amante da natureza. E o mais impressionante é que essa passagem é apenas uma nas quais questionamos Humboldt. O trecho sobre os cavalos sendo eletrocutados por enguias também é impressionante. O livro é muito bem escrito, mas acho que a autora tentou contornar certos momentos da história de Humboldt para que pudesse manter a imagem de um ídolo. A própria capa vende a imagem de um “Rousseau alemão”, mas na pratica não era bem assim.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-R-I-aCHl8Bc/WiQsBhAfyTI/AAAAAAAAH6c/ZsFeT2kkBjQzGHQFl9jce_EMXwgzUOFLQCLcBGAs/s1600/gjdgjsfhs.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-R-I-aCHl8Bc/WiQsBhAfyTI/AAAAAAAAH6c/ZsFeT2kkBjQzGHQFl9jce_EMXwgzUOFLQCLcBGAs/s400/gjdgjsfhs.jpg" width="392" height="400" data-original-width="906" data-original-height="925" /></a></div>
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<blockquote><b>ANDREA WULF</b></blockquote>
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No capitulo 3 temos uma brilhante síntese da ciência iluminista do século XVIII. Andrea Wulf cria uma base narrativa a partir da relação de amizade entre Humboldt e dois ícones do romantismo alemão: Schiller e Goethe. Os três costumavam passar as tardes conversando sobre Newton, Leibnitz, Kant, etc. Goethe é uma figura que se destaca bastante no terceiro capitulo. Sua relação de amizade com Humboldt era bem concreta e de fato vemos como um foi importante para o outro no sentido de incentivar pesquisas em suas respectivas áreas de interesse. A autora descreve de forma bem simples e de fácil assimilação um dos pontos mais complexos de ser explicado que é a polarização da ciência do século XVIII entre Racionalistas e Empiristas.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-lUwY07YraWw/WiQrSRxBNDI/AAAAAAAAH6Q/HzUnKoTVFkQm3PLzwwmg_p8k8f8fZNCGQCLcBGAs/s1600/jdjsfhad.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-lUwY07YraWw/WiQrSRxBNDI/AAAAAAAAH6Q/HzUnKoTVFkQm3PLzwwmg_p8k8f8fZNCGQCLcBGAs/s400/jdjsfhad.jpg" width="387" height="400" data-original-width="574" data-original-height="594" /></a></div>
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Foi na America do Sul que Humboldt desenvolveu sua teoria que relaciona às mudanças climáticas a atividade humana. Um ponto interessante levantado pela autora é a preocupação que existia nos séculos XVIII e XIX quanto aos danos provocados pelo desmatamento. O carvão era o motor da revolução industrial e centenas de hectares de florestas eram derrubadas para a produção de carvão vegetal, que apesar de não ser utilizado na grande siderurgia era muito consumido no aquecimento domestico.
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A preocupação era obviamente econômica, pois existia o temor de que as reservas de madeira se esgotassem. Mas havia também um movimento ambientalista embrionário que alertava para as alterações climáticas que a exploração predatória poderia acarretar.
No século XIX acreditava-se que as doenças eram provocadas por “ar viciado”, ou seja, mau cheiro. É nesse rastro que surgiram homens como Hugh Williamson, medico e político norte americano que defendia o desmatamento alegando que a remoção das arvores melhorava a circulação dos ventos e a qualidade do ar.
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A idéia de uma natureza rústica dominada pela razão humana foi defendida pelo famoso naturalista Frances George Lois Leclerc, conde de Buffon. A selva era vista como um ambiente hostil e feio que deveria ser organizado pelo homem como uma prova de sua suposta superioridade sobre a natureza. É deste conceito que surgiu a fascinação francesa pelos jardins simetricamente desenhados, comuns no período do iluminismo.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-Dos3s9hs5sI/WiQs6ZKjJMI/AAAAAAAAH6s/SCAsR2lXrAY1zaWh7jBaElGJ3dlGjweXwCLcBGAs/s1600/hkfrghkdg.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-Dos3s9hs5sI/WiQs6ZKjJMI/AAAAAAAAH6s/SCAsR2lXrAY1zaWh7jBaElGJ3dlGjweXwCLcBGAs/s400/hkfrghkdg.jpg" width="400" height="308" data-original-width="1600" data-original-height="1230" /></a></div>
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O projeto gráfico da editora Crítica é absurdamente bem feito: capa dura, fotos de uma qualidade incrível, letras com uma fonte excelente como adorno para um texto gentil, inteligente e interessante. Mais do que uma simples biografia a obra <i><b>“A invenção da natureza”</b></i> é um retrato das ciências da natureza do século XIX com uma linguagem cientifica adequada e certa dose de narrativa poética. Vale cada minuto de leitura!
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<b>AUTOR</b>
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<b>TIAGO R.CARVALHO</b>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-4DcNZlRlGoc/WiQtwuSh6CI/AAAAAAAAH64/lQEFqAafHtklHRl9rIjr3nTk3ENMMzG7QCLcBGAs/s1600/jghjklnk.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-4DcNZlRlGoc/WiQtwuSh6CI/AAAAAAAAH64/lQEFqAafHtklHRl9rIjr3nTk3ENMMzG7QCLcBGAs/s400/jghjklnk.jpg" width="272" height="400" data-original-width="429" data-original-height="632" /></a></div>
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A Invenção da Natureza
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AUTORA: Wulf, Andrea
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Editora: Critica
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Numero de Paginas: 600
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Ano: 2016
Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-8312598136239907932017-12-02T02:17:00.000-08:002017-12-02T02:25:50.336-08:00SANGUE E LAMA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-4z6teq39jJQ/WiJ_qWYVu0I/AAAAAAAAH58/Jf6DWf3Vtpk5_xZt3vYIvgp45W7t8BJuACLcBGAs/s1600/gjmdgjdgf.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-4z6teq39jJQ/WiJ_qWYVu0I/AAAAAAAAH58/Jf6DWf3Vtpk5_xZt3vYIvgp45W7t8BJuACLcBGAs/s400/gjmdgjdgf.jpg" width="400" height="325" data-original-width="666" data-original-height="541" /></a></div>
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Eis que temos um excelente livro para aqueles que buscam iniciar os estudos sobre a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). A obra do historiador Martin Gilbert é um gigantesco panorama de um dos mais terríveis conflitos da historia humana. Um texto amplo, robusto e fácil de ser compreendido até mesmo para os que possuem pouca familiaridade com temas militares. Gilbert tem uma ótima didática ao apresentar os eventos que deflagraram o confronto.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-bMRhK7uVvPE/WiJ-ZgmlgNI/AAAAAAAAH5o/AMrykIxNiiA1zFWFWDrS_VgLNu6SquQbQCLcBGAs/s1600/2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-bMRhK7uVvPE/WiJ-ZgmlgNI/AAAAAAAAH5o/AMrykIxNiiA1zFWFWDrS_VgLNu6SquQbQCLcBGAs/s400/2.jpg" width="400" height="301" data-original-width="607" data-original-height="457" /></a></div>
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O texto é dividido em 29 capítulos, mas para avaliar a obra de forma geral eu convenientemente o dividi em três partes. Na primeira a obra explora o contexto político e cria uma tensão narrativa que deixa o texto fluido e agradável.
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Na segunda parte o texto perde um pouco do ritmo e do carisma inicial. Isto porque a obra trata da guerra de forma geral e como resultado muitos momentos ficaram superficiais e confusos. A guerra na frente ocidental é tratada de forma simultânea aos combates na frente oriental de forma que a narrativa funciona como um pêndulo. Para alguns isso pode significar uma leitura confusa, para outros em uma narrativa dinâmica. Pessoalmente eu gostei bastante do método.
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Os momentos mais intensos do texto são as batalhas mais clássicas da primeira grande guerra: a batalha do rio Marne, Ypres – onde foi utilizado pela primeira vez o gás venenoso -, a violenta ofensiva do Somme e as sangrentas batalhas de Verdun e Galipolli.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-851AdIIMa6o/WiJ9U3pctAI/AAAAAAAAH5Y/oioX2hcYfIYgvuqJNaQ-tlVPTHK9oSs6ACLcBGAs/s1600/gjdfgdg.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-851AdIIMa6o/WiJ9U3pctAI/AAAAAAAAH5Y/oioX2hcYfIYgvuqJNaQ-tlVPTHK9oSs6ACLcBGAs/s400/gjdfgdg.jpg" width="400" height="292" data-original-width="883" data-original-height="645" /></a></div>
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Um dos aspectos mais positivos dessa obra é a forma como os principais personagens do século XX são apresentados. Nomes como Churchill, Hitler, Mussolini, Lenin, Patton, Roosevelt, Truman, Romel, Zukov, o filosofo Wittgenstein e até mesmo Albert Einstein aparecem aos poucos no texto, sempre acompanhando o rumo dos acontecimentos. É interessante ver como essas figuras foram moldadas pelo contexto da guerra.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-IwQj0tbMqVc/WiJ-u05HDAI/AAAAAAAAH5w/r_XF7UvaWsMSThi9VqocsSWEFEazERh5ACLcBGAs/s1600/n%252Cfghmdgmn.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-IwQj0tbMqVc/WiJ-u05HDAI/AAAAAAAAH5w/r_XF7UvaWsMSThi9VqocsSWEFEazERh5ACLcBGAs/s400/n%252Cfghmdgmn.jpg" width="400" height="265" data-original-width="744" data-original-height="492" /></a></div>
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Martin Gilbert tem o mérito de abordar não apenas os temas militares, mas também os mitos que cercam o conflito, algo que na maioria dos casos é ignorado pela maioria dos historiadores. Um exemplo é a famosa aparição dos “anjos” – figuras brancas e altas – que supostamente foram avistadas pelos soldados nos campos de batalha próximos a cidade de Mons. É evidente que o autor tratou o assunto de forma estritamente racionalista, atribuindo essa visão ao cansaço dos combatentes, mas o simples fato de o evento ter sido mencionado já é por si apenas algo positivo.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-a_TTUKZvfu0/WiJ9jrE5pWI/AAAAAAAAH5c/F9j5efMfWX4eIdheHdWhs357rZBjQnfeACLcBGAs/s1600/ngn%252Cg%252Cf.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-a_TTUKZvfu0/WiJ9jrE5pWI/AAAAAAAAH5c/F9j5efMfWX4eIdheHdWhs357rZBjQnfeACLcBGAs/s400/ngn%252Cg%252Cf.jpg" width="400" height="263" data-original-width="900" data-original-height="591" /></a></div>
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O único ponto negativo da obra é a edição: o caderno de fotos foi impresso em papel comum, as fotos são poucas e de qualidade razoável. A tradução possui alguns erros é a capa ficou com aspecto de “documentário”. A editora Casa da Palavra poderia ter caprichado um pouco mais em seu projeto gráfico, pois a obra foi lançada no Brasil com uma preço expressivo, para dizer o mínimo.
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A terceira é ultima parte do livro é excelente. Mostra a violenta ofensiva final dos esgotados exércitos do Kaiser e explora os desdobramentos do termino do conflito, principalmente na Alemanha onde o Tratado de Versalhes foi visto como o prenúncio de uma futura guerra... Infelizmente não estavam errados.
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<b>AUTOR</b>
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<b>TIAGO R.CARVALHO
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-4Xv85xBana8/WiJ66tlMM2I/AAAAAAAAH5I/cHSSe7w9OQw2oO7S3WL-k9JzPfTOUUirQCLcBGAs/s1600/grfhsf.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-4Xv85xBana8/WiJ66tlMM2I/AAAAAAAAH5I/cHSSe7w9OQw2oO7S3WL-k9JzPfTOUUirQCLcBGAs/s400/grfhsf.jpg" width="299" height="400" data-original-width="636" data-original-height="852" /></a></div>
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A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
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Autor: Martin Gilbert
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832 páginas
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Editora: Casa da Palavra;
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Edição: 1ª (7 de agosto de 2017)
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Idioma: Português
Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-66691498971964006102017-11-23T13:02:00.001-08:002017-11-23T13:02:56.978-08:00AS VIRGENS DE VIVALDI<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-BdQsSmb1wWI/Whc3csSs3_I/AAAAAAAAH4Q/FBv2w0uLXuQKdnS2YWvLwHwwxJpLMPgygCLcBGAs/s1600/sijgirj.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-BdQsSmb1wWI/Whc3csSs3_I/AAAAAAAAH4Q/FBv2w0uLXuQKdnS2YWvLwHwwxJpLMPgygCLcBGAs/s400/sijgirj.jpg" width="400" height="318" data-original-width="591" data-original-height="470" /></a></div>
<blockquote></blockquote>
A <i>Ospedalle della pietà</i> era uma instituição para órfãs de Veneza que ficou famosa no século XVIII pelo alto nível de educação musical que dispensava a suas internas. As meninas eram divididas em dois grupos: as chamadas <i>figlie de coro</i> - órfãs que possuíam algum talento musical – e as <i>figlie di comun</i> – órfãs que recebiam educação e um treinamento ocupacional. Como nenhuma das internas possuía o nome de suas famílias elas eram conhecidas pelo nome do instrumento que tocavam. O lugar se tornou famoso devido ao seu mais ilustre maestro e professor de violino: o compositor Antonio Vivaldi, chamado de “padre vermelho” devido à cor de seus cabelos. Ali vivia Anna Maria del Violin, uma órfã de 15 anos de idade dotada de um expressivo talento como violinista, apaixonada por musica e obcecada pelo desejo de descobrir quem eram seus pais.
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O romance de Barbara Quick – <i><b>“As virgens de Vivaldi”</b></i> - definitivamente não tem o reconhecimento publico que deveria ter. Trata-se de um texto muito bem escrito e cativante. A protagonista aparece como um ser de carne e osso, ou seja, realista na medida em que expressa seus desejos de forma natural. Não existe uma tentativa forçada de fabricar uma personagem isenta de defeitos e sim o contrario. Anna Maria aparece de fato como uma adolescente com todos os impulsos gerados pelas descobertas que essa fase da vida carrega.
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É um romance que se baseia em fatos reais, mas que não se prende a veracidade dos fatos históricos. A Ospedalle della pietà realmente existiu, e ainda existe, assim como Anna Maria del Violin, que segundo registros históricos tornou-se uma conhecida violinista no século XVIII.
Barbara Quick nos presenteia com uma historia intrigante, fácil de ler, sem muitos núcleos de conflito, mas que ainda assim consegue ser grandiosa dentro daquilo que ela procura ser: uma obra profunda com uma narradora que reconta o seu passado e reflete sobre os rumos que sua vida havia tomado.
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O tom narrativo é o mesmo ao longo de todo o livro. A todo o momento fica a sensação de que estamos lendo um diário escrito pela protagonista. Os momentos mais interessantes são as cartas que ela escrevia para sua mãe, mesmo sem saber quem era ou se ela as leria um dia. Esses trechos são como árias de uma ópera - aqueles momentos de reflexão onde escutamos a voz de nossa própria consciência.
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É preciso, no entanto, que se diga que em alguns momentos o texto cai numa narrativa desinteressante e um pouco tediosa. Fica uma sensação de que a autora esta tentando inflar o texto. Mas são raríssimos os romances que não possuem trechos assim.
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Resumir esse surpreendente livro apenas como a história de uma órfã que busca descobrir a verdade sobre a sua historia é um erro grave. A obra vai muito além dessa premissa inicial e excessivamente simplificadora. O texto explora os dilemas da passagem da vida de criança para a vida adulta com a dose certa de intensidade, realismo e erotismo.
<b><blockquote>“Toda mulher, Anna Maria, e toda garota tem um lugar secreto no corpo. Se você o massagear da maneira correta, ele fará o corpo vibrar e soar como as cordas de seu violino.”</blockquote></b>
Um dos momentos mais intensos da narrativa, no meu ponto de vista e claro, ocorre quando a personagem principal esta em um cemitério conversando com outro personagem. Estou evitando citar nomes para não dar <i>spoilers</i> e este é um daqueles livros em que fica difícil comentar o texto sem <i>spoilers</i>.
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“Eu sabia que cada bloco de pedra do cemitério correspondia a uma vida que fora vivida. Dentro de cada tumulo, embaixo, repousava e apodreciam os restos mortais de alguém que como eu, desejou, chorou, riu, amou. Nenhum deles chamais acreditou que aquilo que lutou tanto para conseguir ou para evitar – a pessoa mais querida, o sonho mais caro, um segredo guardado, algo especial que lhe inspirou devoção – seria esquecido como a chuva de ontem certamente será.”</blockquote></b>
O livro é sem duvida uma obra que deve ser lida e admirada. Foi uma grata experiência as horas que passei diante de suas paginas ouvindo as musicas de Vivaldi e as palavras de Anna Maria: <i>“Rezo por um cobertor quente, por uma janela para o mundo lá fora e pelo fim de todas as ilusões. Rezo por luz.”</i>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-L7j15ui7COs/Whc3T3gU-pI/AAAAAAAAH4M/g7fhuIo9kdMjdBoheYxBlVuzu-9bINvIwCLcBGAs/s1600/gsdsdgvsd.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-L7j15ui7COs/Whc3T3gU-pI/AAAAAAAAH4M/g7fhuIo9kdMjdBoheYxBlVuzu-9bINvIwCLcBGAs/s400/gsdsdgvsd.jpg" width="266" height="400" data-original-width="331" data-original-height="498" /></a></div>
<blockquote></blockquote>
<b>AUTOR</b>
<blockquote></blockquote>
<b>TIAGO R, CARVALHO</b>
<blockquote></blockquote>
As Virgens de Vivaldi
<blockquote></blockquote>
Quick,Barbara
<blockquote></blockquote>
Editora: BERTRAND BRASIL
<blockquote></blockquote>
Ano: 2009
<blockquote></blockquote>
Nº de Páginas: 352
Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-34546643836042036392017-10-06T05:03:00.000-07:002017-10-06T05:09:28.734-07:00A ERA VITORIANA: LITERATURA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-yPrKGj5CuJ0/WddycC8i3KI/AAAAAAAAH0g/7hQ69Tv9A-oN4Bo9IMLrrG3O6Yd218glACLcBGAs/s1600/tjdegthjed.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-yPrKGj5CuJ0/WddycC8i3KI/AAAAAAAAH0g/7hQ69Tv9A-oN4Bo9IMLrrG3O6Yd218glACLcBGAs/s640/tjdegthjed.jpg" width="517" height="640" data-original-width="462" data-original-height="572" /></a></div>
<blockquote></blockquote>
Mas nem só de números e progressos se fez a era vitoriana. Em muitos casos a característica mais marcante do período foi justamente a falta de mobilidade na medida da pura e simples estagnação. Na literatura, por exemplo, é possível extrair certas singularidades do período, como a rígida estrutura da constituição familiar. Não surpreende o fato de que na orbita do capitalismo britânico o casamento tenha aos poucos assumido o contorno de mercadoria.
<blockquote></blockquote>
A valorização burguesa do conceito de lar, ou seja, da união indissolúvel de seus integrantes no ambiente domestico, teve um amparo discreto na pratica de leitura familiar. Nesse contexto o livro, como objeto, contribuiu diretamente para a conservação do estilo de vida burguês, que acabaria por se consolidar como um estilo de criação literária. Os textos eram criados para serem lidos durante a noite, momento em que todos os integrantes da família estavam reunidos. Alguns eram recheados de temas obscuros cujas historias de fantasmas certamente teriam mais impacto durante a leitura noturna.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-nBVkpaJBpFk/Wddv_314Z9I/AAAAAAAAH0I/QbUnGnqrErswEN4fT4y8n_Wj3hL3mI1gACLcBGAs/s1600/orgulho%2Be%2Bpreconceito%2B3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-nBVkpaJBpFk/Wddv_314Z9I/AAAAAAAAH0I/QbUnGnqrErswEN4fT4y8n_Wj3hL3mI1gACLcBGAs/s400/orgulho%2Be%2Bpreconceito%2B3.jpg" width="285" height="400" data-original-width="405" data-original-height="568" /></a></div>
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Jane Austen (1775-1817) produziu um quadro vivo da importância do casamento em sua obra <i>“Orgulho e Preconceito”</i>. Embora o livro tenha sido publicado em 1813, período anterior a era vitoriana, o mesmo já retratava os valores da sociedade surgida a posteriori e cujos valores permaneceram praticamente inalterados. Emily Bronte (1818-1848) também é uma das principais representantes de sua época, ao lado de nomes como Oscar Wilde (1854-1900) e Charles Dickens (1812-1870), Lewis Carrol (1832-1898), Robert Louis Stevenson (1850-1894), Arthur Conan Doyle (1859-1930) e Alfred Tennyson (1809–1892). Na poesia Tennyson foi um dos maiores destaques. No trecho final de seus mais belos poemas – Ulisses – o autor apresenta um belo quadro de determinação e coragem:
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<i>Ainda que muito esteja perdido, muito nos resta;
e ainda que perdida a força dos velhos dias
que movia céus e terras; somos o que somos;
uma coragem única nos corações heróicos,
débeis pelo tempo e pelo destino, mas persistentes
em lutar, achar, buscar, jamais render.</i>
</blockquote>
Lewis Carrol – nascido Charles Lutwidge Dodgson – se tornou mundialmente famoso com a obra <i>“Alice no país das maravilhas”</i>, que teria criado depois de uma viajem de barco pelo Tamisa na companhia de uma menina de 10 anos chamada Alice Liddell. A vida particular de Carrol, e seu gosto, no mínimo exótico, de fotografar crianças parcialmente nuas, contribuíram para aumentar os enigmas associados a suas obras. Pelos padrões Freudianos a cena inicial de <i>“Alice no país das maravilhas”</i>, onde um coelho a guia para o interior de uma toca escura e estreita, que terminada num mundo de fantasia, possui uma gritante conotação sexual, tanto pelo coelho – animal que no período era associado ao sexo – quanto pela toca “escura e estreita”.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-p5ASpghZEfQ/WddvJsTH2dI/AAAAAAAAH0A/S2nzcXby2E8e5L-jbWxXlTt8GN4ySKXyACLcBGAs/s1600/hktgjtgfhj.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-p5ASpghZEfQ/WddvJsTH2dI/AAAAAAAAH0A/S2nzcXby2E8e5L-jbWxXlTt8GN4ySKXyACLcBGAs/s400/hktgjtgfhj.jpg" width="400" height="293" data-original-width="800" data-original-height="586" /></a></div>
<blockquote></blockquote>
Existe uma tendência de se aplicar padrões Freudianos a todas as épocas, o que não me parece correto, mas que de forma curiosa acaba por expor certas particularidades notáveis. No caso de Lewis Carrol o padrão Freudiano parece não só perfeitamente aplicável como igualmente revelador. Não chega a ser surpreendente que textos com conteúdo homoerótico, como no caso de <i>“O retrato de Dorian Gray”</i> de Oscar Wilde, tenham sido alvo de criticas ferozes em uma época tão moralista quanto a vitoriana.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-uGqtRn_xe3c/WdducQl18uI/AAAAAAAAHz4/oOshhJCznU8MWVbocK1M_KJj7iHHUVURQCLcBGAs/s1600/fjsfhasdfhasdf.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-uGqtRn_xe3c/WdducQl18uI/AAAAAAAAHz4/oOshhJCznU8MWVbocK1M_KJj7iHHUVURQCLcBGAs/s400/fjsfhasdfhasdf.jpg" width="266" height="400" data-original-width="314" data-original-height="473" /></a></div>
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Uma das primeiras vozes literárias a se elevar por sobre a miséria das grandes cidades industriais foi Elizabeth Gaskell, autora do romance <i>“Mary Barton”</i> cujo enredo era direcionado aos trabalhadores das industrias têxteis de Manchester. Nascida Elizabeth Stevenson, e conhecida popularmente com Mrs. Gazkell, se tornaria uma das maiores contistas da era vitoriana, ao lado de Charles Dickens. O romance <i>“Mary Barton”</i> impressionou a sociedade britânica ao retratar o mundo fétido das fabricas com seus operários esqueléticos e famintos.
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Charles John Huffam Dickens, nasceu em 7 de fevereiro de 1812 na cidade de Portsmouth, e logo na infância sentiu os efeitos da Revolução Industrial. Seu pai, chamado John, era um funcionário da marinha que vivia endividado. Em 1822 a família decide se mudar para Londres na esperança de melhorar de vida. Dois anos depois John Dickens vai para a cadeia por dividas. Elisabeth Dickens, sozinha a própria sorte com o filho resolve vender os pertences da família; o jovem Dickens, apaixonado por leitura desde cedo, viu seus livros serem vendidos para saldar as dividas. Em 1824 ele consegue emprego em uma fabrica de graxa como colador de rótulos. Anos mais tarde ele se recordaria de sua ocupação na fabrica como um dos momentos mais dramáticos de sua vida. Três anos depois ele se torna escrevente de um escritório de advocacia e em 1832, após aprender sozinho a taquigrafia, consegue emprego como repórter parlamentar.
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Em 1836 Dickens se casar com Catherine Hogarth, filha do editor do Evening Chronicle. Naquele mesmo ano ele finalmente pública seu primeiro livro: <i>“Retratos Londrinos”</i> – <i>“Sketches by Boz”</i> (O nome era devido ao costume de Dickens em assinar seus textos com o pseudônimo “Boz”). A obra teve sucesso imediato e abriu as portas para Dickens emergir como um dos maiores escritores da era vitoriana.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-91KIwcBpWgk/WddwLUIqS9I/AAAAAAAAH0M/uZdxZvzdFe0ZsRPi9gwB32nrlbJf022lQCLcBGAs/s1600/vjgjgjdg.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-91KIwcBpWgk/WddwLUIqS9I/AAAAAAAAH0M/uZdxZvzdFe0ZsRPi9gwB32nrlbJf022lQCLcBGAs/s400/vjgjgjdg.jpg" width="400" height="300" data-original-width="900" data-original-height="675" /></a></div>
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Apesar do sucesso estrondoso de <i>“Grandes Esperanças”</i> sua obra mais marcante foi <i>“Um Conto de Natal”</i>. A história do rabugento Ebenezer Scrooge, um funcionário de escritório que passou a odiar o Natal depois que seu sócio, chamado Jacob Marley, morreu em uma noite de 25 de dezembro, encantou a sociedade da época e se consolidou como o mais famoso conto natalino da historia.
Dickens sempre fora apaixonado pelo clima natalino. Uma das mais belas passagens de sua obra <i>“Retratos Londrinos”</i> ele escreveu:
<blockquote><i>“Não viva no passado. Não lembre que apenas há um ano a criança que hoje já se foi estava sentada diante de você, com as bochechas rosadas e a alegre inconsciência da infância brilhando nos olhos. Pense nas bênçãos presentes – aquelas que todos os homens têm -, não nas desgraças passadas, que todos os homens possuem em algum momento da vida. Encha novamente o cálice, com um rosto feliz e o coração contente. Nossa vida depende disso (...)”</i></blockquote>
Em 1780, Luige Galvani, que na época era professor de anatomia, descobriu o efeito da eletricidade sobre os músculos. Inicialmente ele havia testado em sapos mortos e constatou a contração dos membros diante de uma descarga elétrica. Seu neto, chamado Giovani Aldini, percorreu a Europa divulgando as descobertas do avô. Em 1803 ele realizou uma de suas mais bizarras apresentações: diante de uma platéia de espectadores Giovani utilizou o cadáver de um homem que havia acabado de ser executado na forca. O cadáver, deitado em uma mesa, teve dois eletrodos ligados a dois pontos distinto, onde foi aplicada uma carga de 120 volts.
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A descarga no rosto gerou movimentos convulsivos na face; em dado momento o olho esquerdo chegou a abrir. Mas o clímax aconteceu quando um dos eletrodos foi colocado na boca e o outro no reto. Ao acionar o disjuntor a contração muscular no cadáver foi tão intensa que o mesmo chegou a se sentar sobre a mesa, causando pânico entre os expectadores. Entre os que assistiam a apresentação estava uma jovem chamada Mary Shelley (1797-1851), que devido a esse espetáculo inusitado encontrou inspiração para escrever sua obra mais famosa: <i>“Frankenstein”</i>
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<b>AUTOR </b>
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<b>TIAGO RODRIGUES CARVALHO</b>
Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-57565166547971413012017-09-23T09:24:00.000-07:002017-09-23T09:24:34.431-07:00EVA BRAUN: UMA BIOGRAFIA MINIMALISTA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-kkAIvrQUVrc/WcaHYfi-LZI/AAAAAAAAHyQ/531IFWIpu4EPP-mUMwMyRtFd9W3ycbcXACLcBGAs/s1600/jbjjnj.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-kkAIvrQUVrc/WcaHYfi-LZI/AAAAAAAAHyQ/531IFWIpu4EPP-mUMwMyRtFd9W3ycbcXACLcBGAs/s400/jbjjnj.jpg" width="400" height="253" data-original-width="674" data-original-height="427" /></a></div>
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Essa é uma biografia de Eva Braun cujo nome que menos aparece em suas paginas é o da própria Eva Braun. Lançada pela Companhia das Letras a obra <i><b>“Eva Braun a vida com Hitler”</b></i>, da historiadora alemã Heike B. Gortemaker, tenta desconstruir a imagem de uma mulher apagada vivendo a sombra de Adolf Hitler. O fato é que o livro não cumpre o que ele promete.
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A narrativa é focada sobre o circulo de pessoas que tinha um contato mais intimo com Hitler, no entanto, a própria Eva Braun aparece muito pouco. Talvez a ausência de material sobre o passado da família Braun tenha determinado a construção de um texto mais superficial onde a biografada se constrói por meio do ambiente social em que ela se insere. O problema é que essa abordagem cria uma figura que emerge a sombra de outras pessoas e isso, ao meu ver, contraria a proposta do texto.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-7Em1d0SHXI8/WcaKiwC8OtI/AAAAAAAAHyg/p7lTpr2dp10oIGBUBkK5RklLIEns6jsGgCLcBGAs/s1600/hbjbjbjl.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-7Em1d0SHXI8/WcaKiwC8OtI/AAAAAAAAHyg/p7lTpr2dp10oIGBUBkK5RklLIEns6jsGgCLcBGAs/s400/hbjbjbjl.jpg" width="275" height="400" data-original-width="412" data-original-height="600" /></a></div>
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O que falta aqui é intimidade entre a autora e a biografada. Heike B. Gortemaker não conseguiu romper a dimensão social de Eva Braun e entrar em um terreno mais intimo que naturalmente é o que se espera de uma biografia.
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Apesar de suas falhas a obra possui também seus méritos. O maior deles talvez seja a elegância elucidativa das palavras com as quais a autora fez um breve resumo da ascensão do regime nazista em algumas regiões da Alemanha, como na Baviera. O texto é também um ótimo apanhado sobre as pessoas que conviviam diariamente com Hitler no <i>Berghof</i> – sua casa de campo nas montanhas.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-CHQg1A_iTUo/WcaKsnnCvrI/AAAAAAAAHyk/O7o2H482KKc8L_c6ZrAAeWcPl6l7nCodwCLcBGAs/s1600/diidfidhvih.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-CHQg1A_iTUo/WcaKsnnCvrI/AAAAAAAAHyk/O7o2H482KKc8L_c6ZrAAeWcPl6l7nCodwCLcBGAs/s400/diidfidhvih.jpg" width="400" height="351" data-original-width="600" data-original-height="526" /></a></div>
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Embora não funcione como uma biografia tradicional a autora deve ter seus méritos reconhecidos por buscar uma diferente base de relacionamento entre o leitor e a obra. Se por um lado a obra peca devido a falta de profundidade por outro ela acerta por não entrar no campo especulativo ou recorre a dados biográficos extensos que quando não são bem trabalhados se tornam cansativos.
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Como uma biografia a obra definitivamente não funciona. Como um retrato do <i>staff</i> de Hitler o texto se mostra mais competente. Esse é um dos casos raros em que o subtítulo da obra está mais próximo daquilo que ela se dispõe a ser: um retrato de como era a vida com Hitler.
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<b>AUTOR</b>
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<b>TIAGO R.CARVALHO</b>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-QZ0dDu6J8UI/WcaHjFNCREI/AAAAAAAAHyU/FUdC1uvzp54t-0aSy2G4xUdYVlAkHnt5gCLcBGAs/s1600/idinfsidn.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-QZ0dDu6J8UI/WcaHjFNCREI/AAAAAAAAHyU/FUdC1uvzp54t-0aSy2G4xUdYVlAkHnt5gCLcBGAs/s400/idinfsidn.jpg" width="266" height="400" data-original-width="680" data-original-height="1024" /></a></div>
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Título original: EVA BRAUN - LEBEN MIT HITLER
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Autora:Heike B. Görtemaker
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Páginas: 408
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Acabamento: Brochura
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Selo: Companhia das Letras
Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-17275470472507572112017-08-30T09:52:00.000-07:002017-08-30T09:57:39.231-07:00DO INFERNO<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-vH45zTE3L_g/WabtftFI4AI/AAAAAAAAHxE/KjjzMQxF2KMD0R28dDBT6sr3aLOGK-0FgCLcBGAs/s1600/hvhvhv.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-vH45zTE3L_g/WabtftFI4AI/AAAAAAAAHxE/KjjzMQxF2KMD0R28dDBT6sr3aLOGK-0FgCLcBGAs/s640/hvhvhv.jpg" width="640" height="282" data-original-width="779" data-original-height="343" /></a></div>
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A história de Jack, o Estripador, o primeiro serial killer a ter destaque na imprensa e que aterrorizou a Londres vitoriana do final do século XIX, é o tema desta <i>graphic novel</i> de Alan Moore e Eddie Campbell.
<i>“Do Inferno”</i> possui um tom inicial de suspense que evolui de intensidade à medida que o enredo se constrói.
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Não é um enredo que tenta domesticar sua historia, ou seja, não existe o menor esforço de atenuar os aspectos mais chocantes e desagradáveis. Tudo é muito visceral, intenso e sem eufemismos. O tom bem pronunciado de erotismo de alguns trechos contribui e muito para a história. Não se trata de uma mera exposição barata de cenas de sexo e sim de algo que cria uma intimidade entre o leitor e os personagens.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-em3jRgcW0e0/WabsZBUblNI/AAAAAAAAHww/5RQH3TEqDtQrVUbMxE_10UxekjisogKhwCLcBGAs/s1600/3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-em3jRgcW0e0/WabsZBUblNI/AAAAAAAAHww/5RQH3TEqDtQrVUbMxE_10UxekjisogKhwCLcBGAs/s400/3.jpg" width="400" height="251" data-original-width="645" data-original-height="404" /></a></div>
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Alan Moore sabe bem a história que possui em mãos. Em nenhum momento fica a sensação de que ele não sabe para onde ir. Quem possui um conhecimento razoável sobre os eventos de 1888 em Whitchapel (bairro pobre de Londres onde Jack fez suas vitimas) vai identificar muitos fatos reais que foram inseridos na versão de Moore de modo que criasse uma explicação valida, embora conveniente do ponto de vista narrativo, para as lacunas deixadas pelos eventos reais. É obvio que se trata de uma ficção, mas existem sim elementos que são encadeados de forma coerente de modo que em muitos momentos agente se pergunta: ok, por que não?
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Alan Moore levou uma década para concluir essa magnífica obra que é também um retrato da população pobre da Londres do século XIX. E comum encontrarmos textos que exploram a Londres vitoriana porem de uma perspectiva mais aristocrática, ou seja, as residências ricamente mobiliadas com seus jardins ingleses e costumes burgueses. Aqui essa imagem idílica aparece apenas como elemento de realce para mostrar o distanciamento enorme entre as classes sociais do período.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-0Ic57-oErYw/WabslEU25PI/AAAAAAAAHw0/UEMiO2NK0NQB_RVpDaTRv1_iJVF_SxKtgCLcBGAs/s1600/2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-0Ic57-oErYw/WabslEU25PI/AAAAAAAAHw0/UEMiO2NK0NQB_RVpDaTRv1_iJVF_SxKtgCLcBGAs/s400/2.jpg" width="400" height="211" data-original-width="645" data-original-height="340" /></a></div>
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O resultado é um texto muito bem feito e envolvente, pois é importante ressaltar: o fato de um texto ser bom não necessariamente se traduz em uma boa experiência de leitura. Existem livros que possuem um conteúdo excepcional, porem são chatos. Definitivamente isso não acontece em <i>“Do inferno”</i>. Foi um texto que me prendeu desde o inicio!
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Os grupos de personagens são muito bem construídos desde as prostitutas com seus diálogos expositivos ao inspetor Aberline, um personagem que não possui vigor ou carisma, mas que se torna interessante devido à ligação que estabelece com uma das mulheres do grupo. O príncipe Albert – neto da Rainha Victoria - têm uma grande relevância, pois é em torno dele que o enredo se constrói, porem ele é de longe o personagem mais apagado.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-hphTRSP6VuQ/WabsvAsokrI/AAAAAAAAHw4/Bo3Ad3FUaP8W03lWj6juGLKya-kCBW1jQCLcBGAs/s1600/khkhk.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-hphTRSP6VuQ/WabsvAsokrI/AAAAAAAAHw4/Bo3Ad3FUaP8W03lWj6juGLKya-kCBW1jQCLcBGAs/s400/khkhk.jpg" width="400" height="196" data-original-width="579" data-original-height="284" /></a></div>
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Willian Gull é sem duvida o mais profundo e enigmático de todos. Na pele do assassino Jack ele consegue elevar a historia ao nível da catarse. Um fato que aparentemente se resume as ações de um louco se transforma numa divagação filosófica que resume o século XIX e projeta o violento século XX. Suas divagações são excepcionais e a sua teoria sobre uma “arquitetura da historia” é algo que nos leva a questionar elementos como a linearidade do tempo.
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Nenhum dos personagens mais relevantes é unidimensional, ou seja, todos eles apresentam certo desenvolvimento. A empatia do leitor por esses personagens surge gradualmente de forma que a arte rústica dos traços de Eddie Campbell - que no inicio pode dificultar um pouco o entendimento - se torna completamente irrelevante depois de algumas paginas. Muito tem se falado sobre os desenhos de Campbell. Alguns gostam outros nem tanto, mas o fato é que o aspecto de “rascunho” dos desenhos me agradou bastante.
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De fato não é uma arte que prima por uma estética perfeita. Inicialmente pode ser um pouco complicado identificar certos personagens. Um leitor menos detalhista certamente vai se perder em algumas passagens ao se perguntar, por exemplo, se o personagem de determinado quadro é o mesmo do quadro anterior. No entanto, esse obstáculo acaba criando uma atmosfera de mistério que se justifica diante do desfecho. Quem leu sabe do que estou falando!
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Existem alguns cortes bruscos – por pura conveniência narrativa - em alguns diálogos que podem confundir um pouco os leitores menos familiaridades com HQs. A linguagem é bruta, agressiva, obscena e sempre acompanha o tom dos elementos que ela busca narrar. O problema é que exatamente onde a obra acerta ela também apresenta falhas: as gírias na linguagem dos personagens são muito atuais e distante da fala do século XIX.
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Em determinados momentos os personagens não parecem pertencer ao período no qual os eventos ocorrem deixando a sensação de uma caracterização moderna do passado. Por outro lado o uso da linguagem mais atual parece buscar estabelecer uma ligação entre os eventos daquele período é o século posterior. É exatamente essa relação entre o século XIX e o XX que fazem de <i>“Do inferno”</i> uma obra prima magistral.
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O desfecho da obra acompanha aquilo que o texto vinha desenvolvendo, ou seja, não ocorre uma grande reviravolta no enredo embora exista um pequeno twist no final que obviamente não direi qual é. Isso faz sentido, pois não existe nenhum mistério em <i>“Do inferno”</i>. O assassino é revelado logo no inicio de modo que o que fica para o final é uma retomada de fatos reais que levam o próprio leitor a repensar o propósito do texto. O objetivo de Alan Moore não foi falar sobre Jack, o estripador. Ele utilizou a história do assassino para abordar outro tema. O que fica após a leitura é a questão: Seria Jack ou o século XX um produto do inferno?
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<b>AUTOR</b>
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<b>TIAGO R. CARVALHO</b>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-Sx-fLPQuYBk/Wabs2jz_W3I/AAAAAAAAHw8/1Hh3wHaf-nMIU9UROkgp0i1l4d8j_8AzgCLcBGAs/s1600/1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-Sx-fLPQuYBk/Wabs2jz_W3I/AAAAAAAAHw8/1Hh3wHaf-nMIU9UROkgp0i1l4d8j_8AzgCLcBGAs/s400/1.jpg" width="299" height="400" data-original-width="430" data-original-height="575" /></a></div>
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DO INFERNO
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Autor: MOORE, ALAN
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Tradutor: MARTINS, JOTAPE
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Ilustrador: CAMPBELL, EDDIE
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Editora: EDITORA VENETA
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Assunto: HQs - Quadrinhos
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Idioma: PORTUGUÊS
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Ano: 2014
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Encadernação: CAPA DURA
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Altura: 28,00 cm
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Largura: 21,00 cm
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Comprimento: 3,90 cm
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Nº de Páginas: 592
Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-86049537437683508952017-08-22T05:09:00.000-07:002017-08-22T05:09:17.616-07:00AGENDA DE EVENTOS COMPANHIA DAS LETRAS<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-XIOHWk2PtOs/WZwe5LThnQI/AAAAAAAAHvA/FwxpQ9vaTWs-mj0f1Ob7lAxz192LqmwKQCLcBGAs/s1600/RTURTU.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-XIOHWk2PtOs/WZwe5LThnQI/AAAAAAAAHvA/FwxpQ9vaTWs-mj0f1Ob7lAxz192LqmwKQCLcBGAs/s400/RTURTU.jpg" width="400" height="274" data-original-width="1600" data-original-height="1095" /></a></div>
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Eventos de lançamento de Lima Barreto: Triste visionário
Lilia Moritz Schwarcz promove nesta semana diversos eventos de lançamento de Lima Barreto: Triste visionário, biografia do autor de Triste fim de Policarpo Quaresma. Confira as datas e cidades.
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Debate na UFRJ
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Segunda-feira, 21 de agosto, às 17h
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Lilia Moritz Schwarcz conversa sobre Lima Barreto com André Botelho, Beatriz Resende e Flávio Gomes.
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Local: Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ - Largo São Francisco de Paula,1 - Rio de Janeiro, RJ
Aula de lançamento em São Paulo
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Terça-feira, 22 de agosto, às 19h30
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Uma aula sobre a vida e a obra de Lima Barreto na inauguração do teatro do Sesc 24 de Maio. Retirada de ingressos a partir das 18h30 no foyer do teatro.
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Local: Sesc 24 de Maio - Rua 24 de Maio, 109 - São Paulo, SP
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Lançamento de Inquebrável
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Fernando Fernandes e Pablo Miyazawa lançam Inquebrável pela Editora Paralela. Confira locais e datas dos eventos.
São Paulo
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Terça-feira, 22 de agosto, às 19h
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Local: Saraiva do Shopping Pátio Paulista - Rua Treze de Maio, 1947 - São Paulo, SP
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Rio de Janeiro
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Quinta-feira, 24 de agosto, às 19h
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Local: Livraria da Travessa do Shopping Leblon - Avenida Afrânio de Melo Franco, 290 - Rio de Janeiro, RJ
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Sempre um Papo com Luiz Eduardo Soares
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Terça-feira, 22 de agosto, às 19h
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Luiz Eduardo Soares, autor de Rio de Janeiro, participa de mais um encontro do Sempre um Papo.
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Local: Auditório da Cemig - Rua Alvarenga Peixoto, 1220, Santo Agostinho - Belo Horizonte, MG
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Lançamento de Chic profissional
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Terça-feira, 22 de agosto, às 19h30
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Gloria Kalil autografa Chic profissional em Curitiba.
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Local: Livrarias Curitiba do Shopping Palladium - Av. Presidente Kennedy, 4121 - Curitiba, PR
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Sessão de autógrafos com Raphael Montes
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Quinta-feira, 24 de agosto, às 18h30
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Raphael Montes, que está relançando Suicidas pela Companhia das Letras, autografa seus livros no Rio.
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Local: Livraria da Travessa Botafogo - Rua Voluntários da Pátria, 97 - Rio de Janeiro, RJ
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Marília Garcia autografa Câmera lenta
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Quinta-feira, 24 de agosto, às 19h
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Marília Garcia lança em São Paulo seu novo livro de poemas, Câmera lenta.
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Local: Tapera, Taperá - Av. São Luís, 187, loja 29, Galeria Metrópole - São Paulo, SP
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Ana Maria Machado na FLIM
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De 25 a 27 de agosto
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Autora de Ponto de Fuga e Um mapa todo seu, Ana Maria Machado é a autora homenageada da Festa Literária de Santa Maria Madalena, no Rio de Janeiro.
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Autores do Grupo Companhia das Letras no Seminário Fazer Pensar Brasil
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Sexta-feira, 25 de agosto, das 9h às 18h30
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José Miguel Wisnik, Lilia Moritz Schwarcz, Pedro Meira Monteiro, André Botelho, Ricardo Teperman e Lira Neto participam do Seminário Fazer Pensar Brasil. O evento também contará com lançamento de Lima Barreto: Triste visionário.
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Local: Instituto brincante - Rua Purpurina, 412, Vila Madalena - São Paulo, SP
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ENTRADA FRANCA | Sujeito à lotação
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Pré-inscrição: http://bit.ly/FazerPensarBrasil
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Informações: http://bit.ly/FazerPensarBrasil_Eevento
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Programação sujeita a alterações.
Consulte o calendário atualizado Blog da Companhia
Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-68517870458699157912017-08-16T06:35:00.001-07:002017-08-16T06:37:06.564-07:00A COLHER QUE DESAPARECE<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-y5TWKFJpQyw/WZRKe0uaK9I/AAAAAAAAHuQ/hOtxeH_LSU8qpjBG-Of27skHKosKDs7KgCLcBGAs/s1600/mfghdf.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-y5TWKFJpQyw/WZRKe0uaK9I/AAAAAAAAHuQ/hOtxeH_LSU8qpjBG-Of27skHKosKDs7KgCLcBGAs/s400/mfghdf.jpg" width="400" height="265" data-original-width="630" data-original-height="417" /></a></div>
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Em química é comum atribuir nomes da mitologia aos elementos devido a suas propriedade. Na mitologia grega Tântalo foi condenado a sofrer eternamente de sede ainda que seu corpo estivesse mergulhado em um rio. Sempre que ele se curvava para beber de suas águas estas se afastavam de sua boca.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-mhK2BFweE4c/WZRIyAE5PkI/AAAAAAAAHt8/vtW00xCUz4creBvoOs6E3WY4s9-r0EXTgCLcBGAs/s1600/jfgjfh.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-mhK2BFweE4c/WZRIyAE5PkI/AAAAAAAAHt8/vtW00xCUz4creBvoOs6E3WY4s9-r0EXTgCLcBGAs/s400/jfgjfh.jpg" width="308" height="400" data-original-width="346" data-original-height="450" /></a></div>
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O elemento de numero atômico 73 recebeu esse nome devido a sua característica de não se misturar facilmente em água. O Tântalo é um elemento que normalmente se encontra no solo misturado a outros metais, geralmente é encontrado associado ao Nióbio. Na mitologia grega Nióbia era filha de Tântalo e por isso o elemento de numero atômico 41 recebeu foi batizado de Nióbio – pois ambos possuem propriedades físicas e químicas semelhantes.
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Tântalo e Nióbio são elementos resistentes a corrosão, ou seja, são difíceis de sofrerem oxidação (perda de elétrons). Isso torna a ambos excelentes alternativos para a produção de baterias de aparelhos eletrônicos como celulares uma vez que ambos seguram bem uma carga elétrica.
O principal fornecedor de Nióbio na década de 90 era a República Democrática do Congo – antigo Zaire. Tribos do Zaire estavam em guerra com rivais de Ruanda, na África Central. Em 1996 os terríveis massacres de Ruanda sinalizaram ao mundo o caráter brutal do conflito. O governo do Zaire precisava de dinheiro para manter a guerra e os massacres e esse dinheiro veio das empresas de componentes eletrônicos européias e ocidentais.
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No Zaire o Tântalo e o Nióbio era retirados do solo de forma simples e rudimentar: bastava uma simples pá para recolher o barro cinzento que ficava nas margens dos rios e que era chamado de Coltran – basicamente uma mistura rica em Nióbio. Centenas de família se embrenharam nas matas em busca do ouro barrento que sustentava a guerra. Como passavam dias, e em alguns casos vários meses, no meio das matas as pessoas buscavam meios alternativos para se alimentar. A caça ao gorila africano atingiu o auge neste período.
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Os garimpeiros passaram a se alimentar de carne de gorila para não morrer de fome. Esse contato entre humanos e gorilas provocou a ameaça de extinção do ultimo e alguns pesquisadores acreditam que foi esse contato que promoveu o desenvolvimento do vírus HIV – um vírus que se desenvolveu inicialmente nas células do gorila africano. O contato de seres humanos portadores de vírus patogenos a sua espécie - como a gripe comum – pode ter entrado em contato com o vírus HIV primitivo do gorila. Desse contato uma provável mutação permitiu ao vírus HIV adquirir receptores que permitissem sua entrada em células humanas, dando inicio a uma das maiores tragédias da historia do homem.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-GBz-MYDD8AM/WZRI-VnELoI/AAAAAAAAHuA/iHbo1CKCYwIWIgWOulnbALrtOu_eker4gCLcBGAs/s1600/tuertyr.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-GBz-MYDD8AM/WZRI-VnELoI/AAAAAAAAHuA/iHbo1CKCYwIWIgWOulnbALrtOu_eker4gCLcBGAs/s400/tuertyr.jpg" width="400" height="231" data-original-width="598" data-original-height="346" /></a></div>
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Essa é apenas uma das centenas de historias que preenchem a interessante obra de S.Kean <i><b>“A colher que desaparece”</b></i>. Como alguém apaixonado por química, como eu, a historia dos elementos químicos sempre foi um foco de minha atenção. O Nióbio vem ganhando destaque junto a mídia devido a expectativa representada por sua exploração econômica. Resta a nos torcer para que o seu passado sangrento não volte a se repetir.
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<b>AUTOR</b>
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<b>TIAGO RODRIGUES CARVALHO</b>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-Y6j3uKkcpYA/WZRJctYlIGI/AAAAAAAAHuE/gyN4Q0e77XERJAdG4pad--QfDRXEWsIpwCLcBGAs/s1600/shdgadgf.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-Y6j3uKkcpYA/WZRJctYlIGI/AAAAAAAAHuE/gyN4Q0e77XERJAdG4pad--QfDRXEWsIpwCLcBGAs/s400/shdgadgf.jpg" width="278" height="400" data-original-width="347" data-original-height="500" /></a></div>
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A COLHER QUE DESAPARECE
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Autor: KEAN, SAM
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Tradutor: CARINA, CLAUDIO
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Editora: ZAHAR
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Ciências Exatas - Química
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Ano: 2011
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Nº de Páginas: 370
Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-49135365760240459582017-08-13T06:56:00.000-07:002017-08-20T09:26:19.917-07:00UMA HISTORIA DA ÓPERA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-oGKINq-TB6w/WZBbEDVvuMI/AAAAAAAAHtQ/3WnrirNJF5wf7jSblhApKtTLwcpPQp9PgCLcBGAs/s1600/fmfgjdgf.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-oGKINq-TB6w/WZBbEDVvuMI/AAAAAAAAHtQ/3WnrirNJF5wf7jSblhApKtTLwcpPQp9PgCLcBGAs/s640/fmfgjdgf.jpg" width="640" height="371" data-original-width="1028" data-original-height="596" /></a></div>
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<i>“Carmen”</i> é uma opera cômica que termina em tragédia. A história se passa em Sevilha onde a cigana Carmen, uma mulher promiscua, convence Jose a abandonar sua carreira no exercito e se aliar ao bando de contrabandistas. Foi uma das óperas de maior sucesso do século XIX, mas parte de seu sucesso se deveu a um fato macabro de sua historia.
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Em 2 de junho de 1875, durante a 33ª apresentação de <i>“Carmen”</i> a cantora Celestine Gelli-Marie desmaiou no palco após sentir uma forte dor no lado direito do corpo. O fato aconteceu durante o terceiro ato, no exato instante em que Celestine encenava a icônica cena do taro marcada pela aparição da carta da morte.
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Após recobrar a consciência Celestine conseguiu terminar o espetáculo, mas logo em seguida caiu em prantos. Enquanto ainda tentava se recuperar do ocorrido chegou a noticia de que Bizet, autor da ópera <i>“Carmen”</i>, havia falecido poucas horas antes. Essa é outras historias estão presentes em <i><b>“Uma historia da ópera”</b></i>, de Carolyn Abbate e Roger Parker. Um texto ambicioso que se propõe a discutir os mais de quatrocentos anos de história da ópera, uma arte cuja beleza emerge do seu aspecto irreal.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-IBOZuurKC7o/WZBbMWHcyiI/AAAAAAAAHtU/5VHChAUnwvgETiqgUouW-KNd3B6r6aVGgCLcBGAs/s1600/gdgjdgj.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-IBOZuurKC7o/WZBbMWHcyiI/AAAAAAAAHtU/5VHChAUnwvgETiqgUouW-KNd3B6r6aVGgCLcBGAs/s400/gdgjdgj.jpg" width="400" height="318" data-original-width="621" data-original-height="494" /></a></div>
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O questionamento inicial que os autores levantam é bem interessante: para se apreciar a ópera é necessário que o publico entenda o idioma no qual ela é encenada? Alguns especialistas acreditam que não. Isto porque ao serem pronunciadas como musicas algumas palavras perdem o seu significado semântico. Entre os elementos que contribuem para essa perda está o som dos instrumentos que tanto servem como moldura para a voz humana como em determinados momentos suplantam essa mesma voz.
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Existe de fato uma pretensão poética nas letras de algumas musicas, porem os significados dos mesmos versos mudam de acordo com a forma na qual são pronunciados: na poesia a beleza está no significado da palavra, na musica é o som dessa palavra que se destaca, portanto a musica explora muito mais o elemento estético da língua do que o seu significado verbal.
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Outro ponto levantado pelos autores é o fato de a ópera ser tão exótica e, por conseqüência, estranha. Um dos elementos que essa arte busca é a fuga da realidade, provocar o esquecimento e isso inclui o abandono temporário da obsessão moderna pelo aspecto do visual perfeito. E dessa forma que, segundo os autores, a ópera apela para algo que transcende a estreita dimensão cognitiva humana.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-oKpRo9ITR_Q/WZm4JEhVMGI/AAAAAAAAHug/8SJPFsrHugQ3Gz62T_c-AkUeeWDsNGs8ACLcBGAs/s1600/hktyjerue.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-oKpRo9ITR_Q/WZm4JEhVMGI/AAAAAAAAHug/8SJPFsrHugQ3Gz62T_c-AkUeeWDsNGs8ACLcBGAs/s400/hktyjerue.jpg" width="339" height="400" data-original-width="572" data-original-height="675" /></a></div>
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Uma das coisas de que eu senti falta no início apareceu por volta da pagina duzentos, que é a contextualização histórica. Até esse momento os autores se detiveram nos aspectos mais técnicos da ópera. Mozart, como já era de se esperar, aparece como figura central. O compositor, no entanto, não tem tanto destaque quanto suas peças e seus trabalhos. Os aspectos biográficos surgem apenas como elementos de transição o que é muito bom tendo em vista aquilo que a obra tem como pretensão: narrar à história da ópera e não a história de seus ícones.
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A contextualização do romantismo alemão na ópera é inserido no texto através de uma passagem belíssima da obra “Orlando”, de Virginia Woolf. Era meia noite de 31 de dezembro de 1799:
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<blockquote>“O relógio deu meia noite, nuvens cobriram o céu a partir do norte, soprava um vento frio, a luz de mil velas douradas se extinguiu, e, subitamente, aqueles que estavam vestidos com diamantes e calções de seda branca e rendas prateadas e cetim cor de pêssego se envolveram em sombrios veludos e ornamentos feitos de contas de âmbar negro. O século XIX tinha chegado.”</blockquote></i>
A ópera alemã do século XIX tinha um aspecto xenofóbico bem evidente, e é por meio da contextualização que os autores explicam o porquê dessa hostilidade alemã para com os demais povos. As constantes invasões napoleônicas, por exemplo, criaram a imagem de uma nação violada, corrompida. Isso é muito interessante porque explica o anti-semitismo de alguns grandes ícones da ópera alemã como Richard Wagner – ícone supremo e símbolo maximo de admiração de Adolf Hitler, o cabo austríaco que em seus anos de juventude era um assíduo freqüentador das casas de ópera de Viena.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-3UpiMfJBDmA/WZBXyTjhBZI/AAAAAAAAHsw/X2X7iXGTJcAIM0AQ_-msgo1O1SGTwmGKQCLcBGAs/s1600/vgndgfnsb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-3UpiMfJBDmA/WZBXyTjhBZI/AAAAAAAAHsw/X2X7iXGTJcAIM0AQ_-msgo1O1SGTwmGKQCLcBGAs/s400/vgndgfnsb.jpg" width="400" height="253" data-original-width="1024" data-original-height="647" /></a></div>
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O problema maior aqui é a abrangência do publico alvo. Os autores obviamente criaram uma obra que fosse relevante para os críticos e também para o publico mais leigo. O resultado foi uma quebra no impulso narrativo devido a sua intermitência. Em um momento estamos lendo sobre a vida de um grande compositor e sobre a relevância de determinada ópera e no momento seguinte somos jogados numa tempestade entediante de análises puramente técnicas e incompreensíveis para qualquer leigo.
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O que os autores fazem de melhor é apresentar ao leitor o material que este tem em mãos. O capitulo inicial é absurdamente bem escrito. Certamente é um texto que cumpre o que promete, pois desde o inicio fica claro que ele dialoga com todo tipo de leitor.
Nas ultimas cem paginas a narrativa se torna mais truncada com muitas análises técnicas e com contextualizações ocasionais. Em uma delas os autores exploram a influencia da psicanálise de Freud nas encenações operísticas do final do século XIX.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-1IwxxxfwQSg/WZBZydZpEEI/AAAAAAAAHtE/MVIr3ojTz_Mq7481DlG3gizRcDay17pjACLcBGAs/s1600/gjdgjdgf.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-1IwxxxfwQSg/WZBZydZpEEI/AAAAAAAAHtE/MVIr3ojTz_Mq7481DlG3gizRcDay17pjACLcBGAs/s400/gjdgjdgf.jpg" width="400" height="367" data-original-width="652" data-original-height="599" /></a></div>
<blockquote></blockquote>
Ao termino da leitura fica de fato a sensação de que a obra é direcionada a um publico familiarizado com o mundo da ópera, embora isso não signifique que não possa ser lido por um leigo que procura em textos desse gênero informações, como por exemplo, sobre a rotina dos atores, figurinos, detalhes arquitetônicos, histórias de bastidores, enfim o trivial associado a um resumo das óperas. Tudo isso está presente na obra porem de forma mais minimalista, o que predomina é a análise técnica: libretos, orquestrações, etc. Um ótimo texto onde a arte é sempre superior ao artista.
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<b>AUTOR</b>
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<b>TIAGO R. CARVALHO</b>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-t738kdHG4_E/WZBVCge4yYI/AAAAAAAAHsg/5V52NvhKiYwWWameYbR7oQmQ3N3QmxVlwCLcBGAs/s1600/dtjurtut.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-t738kdHG4_E/WZBVCge4yYI/AAAAAAAAHsg/5V52NvhKiYwWWameYbR7oQmQ3N3QmxVlwCLcBGAs/s400/dtjurtut.jpg" width="276" height="400" data-original-width="345" data-original-height="500" /></a></div>
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UMA HISTORIA DA OPERA
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Autor: ABBATE, CAROLYN e PARKER, ROGER
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Tradutor: GEIGER, PAULO
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Editora: COMPANHIA DAS LETRAS
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Ano: 2015
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Nº de Páginas: 656
Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-14319675064843565902017-08-09T06:06:00.000-07:002017-08-26T19:28:42.020-07:00BIOGRAFIA INTIMA DE LEOPOLDINA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-wCnhXKB7foE/WYsIOk5O7tI/AAAAAAAAHrc/vyzUZKfQC88fUmSKt9wcm6kC1Vi5YGfLQCLcBGAs/s1600/fhghjdg.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-wCnhXKB7foE/WYsIOk5O7tI/AAAAAAAAHrc/vyzUZKfQC88fUmSKt9wcm6kC1Vi5YGfLQCLcBGAs/s400/fhghjdg.jpg" width="335" height="400" data-original-width="644" data-original-height="768" /></a></div>
<b><blockquote><i>“nós, pobres princesas, somos como dados cuja sorte se joga e cujo destino depende do resultado. Dirás que sou uma verdadeira filosofa, mas o fogo da juventude se apaga facilmente quando as pessoas se tornam prudentes por experiência própria”</i>.</blockquote></b>
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- Leopoldina
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<i><b>“A biografia intima de Leopoldina”</b></i> do cientista político Marsilio Cassoti, talvez venha resgatar a imagem real da princesa do Brasil, considerada até então como coadjuvante no processo de independência. Leopoldina foi tão determinante no processo quanto o próprio imperador Dom Pedro I.
Lamentavelmente a historiografia brasileira encerrou-a dentro dos moldes da estrangeira feia, desleixada, subordinada ao marido e restrita ao papel de mãe.
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Na obra de Cassotti vemos despertar uma jovem de beleza austríaca, inteligente e apaixonada por mineralogia e ciência. As primeiras cem paginas narram o período de formação de Leopoldina desde a infância até o momento em que ela finalmente desembarca no Brasil.
Apesar de ser um texto fácil de ler acredito que essas primeiras paginas possam, de alguma forma, entediar leitores menos familiarizados com biografias de personalidades históricas. Não foi esse o meu caso!
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Leopoldina teve no Brasil o que se pode definir como uma vida monótona e marcada por humilhações devido a infidelidades do seu marido. Ela se refugiava na natureza, se empenhava nas aulas de piano, português e latim. Adorava passar as tardes na famosa “cascatinha do tijuco” ou cavalgando. Esse estilo de vida pacato não tornava sua historia desinteressante embora não se possa dizer que possua o mesmo vigor que a historia de sua famosa tia, a extravagante rainha francesa Maria Antonieta.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-jIEXM9LLx34/WYsIeuXUHGI/AAAAAAAAHrg/a3hk9x8MyxkAW4p59ou1YdzM5Z3TmoeUgCLcBGAs/s1600/jfgjhfhedr.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-jIEXM9LLx34/WYsIeuXUHGI/AAAAAAAAHrg/a3hk9x8MyxkAW4p59ou1YdzM5Z3TmoeUgCLcBGAs/s400/jfgjhfhedr.jpg" width="400" height="294" data-original-width="1600" data-original-height="1177" /></a></div>
<blockquote></blockquote>
A admiração por Leopoldina surge diante da narrativa de uma noite chuvosa quando uma princesa, ostentando um ventre com cinco meses de gestação, se levanta da cama preocupada com a perspectiva de um ataque das tropas portuguesas enviadas de Lisboa. Enquanto Leopoldina pensava na situação política, Dom Pedro se perdia nos braços de sua amante, a famosa Domitila de Castro. Na manha seguinte, 2 de setembro, a revelia de Dom Pedro, Leopoldina reuniu o Conselho de Estado. Foi esse conselho, marcado pela presença dominante de Jose Bonifacio de Andrada e Silva, outro ícone admirável da historia do Brasil, que deu inicio ao processo de separação de Portugal. Logo após e reunião do conselho Leopoldina escreveu a Dom Pedro:
<blockquote><i>“(...)O Conselho de Estado vos aconselha a ficar. Meu coração de mulher e de esposa prevê desgraças se partirmos agora para Lisboa. Sabemos bem o que tem sofrido nosso país. O rei e a rainha de Portugal não são mais reis, não governam mais, são governados pelo despotismo das cortes que perseguem e humilham os soberanos a quem devem respeito. O Brasil será em vossas mãos um grande país. O Brasil vos quer para seu monarca. Com vosso apoio ou sem vosso apoio, ele fará sua separação. O pomo está maduro, colhei-o já, senão apodrecerá.”</i></blockquote>
Após ler a carta de Leopoldina, Dom Pedro se restringiu ao gesto patético de dizer a seu assistente: “Dize à guarda que acabo de fazer a independência completa do Brasil. Estamos separados de Portugal!”
<blockquote></blockquote>
O tom político que a obra assume em determinado momento pode frustrar um pouco aqueles que esperavam de fato uma biografia “intima” da princesa do Brasil. No entanto após os acontecimentos do processo de independência a narrativa volta à esfera privada de Leopoldina, começando com a perda de seu mais poderoso aliado: Jose Bonifacio, que caluniado por seus rivais ousou levantar suspeitas sobre Domitila. Irritado com as alegações de Bonifacio o imperador acabou por demiti-lo do cargo de Ministro.
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Leopoldina passou a se refugiar cada vez mais na natureza, passou a se importar ainda menos com sua aparência e a buscar na solidão das cavalgadas a resposta para seus dilemas. Na madrugada do dia 1º para 2 de dezembro ela sofreu um aborto espontâneo. Seu estado foi ficando cada vez mais critico até que na manha de 11 de dezembro de 1826 sua historia chegou ao fim. Tinha apenas 29 anos de idade.
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A jovem princesa do Brasil certamente não tem o reconhecimento que deveria ter. Foi uma mulher admirável que certamente teria tido uma vida muito mais gloriosa como princesa de um país que valoriza-se mais as artes e o conhecimento. Sua tragédia talvez se deva ao fato de ser uma jovem princesa em um país ainda mais jovem. Ótimo Livro!!!
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<b>AUTOR</b>
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<b>TIAGO RODRIGUES CARVALHO</b>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-k0cwWMm9E1c/WYsCWBYTfxI/AAAAAAAAHrM/LBM8HUSg-oE-CJSLwW-zgN-RgMoOWQRogCLcBGAs/s1600/ffjgjd.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-k0cwWMm9E1c/WYsCWBYTfxI/AAAAAAAAHrM/LBM8HUSg-oE-CJSLwW-zgN-RgMoOWQRogCLcBGAs/s400/ffjgjd.jpg" width="277" height="400" data-original-width="346" data-original-height="500" /></a></div>
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A BIOGRAFIA INTIMA DE LEOPOLDINA
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Autor: CASSOTTI, MARSILIO
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Editora: PLANETA DO BRASIL
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Ano: 2015
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Nº de Páginas: 304
Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-69036488716755481392017-08-01T09:28:00.002-07:002017-08-01T09:28:51.073-07:00A BIBLIOTECA ESQUECIDA DE HITLER<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-T_Apm_0GqIU/WYCsGxs-7hI/AAAAAAAAHpg/un6sWyVFeLwypQWryiFlTCWn06BEeJpLACLcBGAs/s1600/ihihjoj.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-T_Apm_0GqIU/WYCsGxs-7hI/AAAAAAAAHpg/un6sWyVFeLwypQWryiFlTCWn06BEeJpLACLcBGAs/s400/ihihjoj.jpg" width="293" height="400" data-original-width="465" data-original-height="634" /></a></div>
<b>Timothy Riback</b>
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É muito comum ouvir criticas sobre a saturação do mercado literário com obras sobre Hitler e o nazismo. Embora reconheça que existe uma atenção desproporcional das editoras brasileiras pelo tema, em função do seu apelo comercial, existem muitas obras que apesar de falarem de um mesmo evento o fazem de diferentes ângulos de modo que um funciona como complemento do outro.
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O problema é que um mercado literário monotemático acaba deixando de lado inúmeros outros temas igualmente relevantes e que em alguns casos tratam de eventos pré e pós segunda guerra mundial (1939-1945). Isso é muito significativo, pois se cria um publico informado sobre os eventos da guerra, mas incapaz de identificar os elementos que levaram a ela ou compreender seus desdobramentos. Se existe uma obra que explora uma face até então desconhecida do ditador austríaco é “A biblioteca esquecida de Adolf Hitler” do historiador Timothy W. Riback.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-ZaIum_pxP44/WYCqUUbyB0I/AAAAAAAAHpY/UBlLOo3KL50QRAhZNBynQSE_X1PvgpaLwCLcBGAs/s1600/hkdkd.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-ZaIum_pxP44/WYCqUUbyB0I/AAAAAAAAHpY/UBlLOo3KL50QRAhZNBynQSE_X1PvgpaLwCLcBGAs/s640/hkdkd.jpg" width="640" height="369" data-original-width="500" data-original-height="288" /></a></div>
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É um texto sem grandes pretensões e direcionado a todo tipo de publico, inclusive o mais leigo. Não existe predomínio da política aqui e embora a obra se permita fazer uma breve biografia de Hitler à idéia é mostrar como ele moldou seu pensamento buscando amparo nos livros. Riback não oferece a imagem de um homem influenciado pelos livros, muito pelo contrario: Hitler já possuía suas convicções políticas e raciais e o que ele fazia era buscar nos livros autores que partilhassem dos mesmos pontos de vista.
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O autor explora uma face mais humana de Hitler e nos mostra que ele não era um completo fanático nacionalista que considerava tudo que fosse alemão superior aos demais; ele, por exemplo, considerava Shakespeare muito superior a Goethe.
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É um livro fácil de ler, muito interessante, com uma abordagem diferenciada e bem menos carregado de tensão que as demais obras sobre Hitler trazem em seu núcleo. Ótimo texto de um autor que resolveu se lembrar de algo que todos haviam se esquecido: o papel da leitura na vida de todos nos.
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<b>AUTOR</b>
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<b>TIAGO RODRIGUES CARVALHO</b>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-WeEwnraNZNQ/WYCpl-x5YqI/AAAAAAAAHpU/YjMyuiS5z7ccY6xdBq4II9Ts_iZz-bc2wCLcBGAs/s1600/RHYYKDG.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-WeEwnraNZNQ/WYCpl-x5YqI/AAAAAAAAHpU/YjMyuiS5z7ccY6xdBq4II9Ts_iZz-bc2wCLcBGAs/s400/RHYYKDG.jpg" width="268" height="400" data-original-width="434" data-original-height="647" /></a></div>
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A BIBLIOTECA ESQUECIDA DE HITLER
OS LIVROS QUE MOLDARAM SUA VIDA
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Autor: RYBACK, TIMOTHY W.
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Tradutor: KORYTOWSKI, IVO
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Editora: COMPANHIA DAS LETRAS
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Ano: 2009
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Nº de Páginas: 328
Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-12337043473200683022017-07-25T08:58:00.002-07:002017-07-25T08:58:30.864-07:00CãozinhO<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-zRG89O0f8TU/WXdqnjJqPpI/AAAAAAAAHkc/roiH4ZZOQsI8LlWM84KONCltrkP0VwRYQCLcBGAs/s1600/gfgjdghjds.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-zRG89O0f8TU/WXdqnjJqPpI/AAAAAAAAHkc/roiH4ZZOQsI8LlWM84KONCltrkP0VwRYQCLcBGAs/s400/gfgjdghjds.jpg" width="272" height="400" data-original-width="404" data-original-height="594" /></a></div>
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Foi-se embora o meu cãozinho!
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Meu cãozinho se foi!
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Meu herói... minha heroína;
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Partiu com um dilacerante adeus
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E me deixou aqui;
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cheio de saudades;
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cheio de lembranças;
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que nunca morrem;
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que nunca me deixam;
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e que nunca me permitiram ser novamente
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o que eu era antes dele.
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<b>TIAGO R. CARVALHO</b>
Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-67749983989916501802017-07-14T06:21:00.000-07:002017-07-14T09:00:38.120-07:00FOI-SE O MARTELO!<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-jEZJPV5sMSQ/WWjHjqudwKI/AAAAAAAAHik/kUbeB0yFws4a1cJ7ZJhyl-lUq1c14-P4QCLcBGAs/s1600/gdjgsfsh.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-jEZJPV5sMSQ/WWjHjqudwKI/AAAAAAAAHik/kUbeB0yFws4a1cJ7ZJhyl-lUq1c14-P4QCLcBGAs/s400/gdjgsfsh.jpg" width="400" height="286" data-original-width="563" data-original-height="402" /></a></div>
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Em um primeiro momento me parece ser bastante contraditória a posição do Partido Comunista Soviético em se auto proclamar como um produto do marxismo e ao mesmo tempo ser profundamente ideológico. Isto porque o próprio Karl Marx tinha um conceito bastante negativo quanto às ideologias. Ele as considerava como um mecanismo de coerção social que dificultava a percepção do que ele chamava de alienação.
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Marx considerava como ideologia o conjunto de idéias e normas que condicionavam o comportamento dos indivíduos aos interesses da classe dominante. No sistema soviético supostamente não existiam classes, mas apenas uma: a do proletariado. Uma única classe com uma ideologia tornava o cidadão soviético alheio a todos os aspectos de sua vida. Era a forte ideologia do partido comunista que impedia que essa condição alienada torna-se obvia.
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O que num primeiro momento me pareceu contraditório posteriormente se tornou bastante lógico: o responsável pela transfiguração da essência negativa do conceito marxista de ideologia para algo positivo foi o próprio Vladimir Lenin que criou a idéia de uma ideologia proletária oposta a opressiva ideologia burguesa. Na teoria um antagonismo, na pratica apenas mais do mesmo.
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Relançado pela Companhia das Letras, em função do centenário da revolução russa, a obra <i>“O tumulo de Lenin”</i>, do jornalista norte americano David Remnick, é um mergulho político nos momentos finais do regime soviético. Corrupção, inflação, burocracia partidária, produtividade insuficiente, diferenças culturais e étnicas, escassez generalizada e altos gastos com industria bélica na manutenção da linha de frente da guerra fria fizeram o gigante vermelho desmoronar.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-Be4zehbUVkk/WWjCikXHt9I/AAAAAAAAHiE/Cfh7pJlpZM4KU5mYqT0s8cacjNPb6GkUACLcBGAs/s1600/ihhjopjopjk.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-Be4zehbUVkk/WWjCikXHt9I/AAAAAAAAHiE/Cfh7pJlpZM4KU5mYqT0s8cacjNPb6GkUACLcBGAs/s400/ihhjopjopjk.jpg" width="400" height="262" data-original-width="1244" data-original-height="815" /></a></div>
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Não é uma obra que se detém em informações, ou seja, ela presume que seu leitor tenha certo conhecimento dos fatos apresentados. O quadro histórico é apresentado sem muitos esclarecimentos, o que é muito bom tendo em vista o que o texto de propõe a ser. O autor constrói uma espécie de crônica sobre o que ele viu em diversas cidades da União Soviética no período de 1985 a 1991.
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O livro é recheado de entrevistas que oscilam do cidadão comum ao mundialmente conhecido físico Andrei Sakarov. É por meio dessas entrevistas que Remnick resgata alguns lampejos da trágica historia russa do século XX. Esse é sem duvida um dos grandes méritos da obra pois a forma como o autor transita entre o passado é o presente é construída por meio de uma narrativa artificiosa e agradável.
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O tema central é basicamente a política de Mikhail Gorbatchev que promoveu a desfragmentação da União Soviética e a sua posterior transição de um regime socialista para um democrático. A narrativa se articula em torno da Perestróika e tenta mostrar a polaridade política entre os que defendiam a necessidade de reformas e a linha dura do partido comunista.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-Cq55fCheG6g/WWjqnpgxdjI/AAAAAAAAHiw/0Xp0InJanUAvEXD3tBUalbPEelBdUnLxACLcBGAs/s1600/ihihljl%25C3%25A7j.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-Cq55fCheG6g/WWjqnpgxdjI/AAAAAAAAHiw/0Xp0InJanUAvEXD3tBUalbPEelBdUnLxACLcBGAs/s400/ihihljl%25C3%25A7j.jpg" width="400" height="267" data-original-width="500" data-original-height="334" /></a></div>
<blockquote></blockquote>
Alguns capítulos possuem nomes de obras clássicas da literatura como <i>“Gente Pobre”</i> de Dostoievski e <i>“Ilusões Perdidas”</i> de Balzac. Outros fazem uma espécie de paralelo entre o que existia na literatura e o que podia ser visto na União Soviética, como é o caso do impressionante capitulo “A revolução subterrânea” no qual a realidade dos mineiros da cidade siberiana de Mezhdurechensk é comparada a dos mineiros da fantástica obra de Emile Zola: <i>“Germinal”</i>.
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O <i>“Tumulo de Lenin”</i> é uma obra excelente, e eu diria que é mais um grande acerto da Companhia das Letras. Grande em todos os sentidos, pois a obra possui 670 paginas de texto (excluindo as paginas com notas e referencias). O projeto gráfico é bem simples e com poucas fotos.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-7g9oN18OSJ0/WWjCr2mX1jI/AAAAAAAAHiI/gPSflzAhKSoHlj8m-HuKsrIDA3SSFTqTgCLcBGAs/s1600/vnxvnsf.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-7g9oN18OSJ0/WWjCr2mX1jI/AAAAAAAAHiI/gPSflzAhKSoHlj8m-HuKsrIDA3SSFTqTgCLcBGAs/s400/vnxvnsf.jpg" width="400" height="269" data-original-width="700" data-original-height="470" /></a></div>
<blockquote></blockquote>
Não é uma obra que agradaria a todo tipo de leitor, pois apesar de ser um texto bem fácil ele possui uma boa dose de política, sobretudo nas ultimas paginas quando o foco passa para a tentativa de golpe de Estado dos conservadores e o ataque ao prédio do Parlamento Russo. Mas para quem se interessa pelo tema chega a ser muito satisfatório ler sobre ícones como Boris Yeltsin e Gorbatchev em meio ao turbilhão político que marcou o final do século XX e sobre o qual se ergueu o século seguinte que já nasceu em meio a incertezas e cercado por todo tipo de violência. Grande livro, ótima narrativa e um excelente resgate histórico.
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<b>AUTOR</b>
<blockquote></blockquote>
<b>TIAGO R. CARVALHO</b>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-VOrAfqkyK-k/WWjCwfjUnxI/AAAAAAAAHiM/ht3CDCCmw9Ez5dev7xBE8PxUe1xpt9rIwCLcBGAs/s1600/gjdgjdg.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-VOrAfqkyK-k/WWjCwfjUnxI/AAAAAAAAHiM/ht3CDCCmw9Ez5dev7xBE8PxUe1xpt9rIwCLcBGAs/s400/gjdgjdg.jpg" width="274" height="400" data-original-width="446" data-original-height="650" /></a></div>
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O TUMULO DE LENIN
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OS ULTIMOS DIAS DO IMPERIO SOVIETICO
</blockquote></blockquote>
Autor: REMNICK, DAVID
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Tradutor: COUTO, JOSE GERALDO
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Editora: COMPANHIA DAS LETRAS
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Ano: 2017
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Nº de Páginas: 712
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<iframe width="560" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/n4RjJKxsamQ?rel=0" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>
Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-26004180769920287732017-07-04T10:42:00.001-07:002017-08-14T04:14:14.550-07:00LONDRES 1854: COLERA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
<b><i>“Todo limite é um começo tanto quanto um final”</i>
</b>
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– George Eliot
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-2NlqloxbUtU/WZGF-0vMFWI/AAAAAAAAHtk/WmopG2VzTLAUnKXuZtwWNZpWtHaiyLVkwCLcBGAs/s1600/kryjrtujer.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-2NlqloxbUtU/WZGF-0vMFWI/AAAAAAAAHtk/WmopG2VzTLAUnKXuZtwWNZpWtHaiyLVkwCLcBGAs/s400/kryjrtujer.jpg" width="345" height="400" data-original-width="340" data-original-height="394" /></a></div>
<blockquote></blockquote>
No século XIX Londres era a maior de todas as metrópoles. Marca indelével da atividade humana a nível geográfico e social; um verdadeiro formigueiro humano cujo crescimento desordenado havia criado um falso ecossistema: a matéria era consumida, mas não reciclada. Em 1854 dois milhões de londrinos, amontoados entre ruas fedorentas, cobertas de lixo e sufocadas pela poluição das fabricas, estariam diante de uma das mais terríveis epidemias de Cólera de sua história.
<blockquote></blockquote>
O surto teve inicio no dia 28 de agosto de 1854, nas imediações da rua Broad Street, mais precisamente no numero 40, onde vivia a família Lewis. O bebe de Sarah Lewis havia começado a apresentar sinais de febre e diarréia. Fazia muito calor naqueles dias e a população da cidade sufocava debaixo de quase 30°C. Sarah despejava diariamente a água que utilizava para lavar as fraudas de seu bebe em uma fossa que ficava diante de sua casa e a poucos metros da bomba de água que abastecia a rua.
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O fato de haver uma fossa bem ao lado da bomba de água não preocupava os moradores do bairro que apreciavam a água da Broad Street devido a sua alta concentração de dióxido de carbono, o que tornava seu gosto mais agradável. O que esses mesmo moradores não sabiam é que estavam consumindo água contaminada com alta concentração de vibrio Cholerae – a bactéria causadora da cólera.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-5VrUD5ka86I/WVvTgkdSxRI/AAAAAAAAHhY/Sj6y95Oq__MVLQSorghuoN0godczB2EGACLcBGAs/s1600/jltuklry.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-5VrUD5ka86I/WVvTgkdSxRI/AAAAAAAAHhY/Sj6y95Oq__MVLQSorghuoN0godczB2EGACLcBGAs/s400/jltuklry.jpg" width="400" height="347" data-original-width="1316" data-original-height="1141" /></a></div>
<blockquote></blockquote>
As bactérias presentes nas fezes do bebe Lewis haviam se misturados ao solo lodoso que ficava entre a bomba e a fossa. Com facilidade elas atravessaram o revestimento de cimento do poço de água e aberto caminho até suas águas. O Vibrio Cholerae precisava apenas de um meio para chegar ao intestino humano. Dentro do corpo a bacteria se associam a uma proteína que facilita sua proliferação exponencial: a cada unidade de tempo seu numero dobra.
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Assim que chegar ao intestino a bactéria começa a produzir uma toxina que altera o metabolismo celular do revestimento intestinal. O corpo perde a capacidade de absorver água. A presença da toxina no intestino provoca uma reação imunológica que leva o organismo a tentar eliminar o seu conteúdo através de uma diarréia com intensa perda de líquidos. A diarréia associada aos vômitos ocasiona uma desidratação severa. Como conseqüência o sangue se torna mais grosso, a pressão sanguínea cai e o coração passa a trabalhar em um ritmo mais intenso para compensar a perda. Orgãos não vitais entram em colapso.
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A vitima começa a sentir formigamentos nos pés e nas mãos, conseqüência da contração dos vasos sanguíneos. O corpo retira sangue das extremidades e passa a enviá-los aos órgãos mais vitais. Os rins passam a trabalhar mais intensamente, porem, logo entram em colapso devido ao aumento de substancias tóxicas liberadas pelo metabolismo celular. A perda de água leva ao aumento da concentração desses resíduos. Com a falha dos rins a febre se torna mais intensa. O cérebro passa a reconhecer o acumulo de resíduos do metabolismo celular como agentes patogênicos. O hipotálamo em resposta eleva a temperatura corporal. Por fim o próprio cérebro entra em colapso devido à falta de organização. A vitima entra em coma e em seguida morre.
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Em um período de apenas 10 dias mais de 500 pessoas morreriam dessa forma nas imediações da rua Broad Street. Steven Johnson resgata essa tragédia em sua magnífica obra <i>“O mapa Fantasma”</i>. Em uma narrativa que se assemelha a um thriller cientifico, Johnson reconstrói os passos de dois homens: o medico John Snow e o padre Henry Whitehead. Ambos, valendo-se de dados estáticos, conhecimentos científicos e mapas, conseguiram traçar os caminhos da epidemia e determinar pela primeira vez que a Cólera era ocasionada pela ingestão de água contaminada e não por odores fétidos.
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A obra de Johnson foi uma das mais gratificantes surpresas de leitura que tive em 2016. O texto me cativou desde as primeiras linhas com seu tom fluido é informativo. O texto começa contando um pouco sobre os limpadores de fossa que trabalhavam nas ruas de Londres. Apresenta informações sobre as tentativas de melhorias sanitárias na metrópole, como, por exemplo, a implantação de vasos sanitários nas residências. Tudo evolui até o momento em que ocorre o inicio da epidemia e essa transição é feita de forma absurdamente competente por parte do autor.
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Ao estabelecer a narrativa do tema central o texto nos apresenta seus dois protagonistas. A partir daí o ritmo narrativo é intermitente e oscila entre informações sobre a Cólera é sobre o empenho de Snow e Whitehead para chegar à origem da epidemia. O final da obra é um magnífico quadro geral da tragédia humana que a cólera representou para diversas cidades no século XIX e que só foi vencida pela união entre medicina, engenharia e ciência.
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O autor também explora os perigos que as grandes densidades urbanas do século XXI representam para suas populações seja a nível de ataques terroristas ou a nível microscópico como, por exemplo, a proximidade entre um simples vírus da gripe de um vírus de alta letalidade. Em alguns casos onde ocorrem epidemias periódicas do Ebola as organizações de saúde aconselham a vacinação da população contra a gripe comum. Segundo Johnson essa medida é para impedir que os dois vírus infectem um mesmo individuo o que poderia ocasionar troca de material genético entre os agentes patogenos e resultar em formas mutantes e ainda mais letais de novos vírus.
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<i>“O mapa fantasma”</i> é uma excelente obra, com conteúdo atual e ao mesmo tempo um retrato vivo do passado.
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<b>AUTOR </b>
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<b>TIAGO RODRIGUES CARVALHO</b>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-d9xe5QKIGMY/WVvRRAqpDcI/AAAAAAAAHhU/xTa80kVqInsdraD-1F6SLV3pXUhTQx9JACLcBGAs/s1600/jyjtyjtryu.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-d9xe5QKIGMY/WVvRRAqpDcI/AAAAAAAAHhU/xTa80kVqInsdraD-1F6SLV3pXUhTQx9JACLcBGAs/s400/jyjtyjtryu.jpg" width="275" height="400" data-original-width="344" data-original-height="500" /></a></div>
<blockquote></blockquote>
O MAPA FANTASMA - COMO A LUTA DE DOIS HOMENS CONTRA O COLERA MUDOU
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Autor: JOHNSON, STEVEN
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Subtítulo: COMO A LUTA DE DOIS HOMENS CONTRA O COLERA MUDOU
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Editora: ZAHAR
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Ano: 2008
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Nº de Páginas: 276
Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-52733620766127155172017-06-22T08:05:00.000-07:002017-07-31T11:07:01.877-07:00CAMINHOS DE FERRO<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-mXRhwP9M71Y/WUvja1eVBJI/AAAAAAAAHfY/D6TAso5CTRsHAGuvwt4ZW9cJ4brS9ppKACLcBGAs/s1600/SUHFIHJWID.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-mXRhwP9M71Y/WUvja1eVBJI/AAAAAAAAHfY/D6TAso5CTRsHAGuvwt4ZW9cJ4brS9ppKACLcBGAs/s640/SUHFIHJWID.jpg" width="640" height="347" data-original-width="975" data-original-height="528" /></a></div>
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A guerra floreia o horizonte das possibilidades, pois vive-se o presente com tamanha intensidade que pensar no futuro se torna um alivio. A historia da “grande guerra patriótica” não é a historia do comunismo, do socialismo ou do stalinismo, pois a realidade da guerra anulou o elemento critico do povo soviético frente a seus valores ideológicos.
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<i>“A guerra não tem rosto de mulher”</i>, obra da escritora bielorrussa Svetlana Aleksievitch, chegou ao Brasil com uma forte publicidade que vendia a imagem de uma obra predominantemente trágica. De fato o texto possui um tom dramático bem pronunciado, no entanto, existe uma alternância entre momentos mais densos e outros mais palatáveis ao leitor menos familiarizado como a crueza tradicional de narrativas do gênero. Existem sim momentos de alivio cômico, mas esses momentos não são tão evidentes. É um humor mais contido. O leitor deve saber onde buscar esse humor. É aquela velha história: “seria cômico se não fosse trágico.”
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O grande mérito de Svetlana foi conseguir organizar uma obra com ritmo narrativo lento sem que isso sacrifica-se a intensidade do texto. É uma obra que possui um vigor absurdo e natural.
Quem já se habituou a escrita de Svetlana sabe que em suas obras o elemento humano predomina. É por meio da intercalação de dramas particulares que ela constrói um quadro mais amplo de determinado evento. O que ela trás de inovador é a ausência do olhar patriótico e glamoroso com o qual tradicionalmente têm se tratado o tema da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), sobretudo por Hollywood.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-5V425MdgKmk/WUvi5oOJp3I/AAAAAAAAHfQ/drDVkpZ1wI8Nuwx0eviT1gC4meS7HErcACLcBGAs/s1600/DFUHVDHF.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-5V425MdgKmk/WUvi5oOJp3I/AAAAAAAAHfQ/drDVkpZ1wI8Nuwx0eviT1gC4meS7HErcACLcBGAs/s400/DFUHVDHF.jpg" width="400" height="258" data-original-width="495" data-original-height="319" /></a></div>
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Esse típico olhar, eu diria romantizado da guerra, não existe aqui. A abordagem de Svetlana é muito mais brutal muito mais realista. Ela opta por um estilo narrativo que explora a forma como os eventos foram assimilados pelos sobreviventes sem se importar muito com o rigor da narrativa histórica. Como ela mesma escreveu logo em seu primeiro capitulo “o ser humano é maior do que a guerra.”
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O conflito adquire uma dimensão própria por meio da ótica feminina. Tudo fica muito mais subjetivo e, por conseguinte, muito mais intenso. É uma nova imagem do conflito ainda mais brutal do que aquela destilada pela ótica masculina insensível aos dramas pessoais e escrava do sensacionalismo patriótico. A adaptação das mulheres a um ambiente naturalmente hostil ao seu sexo foi descrita pela autora de forma genérica, mas ainda assim cativante.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-QTzicxrGQOs/WX9xvB1lgmI/AAAAAAAAHpI/oef9Y3HHj_gLHxtg8td7JjRRCpQgdgZMwCLcBGAs/s1600/hfkdgjdgf.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-QTzicxrGQOs/WX9xvB1lgmI/AAAAAAAAHpI/oef9Y3HHj_gLHxtg8td7JjRRCpQgdgZMwCLcBGAs/s400/hfkdgjdgf.jpg" width="276" height="400" data-original-width="672" data-original-height="974" /></a></div>
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<i>“A guerra não tem rosto de mulher”</i> é uma obra impressionante do inicio ao fim e que nos mostra que em uma guerra cada um busca meios próprios de justificar sua brutalidade. É um texto duro, intenso e em muitos momentos difícil de ler. Em determinados momentos me peguei refletindo sobre como retratar um povo que sobreviveu a tamanha brutalidade. Antigas imagens do período soviético me vieram à mente é subitamente compreendi que o melhor símbolo para aquele povo é a locomotiva: pois tanto um quanto o outro percorreram caminhos de ferro.
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<b>
AUTOR</b>
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<b>TIAGO RODRIGUES CARVALHO</b>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-2SbTte1rFVM/WUvcgp63cPI/AAAAAAAAHeo/a5T_8tYia2w5b3vzGeSmzcO8vNQ1U9fzgCLcBGAs/s1600/uehuqwe.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-2SbTte1rFVM/WUvcgp63cPI/AAAAAAAAHeo/a5T_8tYia2w5b3vzGeSmzcO8vNQ1U9fzgCLcBGAs/s400/uehuqwe.jpg" width="270" height="400" data-original-width="336" data-original-height="498" /></a></div>
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<b>A GUERRA NAO TEM ROSTO DE MULHER</b>
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Autor: ALEKSIEVITCH, SVETLANA
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Editora: COMPANHIA DAS LETRAS
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Ano de Edição: 2016
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Nº de Páginas: 392
Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-68601489603306474082017-06-12T09:14:00.002-07:002017-06-12T09:14:58.244-07:00ILÍADA E ODISSEIA: UM BREVE COMENTÁRIO DE LEITURA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-kN8Zp2tkbII/WT69jjouLYI/AAAAAAAAHds/Q1sfGJi30H8j-JYzbWVJBArykjPhnqpfQCLcB/s1600/kdnvkandvk.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-kN8Zp2tkbII/WT69jjouLYI/AAAAAAAAHds/Q1sfGJi30H8j-JYzbWVJBArykjPhnqpfQCLcB/s320/kdnvkandvk.jpg" width="320" height="319" data-original-width="590" data-original-height="589" /></a></div>
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Ler a obra de Homero me fez enxergar o que é abordar com maestria o mesmo acontecimento através de dois pontos distintos: um coletivo e o outro pessoal. Na “ilíada” a guerra é retratada em um plano geral, épico. Na <i>"Odisséia"</i> ocorre uma focalização das conseqüência do conflito a nível mais particular. É uma espécie de contração narrativa muito bem construída.
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A <i>“Ilíada”</i> é sem duvida um texto mais grandioso e menos cansativo que a <i>“Odisséia”</i> porque oscila o foco narrativo. É uma obra cujo tema principal é o próprio Aquiles, mas cuja grandiosidade é sinalizada pela guerra de Tróia. Outros personagens se destacam e o elemento humano se torna mais presente.
<blockquote></blockquote>
Os dramas de consciência de Aquiles deram o tom de profundidade que uma obra clássica precisa e as passagens sobre as batalhas são sempre muito violentas, grandiosas e alegóricas. Não é uma violência gratuita, pelo contrario, ela direciona o leitor para o mesmo tipo de drama vivido pelo protagonista e o leva a seguinte duvida: Por gloria pessoal e pura vaidade é justificável que tais atos sejam encenados? As perdas são proporcionais aos ganhos da vitoria?
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-UIwBOUXrJM8/WT69wUOWPcI/AAAAAAAAHdw/EYLbbiyZjhUa3XtDm8jysdOijNDIHDIuwCLcB/s1600/jdnvkasn.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-UIwBOUXrJM8/WT69wUOWPcI/AAAAAAAAHdw/EYLbbiyZjhUa3XtDm8jysdOijNDIHDIuwCLcB/s320/jdnvkasn.jpg" width="320" height="167" data-original-width="917" data-original-height="479" /></a></div>
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Apesar de ser um texto mais difícil de ser lido – em função da quebra de linearidade cronológica do enredo – a linguagem poética dos versos funcionou melhor na <i>“Odisséia”</i> do que na <i>“Ilíada”</i>. A <i>“Odisséia”</i> possui um apelo sentimental infinitamente mais pronunciado: a saudade do lar, a perda dos amigos, as dificuldades enfrentadas para o retorno ao lar as decisões difíceis. Seu enredo definitivamente favorece ao tom poético e introspectivo.
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O que torna a <i>“Odisséia”</i> um texto mais complexo é a sua estrutura narrativa. As inversões no tempo são elementos difíceis de se associar ao arco evolutivo dos personagens. Fica mais difícil acompanhar as mudanças de postura e de comportamento dos personagens de forma satisfatória.
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Tem-se dito que a <i>“Odisséia”</i> é um poema machista, porem eu discordo. Homero soube bem ressaltar tanto as qualidades do sexo masculino quanto do feminino: A astuciosa Penélope não pode ser vista senão como o retrato feminino da inteligência; a facilidade com que Circe encanta, por meio de sua beleza, a tripulação de Odisseu parece buscar sublinhar, mesmo que de forma não intencional, uma fraqueza masculina diante do poder sedutor da mulher.
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O aspecto machista da <i>“Odisséia”</i> aparece porque a própria mitologia possuía uma construção que atualmente pode ser encarada como machista. Quase todos os monstros haviam sido mulheres que foram castigadas. Ate mesmo o cristianismo é carregado de concepções machistas: Eva a mulher responsável por condenar a humanidade a ser expulsa do Eden.
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<b>AUTOR</b>
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<b>TIAGO R. CARVALHO</b>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-zM4s-EWaTnE/WT69857a-sI/AAAAAAAAHd0/E68h_uIOg-0oJ9bowfxPC-coqiplVPIQACLcB/s1600/ghjhjh.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-zM4s-EWaTnE/WT69857a-sI/AAAAAAAAHd0/E68h_uIOg-0oJ9bowfxPC-coqiplVPIQACLcB/s320/ghjhjh.jpg" width="303" height="320" data-original-width="1418" data-original-height="1500" /></a></div>
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<b><b>Odisseia e Ilíada</b> - Caixa</b>
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Tradução: Carlos Alberto Nunes
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Capa dura: 958 páginas
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Editora: Nova Fronteira;
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Idioma: Português
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Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-1588616038788435572017-04-26T05:30:00.000-07:002017-04-28T11:33:04.596-07:00VOZES DO DESASTRE<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-OCX68wCLb6s/WQOK006puZI/AAAAAAAAHbM/l3BL2PX85lIqxS8LCmP4CgsMobPzoHMNACLcB/s1600/jbjejnfj.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-OCX68wCLb6s/WQOK006puZI/AAAAAAAAHbM/l3BL2PX85lIqxS8LCmP4CgsMobPzoHMNACLcB/s400/jbjejnfj.jpg" width="343" height="400" /></a></div>
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Ao meio dia de 26 de abril de 1986 o vice Ministro de Energia, A. Makhunin expediu um relatório que foi entregue ao secretario geral do partido comunista soviético, Mikhail Gorbachev:
<blockquote>“Em 26.04.86, à 1h21, na Chernobyl AES [Usina de Energia Atômica], em seguida ao desligamento do reator do Bloco 4 e durante a remoção dos componentes para manutenção, ocorreu uma explosão na parte superior do reator. As 3h30 o incêndio foi debelado. O pessoal da AES está tomando medidas para resfriar a zona ativa do reator. Na opinião da terceira administração Principal do Ministério da Saúde da URSS, providencias especiais, inclusive a evacuação dos habitantes da cidade, não são necessárias.”</blockquote>
RELATO DE UMA SOBREVIVENTE
<blockquote>“Há uma região de Minsk de que eu gosto muito, fica no bairro dos correios, na rua Volodárski. Ali, embaixo do relógio, começamos a nos encontrar. Eu morava perto da fabrica têxtil e tomava o ônibus numero 5, que não parava exatamente nos correios, mas um pouco mais a frente, próximo a uma loja de roupas intimas infantis. O ônibus sempre avança lentamente na curva, que era justamente o que eu precisava. Eu sempre retardava um pouco minha chegada só para passar de ônibus por ele, vê-lo da janela e suspirar por aquele rapaz tão belo estar me esperando. Durante aqueles dois anos, não me dava conta de nada, nem do inverno, nem do verão. Ele me levava a concertos, para ouvir minha cantora preferida, Edit Piékha. Não saiamos para dançar. Ele não sabia. E nos beijávamos o tempo todo. Ele me chamava de “minha pequena”. No dia do meu aniversario...outra vez no dia do meu aniversario. É estranho mas as coisas mais importante da minha vida ocorreram nessa data; depois disso, como não acreditar no destino! Marcamos um encontro às cinco. Estou embaixo do relógio esperando e ele não chega. As seis estou desolada e em lagrimas, ando na direção do meu ponto de ônibus; atravesso a rua e decido olhar em volta, como se pressentisse, e ele estava La, atravessando o semáforo vermelho, e corre até mim vestido com uma roupa especial do trabalho e de botas. Não o liberaram antes. Assim é como eu mais gostava, em roupas de caça e jaqueta; tudo fica bem nele.
Fomos para a casa dele (...) decidimos comemorar o meu aniversario num restaurante, mas não conseguimos, já era tarde e todos estavam cheios. (...) Passamos em uma loja, compramos uma garrafa de champanhe, um sortido de pasteis e vamos ao parque, celebrar lá. Sob as estrelas, sob o céu! Assim era ele! Passamos a noite num banco do parque Gorki, até o amanhecer.”</blockquote>
<blockquote></blockquote>
Essa história não acaba bem, pois o homem aprendeu a controlar o fogo, mas não as suas conseqüências. Esse é o trecho do relato de Valentina Timofiéevna Apanassiévitch, esposa de um dos liquidadores de Chernobyl. O desfecho dessa história revela que a felicidade humana é de fato uma redoma de vidro.
Lançado pelo selo Companhia das Letras a obra <i>“Vozes de Tchernobyl”</i>, da ganhadora do premio Nobel Svetlana Aleksiévitch, é um retrato perturbador da tragédia. O foco aqui é a tragédia humana em face do poder destrutivo de uma era dominada pelo poder do átomo.
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O tom dramático do texto é bem pronunciado o que costuma desagradar alguns leitores que tem por esse recurso narrativo certa dose de hostilidade. De fato é comum encontrar em alguns textos o emprego do recurso dramático como disfarce para uma linguagem rasa e desinteressante, mas definitivamente isso não acontece aqui. Svetlana deu um novo tratamento à tragédia de seu tempo resgatando um passado onde o homem era agente e ao mesmo tempo vitima de suas atitudes.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-tNWTxRcrZVk/WQCSy7wsS_I/AAAAAAAAHak/no6alnBUe7k3k7O5-sI9LiUd10Nqb4rrACLcB/s1600/knvksdngkn.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-tNWTxRcrZVk/WQCSy7wsS_I/AAAAAAAAHak/no6alnBUe7k3k7O5-sI9LiUd10Nqb4rrACLcB/s400/knvksdngkn.jpg" width="400" height="268" /></a></div>
<blockquote></blockquote>
Não e fácil perceber os artifícios com os quais a autora prende a atenção do leitor. O mais evidente de todos é sem duvida o elemento emocional que ela busca ressaltar os relatos que preenchem sua obra. Esse tipo de abordagem não é fácil de se fazer sem correr o risco de cair numa narrativa repetitiva e pouco verossímil. Um texto cuja base são memórias nem sempre é aceito de forma plena, isso porque os relatos quase sempre se divergem e em alguns casos se contradizem. Acontece que esse tipo de material nas mãos de uma grande escritora, como é o caso de Svetlana, se transforma em um texto perturbador, humano e nada convencional.
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Não existe uma abordagem técnica do evento, ou seja, não espere encontrar aqui um relato cronológico dos eventos que levaram ao acidente, o foco da autora não é o fato em si, mas os seus desdobramentos.
Intermitência é algo que define bem a forma com os relatos estão dispersos na obra: um relato mais intenso e seguido por outro com certa dose de alivio cômico. É uma alternância muito bem vinda que alem de mostrar a tragédia por diversos ângulos impede que a leitura se torne cansativa, embora não se possa dizer que essa é uma obra agradável de ler. Existem muitas passagens fortes e difíceis de serem digeridas.
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Definitivamente não é uma obra que adota o convencionalismo como meio de expressão. A idéia de um texto composto por relatos esta longe de ser algo original, mas a originalidade aqui esta no foco da autora e não no formato do texto. Svetlana reconstrói o passado a partir de sua base, onde estão os anônimos que a escreveram e que a encenaram longe dos holofotes da fama. Seus protagonistas são as vozes que nunca foram ouvidas.
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É essa busca de verdades no anonimato que faz a obra de Svetlana ir muito alem do acidente em si. A tragédia é sempre acompanhada pelos elementos negativos característicos do governo soviético: descaso do poder público, negligencia, baixo nível sócio educacional, burocracia política, crueldade gratuita e violência. Quanto a esses temas a autora não emprega uma abordagem direta, mas sim reflexiva. O baixo nível educacional, por exemplo, é retrato através de relatos de sobreviventes que se mostravam incapazes de compreender e ate de acreditar na existência de radiação. Uma onda eletromagnética sem cor, sem cheiro e que fosse capaz de destruir um organismo vivo e contaminar o solo de suas plantações parecia algo de outro mundo.
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Os próprios lideres soviéticos eram medíocres quanto aos temas científicos. Acostumados às escolas onde se ensinava apenas marxismo e política se mostraram incapazes de compreender a extensão dos danos provocados por uma tragédia daquele tipo. A obra de Svetlana é um texto espetacular que retrata a tragédia de seu povo e também a face de um regime político que já via no horizonte o colapso de seu próprio sistema.
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<b>AUTOR
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<b>TIAGO RODRIGUES CARVALHO
</b>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-Nx16IjNtTCc/WQCQnLWjAtI/AAAAAAAAHaY/HwZSFCBC5xIZUpLT3v4XVTQ5NNKTglEmQCLcB/s1600/kfkghskd.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-Nx16IjNtTCc/WQCQnLWjAtI/AAAAAAAAHaY/HwZSFCBC5xIZUpLT3v4XVTQ5NNKTglEmQCLcB/s400/kfkghskd.jpg" width="261" height="400" /></a></div>
<blockquote></blockquote>
VOZES DE TCHERNÓBIL
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Svetlana Aleksiévitch
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Páginas: 384
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Selo: Companhia das LetrasTiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-64289645306816024472017-03-25T17:59:00.000-07:002017-07-28T06:54:57.124-07:00PARAÍSO PERDIDO<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-a4a90aM-3Y0/WNcS-Jgcx6I/AAAAAAAAHZs/Kxy7l0pHVf8CiVaLumAGKsHnzaCbf0OLgCLcB/s1600/HKFGJKDG.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-a4a90aM-3Y0/WNcS-Jgcx6I/AAAAAAAAHZs/Kxy7l0pHVf8CiVaLumAGKsHnzaCbf0OLgCLcB/s400/HKFGJKDG.jpg" width="400" height="287" /></a></div>
<blockquote></blockquote>
Temos aqui um texto difícil de ler e com uma complexidade que vai desde palavras difíceis a uma métrica poética nada convidativa. É um texto custoso de se ler, arrastado, mas isso não significa que seja ruim, muito pelo contrario: trata-se de um texto desafiador.
Talvez não seja um épico tão conhecido, como é o caso da <i>“Ilíada”</i> e da <i>“Odisséia”</i>, porque não se trata de um enredo completamente original. Ele é basicamente a história do <i>Genesis</i> bíblico, mas que se articula de forma genial através das palavras irônicas de um dos maiores poetas da literatura inglesa.
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É sempre complicado fazer uma critica de <i>“Paraiso Perdido”</i> sem correr o risco de ser mal compreendido. Uma critica é uma analise dos elementos que compõem a obra, como enredo, tradução, estruturação, fluidez narrativa etc. Uma critica focada apenas nos elementos mais técnicos se torna improdutiva porque restringe seu publico alvo. Para construir uma critica mais atrativa são os elementos de criação artística que devem ser evidenciados, como por exemplo, os personagens. E é ai que começa toda a problemática em torno da obra de John Milton, pois o protagonista é ninguém menos que satã.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-O6dRDndpb5M/WNcQjyVeQ6I/AAAAAAAAHZQ/7YZFj8oQsJUpw26xyhyU5Cfjny6n7pG1ACLcB/s1600/yhryiyeuie.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-O6dRDndpb5M/WNcQjyVeQ6I/AAAAAAAAHZQ/7YZFj8oQsJUpw26xyhyU5Cfjny6n7pG1ACLcB/s400/yhryiyeuie.jpg" width="327" height="400" /></a></div>
<blockquote></blockquote>
A forma como Milton o construiu fez dele não apenas o mais interessante como também o mais humano dos personagens. Ele é cruel, irônico, ambicioso, manipulador, mas também tem seus momentos de angustia, arrependimento onde reconhece seu caráter e a natureza egoísta de suas intenções depravadas. Os cinco solilóquios de satã (IV,32-113,358-92,505-35;IX,99-178,472-93.) são os momentos mais intrigantes da obra. São estes os trechos onde fica evidente a assinatura de um texto literário de qualidade.
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A reflexão, aquele momento em que o individuo dá atenção a sua voz interior, é talvez o mais importante alicerce do caráter. São os conselhos auto gerados que definem a nobreza moral de cada um. Por essa perspectiva Satã surge no poema como uma figura desprovida de qualquer traço de empatia. É um personagem melancólico, ambicioso e inseguro, mas que se vale de sua astucia e perspicácia para confrontar seus dilemas.
<blockquote></blockquote>
Absorver as imagens por trás dos versos brancos de Milton não é uma tarefa das mais fáceis, principalmente se você não for um leitor habitual de poesia. O estranhamento inicial é completamente natural, mas depois de algumas paginas consegue-se acompanhar tranquilamente o estilo do autor.
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O conteúdo da obra é absurdamente polemico, isto porque se trata de um poema épico onde o mau e o bem se confundem em diversos momentos como em um trecho do Livro V onde o anjo Rafael diz a Adão e Eva que Deus exige obediência cega. Isso faz com que Deus seja visto como uma figura que governa através da subjugação. A tirania dos céus da qual Satã se refere está implícita nas palavras de Rafael que diz que Adão e Eva são “livres” para escolherem se obedecem ou não a Deus. No caso de optarem por não obedecer seriam castigados.
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Nenhum castigo deveria ser aplicado a aqueles que têm “liberdade” de escolha. O castigo pressupõe a ideia de que um dos caminhos é errado, mas quem define, neste caso, o certo e o errado é o próprio Deus de forma arbitraria. Satã governa pela astucia e pela ganância: engana, corrompe, manipula. Deus governa pela submissão e pela ameaça de punição. Deus assume a figura de um ditador e Satã a de um político demagogo, cruel e vaidoso.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-oqJdqJ0PpJA/WNcQtt6DoZI/AAAAAAAAHZU/Zcy9nceq44U2KxBegaX4PAsbTgaDkhKbQCLcB/s1600/yrkyjet.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-oqJdqJ0PpJA/WNcQtt6DoZI/AAAAAAAAHZU/Zcy9nceq44U2KxBegaX4PAsbTgaDkhKbQCLcB/s400/yrkyjet.jpg" width="272" height="400" /></a></div>
<blockquote></blockquote>
Milton ataca a ideia de superioridade da espécie humana, algo muito pregado pela ortodoxia cristã. Deus fez dos anjos príncipes para que estes o idolatrassem, mas um terço deles se revoltou contra Deus. Deus fez dos homens príncipes para que reinassem sobre as demais formas de vida “irracionais” e sobre a natureza. A tirania do homem sobre a natureza fez com que esta se revoltasse contra o homem. Deus fez do homem um espelho de seus próprios erros!
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Essa é a face humana que Deus assume de forma velada no poema e que o distancia do ser onipotente e abstrato criado pelas impressões iniciais. Até quando as pessoas vão continuar ignorando que o <i>Genesis</i> é na verdade uma lição para conter o senso torpe de superioridade que o homem nutre por sua própria espécie?
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Esse épico sem par possui uma grandiosidade literária que por muito tempo foi ocultada pela interpretação simplista e errada de seu texto. Definitivamente não é um texto que idolatra a figura de Satã. Ele apenas reconhece seu inegável papel dentro da filosofia cristã.
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A obra em si é um dos maiores feitos da literatura universal, mas a edição da Editora 34 deixa muito a desejar em seu projeto gráfico. Com tradução de Daniel Jonas, a obra de 10.565 versos em edição bilíngue, conta com mais de cinqüenta ilustrações do genial Gustav Doré, o problema é que a editora ampliou em excesso essas ilustrações. O resultado final foi lamentável: as ilustrações originais possuem um aspecto tenebroso e assustador.
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Ao retalhar e ampliar essas mesmas imagens a editora conseguiu transformá-las em algo tosco e até mesmo infantil. Existem também alguns erros grotescos nas notas de rodapé. Em um dele, por exemplo, o editor cometeu o erro de dizer que na obra <i>“Odisséia”</i> a feiticeira Circe e a deusa Calipso eram a mesma divindade. Um absurdo!
<blockquote></blockquote>
Deixando de lado os aspectos negativos da edição o que resta é um livro intrigante, reflexivo, profundo e desafiador. Um autêntico exemplo de obra prima e de superação intelectual. Nota 1000!!!
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<b>
AUTOR</b>
<blockquote></blockquote>
<b>TIAGO RODRIGUES CARVALHO</b>
<blockquote></blockquote>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-OveOZVMJFvw/WNcRxTW-MmI/AAAAAAAAHZc/CouxQkYmrykQDn6YmXkIowq8z08H_8NDQCLcB/s1600/gjdfgjd.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-OveOZVMJFvw/WNcRxTW-MmI/AAAAAAAAHZc/CouxQkYmrykQDn6YmXkIowq8z08H_8NDQCLcB/s400/gjdfgjd.jpg" width="281" height="400" /></a></div>
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PARAISO PERDIDO (EDIÇAO BILINGUE)
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Autor: Milton
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JohnTradutor: JONAS, DANIEL
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Ilustrador: DORE, GUSTAVE
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EDITORA 34
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Nº de Páginas: 896
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ANO 2015
Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-47671703976650925362017-03-10T10:13:00.000-08:002017-08-03T11:45:00.503-07:00AS AFINIDADES ELETIVAS<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-8lX0LFZUd7w/WMLs01vZm0I/AAAAAAAAHP4/59yx0VcRnUgVaXNcNDlI--pkewYOEm-BQCLcB/s1600/kryjetuh.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-8lX0LFZUd7w/WMLs01vZm0I/AAAAAAAAHP4/59yx0VcRnUgVaXNcNDlI--pkewYOEm-BQCLcB/s400/kryjetuh.jpg" width="259" height="400" /></a></div>
<blockquote></blockquote>
Edward e Charlotte são um casal da aristocracia alemã que vivem tranquilamente em uma gigantesca propriedade rural. Ambos se encarregam de realizar reformas na propriedade a fim de ressaltar suas belezas naturais e seus aspectos idílicos. Essa harmonia se vê ameaçada quando Edward decide convidar um amigo de infância – o Capitão Otto – para passar um período no local. Charlotte inicialmente discorda da decisão de Edward, mas logo em seguida concorda sob a condição de que ela possa convidar Otilie – uma jovem órfã e filha de sua melhor amiga – para morar com o casal.
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A introdução de ambos as figuras humanas na vida de Charlotte e Edward faz com que um se apaixone pelo convidado do outro. A atração que eles passam a sentir é incontrolável desafiando e colocando em cheque a real natureza de ligação afetiva estabelecida pelo casal. É um enredo que explora o predomínio da paixão sobre o comportamento racional tendo por analogia o conceito químico de afinidade. Esse é o conflito que se estabelece entre os personagens e se desenvolve de forma lenta, reflexiva e poética. Seria pouco produtivo fazer qualquer tipo de comentário sobre o desfecho da obra então vamos às criticas.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-JI2FGEXttaE/WYNvJS-iyDI/AAAAAAAAHqM/RfT6xTQOdXEWCBTP1bVfzShNJmbXU45IQCLcBGAs/s1600/ojkp%252C%25C3%25A7%252C%25C3%25A7%252C.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-JI2FGEXttaE/WYNvJS-iyDI/AAAAAAAAHqM/RfT6xTQOdXEWCBTP1bVfzShNJmbXU45IQCLcBGAs/s400/ojkp%252C%25C3%25A7%252C%25C3%25A7%252C.jpg" width="400" height="262" data-original-width="894" data-original-height="585" /></a></div>
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Definitivamente é um texto que possui um momento próprio para ser plenamente assimilado. Não é uma obra com valor de entretenimento, portanto não se trata de uma leitura para os momentos de tédio, pois isso certamente ampliara os pontos negativos do texto.
É uma obra que possui uma linguagem fácil de ser compreendida, mas difícil de ser trabalhada pelo leitor. Desconstruir suas camadas literárias pode ser bem exaustivo em alguns momentos porque quase todos os elementos que compõem a história são muito irreais, excessivamente bucólicos, romantizados e alegóricos.
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Toda obra que trabalha sobre os sentimentos de seus personagens e não sobre um acontecimento qualquer, precisa ter competência suficiente para cativar o lado mais irracional do leitor, ou seja, deve ter uma densidade dramática muito bem pronunciada e é neste ponto que surge um dos pontos fracos da obra de Goethe que é a sutileza narrativa com a qual ele tenta trabalhar algo tão passional como a atração física.
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Tudo é muito poético, os diálogos são sempre carregados de muita ternura, falta vigor em alguns momentos. O enredo vende a ideia de uma reviravolta na vida de um casal por meio da presença de duas outras pessoas. O problema e que os personagens são muito passionais apenas ao nível dos sentimentos, essa paixão nunca se reflete em seus comportamentos. Em nenhum momento fica a sensação de uma reviravolta ou a iminência de rompimento. Essa sutileza deixa a narrativa um pouco morna, porem imprime profundidade nos personagens a medida em que seus dramas são constantemente sufocados por um comportamento blasé.
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Na segunda parte do texto surge aquilo que a obra tem de melhor que é a profundidade dramática de seus personagens. Essa fase é construída por meio de trechos do diário de Otilie, que são de longe os momentos de reflexão mais intensos e interessantes do texto.
Existem duas grandes ironias na obra: a primeira é que os seus momentos de maior maturidade são assinalados pelas palavras da mais jovem entre os personagens. Naturalmente se espera que personagens mais velhos sejam mais profundos, no entanto aqui eles são mais rasos – com exceção de Charlotte.
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A segunda ironia é que os personagens estão sempre buscando melhorar a aparência do local onde vivem, estão sempre buscando a beleza aparente das coisas sendo que a verdadeira beleza de tudo está nos sentimentos dos próprios personagens. O belo é aquilo que os toca de forma intensa e que não possui uma forma física definida. Ao serem incapazes de ocultar esse sentimento eles reafirmam o conceito de que é impossível se manter indiferente diante daquilo que possui algum valor.
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Trata-se de uma ótima obra da literatura alemã que apesar de sua narrativa pouco fluida ainda assim preserva todos os elementos que definem um grande clássico.
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<b>AUTOR</b>
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<b>TIAGO R.CARVALHO
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-Yoo2EeM0eI0/WMLr0ECmseI/AAAAAAAAHPs/pTG0fzYfZTkY4ouVGsQkJ_3rz-oRjrm6gCLcB/s1600/fgjksgtf.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-Yoo2EeM0eI0/WMLr0ECmseI/AAAAAAAAHPs/pTG0fzYfZTkY4ouVGsQkJ_3rz-oRjrm6gCLcB/s400/fgjksgtf.jpg" width="260" height="400" /></a></div>
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Título original: DIE WAHLVERWANDTSCHAFTEN
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Tradução: Tercio Redondo
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Páginas: 328
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Selo: Penguin CompanhiaTiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-39801848836238012322017-02-24T12:08:00.001-08:002017-02-24T16:51:09.192-08:00JOANA D’ARC - UMA BIOGRAFIA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-jF501kRBnpI/WLCUy6abfyI/AAAAAAAAHLM/IDbUgW3kwJsc6j86vyMdZcEhzL60OdugACLcB/s1600/ulfujkldf.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-jF501kRBnpI/WLCUy6abfyI/AAAAAAAAHLM/IDbUgW3kwJsc6j86vyMdZcEhzL60OdugACLcB/s400/ulfujkldf.jpg" width="400" height="366" /></a></div>
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No ano de 1328 o rei da França Carlos IV, filho de Felipe IV, faleceu. Sua irmã Isabel assumiria o trono, mas Felipe de Valois, sobrinho de Felipe IV, reivindicou o trono para si através da Lei Salíca, que impedia que o trono fosse assumido pela linhagem feminina. Isabel, diante da impossibilidade de subir ao trono, nomeou seu filho, Eduado III – rei da Inglaterra – como sucessor do trono da França.
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As cortes decidiram a favor de Felipe de Valois que assumiu o trono sob o titulo de Felipe VI. Eduardo III, no entanto, estava determinado a ser soberano da Inglaterra e da França. Em 1337 ele enviou suas tropas para combater Felipe VI dando inicio a chamada Guerra dos Cem Anos (1337-1453), o maior conflito europeu do período feudal.
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Ao longo dos 116 anos de conflito nenhuma figura histórica se destacou tanto quanto a francesa Joana D’arc, personalidade historica que Donald Spoto resolveu retratar em sua incrível obra <i>“Joana D’arc uma biografia”.</i>
Existem poucas informações sobre os primeiros anos de vida da heroína francesa, mas Spoto promove um resgate bem fiel e objetivo sobre não apenas a sua historia mas também de sua família. É um trabalho muito competente diante de tão poucas e contraditórias informações.
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Não se sabe ao certo, por exemplo, se ela nasceu em 1411 ou 1412 e a própria data de seu nascimento – 6 de janeiro - foi estabelecida por razoes puramente simbólicas.
O que se sabe é que Joana era filha de um respeitado proprietário de terras do vilarejo de Domrémy. A família vivia em uma residência confortável para o período e atualmente teria o status de classe media. Aparentemente Joana não foi alfabetizada. Era uma simples camponesa de hábitos religiosos sem nada que a destaca-se dos demais moradores de Domrémy.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-gaMu2va1NmM/WLCVBEEPMoI/AAAAAAAAHLQ/5WQOTyqYulQIfRwpUr-PkBS5yzswV-CLgCLcB/s1600/vn%252Cvn%252C.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-gaMu2va1NmM/WLCVBEEPMoI/AAAAAAAAHLQ/5WQOTyqYulQIfRwpUr-PkBS5yzswV-CLgCLcB/s400/vn%252Cvn%252C.jpg" width="287" height="400" /></a></div>
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A narrativa de Donald Spoto está muito longe de ser cansativa ou tendenciosa. Em alguns momentos de fato fica a sensação de ele busca construir a imagem de uma heroína, mas ele naturalmente se corrige ao analisar os feitos de Joana de forma muito objetiva deixando que o leitor os interprete da forma que achara mais adequada. O problema dessa abordagem é que o texto corre o risco de parecer vago, mas diante de tantas lacunas nos registros históricos o autor se saiu muito bem ao deixar de lado a pretensão de construir uma biografia definitiva.
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Um ponto abordado a exaustão no texto é sobre as misteriosas vozes que Joana alegava ouvir. Segundo o depoimento da própria Joana, durante o seu julgamento, foi durante um dia do verão de 1424, por volta do meio dia, que ela ouviu pela primeira vez uma dessas vozes enquanto caminhava pelo jardim de sua casa. As vozes se seguiram de luz muito forte em meio à vegetação. Spoto confronta essa alegação a partir de dois pontos de vista: dos que acreditam se tratar de um fenômeno sobrenatural e dos que os que tentam explicá-los através da ciência.
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O comportamento de Joana por muito tempo foi interpretado como uma manifestação de sua natureza supostamente lesbica. Esse absurdo é desconstruído aqui através da exposição de uma jovem pratica e sensata que se vestia como homem simplesmente para que fosse vista como um. Dessa forma ela se protegia de eventuais abusos sexuais, pois naquela época as únicas mulheres que acompanhavam os cavaleiros eram as prostitutas.
Não é uma obra com olhar direcionado ao plano mais violento de sua historia e sim focada no elemento humano. Quem espera um texto com descrições violentas de batalhas pode achar a narrativa de Spoto meio “água com açúcar”. A Joana <i>mulher</i> têm mais espaço aqui do que a Joana <i>guerreira</i>. As batalhas aparecem mais como elementos de preenchimento sem muita relevância para o propósito do texto.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-5CUr6C_FzNE/WLCRXBdPfkI/AAAAAAAAHK0/1QcBzPPETDo8Xah3lJ9XsF8GLlBjI8mjwCLcB/s1600/jjgugug.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-5CUr6C_FzNE/WLCRXBdPfkI/AAAAAAAAHK0/1QcBzPPETDo8Xah3lJ9XsF8GLlBjI8mjwCLcB/s400/jjgugug.jpg" width="400" height="292" /></a></div>
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O único momento em que a narrativa se aventura numa linguagem mais belicista e durante a descrição da batalha de Orléans na qual Joana foi atingida por uma flecha que atravessou sua armadura entre o ombro e o pescoço.
A segunda metade da obra se dedica inteiramente as descrições do julgamento de Joana, com muitos trechos dos registros feitos na ocasião. É talvez o momento que mais aproxima o leitor da verdadeira historia dessa icônica figura da historia da França que por muito tempo foi cercada de mitos e lendas.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-U2JhuLCD8nM/WLCVJ8X6zEI/AAAAAAAAHLU/egG0gYW9qaI4PdrJQkplncqBItJMrN10QCLcB/s1600/dgjiadjgi.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-U2JhuLCD8nM/WLCVJ8X6zEI/AAAAAAAAHLU/egG0gYW9qaI4PdrJQkplncqBItJMrN10QCLcB/s400/dgjiadjgi.jpg" width="289" height="400" /></a></div>
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A obra de Spoto é uma biografia excelente e reveladora que se inicia com a história de uma simples família de camponeses do vilarejo de Domrémy e termina com uma jovem, de 19 anos, acusada de heresia pela igreja católica, ardendo em meio às chamas na trágica manhã de 30 de maio de 1431, uma quarta-feira.
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<b>AUTOR</b>
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<b>TIAGO R. CARVALHO</b>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-2_9_X100Ro8/WLCSwoTaj0I/AAAAAAAAHK8/rxr4W7IH0zIpH0_L7AscRLFyDVfgKe-KgCLcB/s1600/mdfgjsdgfhj.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-2_9_X100Ro8/WLCSwoTaj0I/AAAAAAAAHK8/rxr4W7IH0zIpH0_L7AscRLFyDVfgKe-KgCLcB/s400/mdfgjsdgfhj.jpg" width="272" height="400" /></a></div>
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JOANA D'ARC - UMA BIOGRAFIA
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Autor: SPOTO, DONALD
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Editora: PLANETA DO BRASIL
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Nº de Páginas: 304
Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-75813519895846726712017-02-16T04:27:00.000-08:002017-02-16T04:27:08.913-08:00O SOL DO BRASIL<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-vP3vLO7Shuo/WKWaWEjGvYI/AAAAAAAAHJw/DzJ6rA1txRcvfrmFdFljppgcbGEy8aSWgCLcB/s1600/hdivhsidhvi.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-vP3vLO7Shuo/WKWaWEjGvYI/AAAAAAAAHJw/DzJ6rA1txRcvfrmFdFljppgcbGEy8aSWgCLcB/s400/hdivhsidhvi.jpg" width="400" height="244" /></a></div>
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Em 26 de março de 1816, Nicolas Antoine Taunay, filho do pintor e químico Pierre-Antoine Henry Taunay, desembarcou no Brasil junto com os artistas da chamada “Missão Artística Francesa” – liderada por Joachin Lebreton e patrocinada pelo rei Dom João VI.
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Nascido em Paris no dia 10 de fevereiro de 1755, Taunay se interessou por arte já na infância. Sua forte miopia, que o levou a usar óculos com lentes excessivamente grossas por toda a vida, não o impediu de se tornar um dos mais talentosos paisagistas históricos de seu tempo. A obra <i>“O sol do Brasil”</i>, da autora Lilia Schwarcz, narra a trajetória desse pouco conhecido artista francês cujo talento é inquestionável.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-yVxcylgfFgk/WKWaltD3yxI/AAAAAAAAHJ0/Kq91fZYHcSIHERyWTfq7_UxgEmj8gx2NwCLcB/s1600/isfhidhif.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-yVxcylgfFgk/WKWaltD3yxI/AAAAAAAAHJ0/Kq91fZYHcSIHERyWTfq7_UxgEmj8gx2NwCLcB/s400/isfhidhif.jpg" width="286" height="400" /></a></div>
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Lilia Moritz Schwarcz é uma autora que possui uma notável elegância narrativa. Seus textos são de um vocabulário muito rico e rebuscado, mas não ao ponto de ser verborrágico. Em alguns momentos ela parece falar consigo mesma deixando de lado um pouco da sempre perene postura opinativa dos historiadores.
Uma coisa que irrita profundamente os leitores de textos históricos e quando fica a impressão de que o autor estar entrando em um assunto do qual ele não domina completamente, pois fica superficial demais e muito mais adequado a uma revista que a um livro. Mas não é este o caso de Lilia Schwarcz.
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Apesar de ser uma obra que vende um conteúdo voltado para a história do Brasil, e com um titulo de relativo apelo comercial, não se trata de um texto na mesma linha, por exemplo, que as obras de Laurentino Gomes. O texto não tem o foco concentrado nas aventuras dos artistas franceses na corte de Dom João. O foco aqui é a arte! Existem muitas passagens com analises criteriosas das obras, dos estilos e das tendências estéticas do período.
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O leitor de <i>“O sol do Brasil”</i> deve, no mínimo, se interessar por arte. Cuidado com as falsas expectativas criadas pelo subtítulo, pois temos aqui o caso de uma obra onde a arte é colocada em um nível superior ao artista.
O projeto gráfico da obra é primoroso. A qualidade do material é impressionante. Todas as paginas são impressas em papel Polen Soft com uma gramatura mais acentuada, a fonte do texto é boa embora o espaçamento possa desagradar alguns leitores. Muitas imagens belíssimas em preto e branco e também em cores.
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A narrativa é bem cronológica começando com uma caracterização do país a partir dos boatos contados por portugueses, alemães e franceses que por aqui se aventuraram. A autora deixa bem clara, por exemplo, a influencia que a obra do alemão Hans Staden teve para o imaginário europeu. Esse é um ponto onde o texto mais incorpora a descrição histórica, mas o tom narrativo é mais contemplativo que instrutivo. O texto presume um certo conhecimento do leitor e embora seja bastante descritivo, não é o do tipo onde tudo é explicado. Na sequência a autora analisa o movimento neoclássico francês dando destaque para o seu maior ícone, o pintor Jacques Louis David, avaliando o papel da arte como ferramenta política no período napoleônico. Somente a partir daí é que o foco volta a se deslocar para o Brasil.
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Lilia Schwarcz tem tudo àquilo que sua função exige: conhecimento, conteúdo e clareza conceitual, no entanto, esse excesso de gabarito é o que trás alguns problemas para o texto. Falta impulso narrativo, falta carisma na linguagem que é excessivamente formal. A narrativa é muito intermitente com muitos retrocessos que impedem que a obra seja lida com um fôlego único. Se você é um daqueles leitores que tem dificuldades de retomar um raciocínio interrompido pela intermitência descritiva esse livro certamente irá desagradá-lo.
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Apesar dessa ultima ressalva a obra é de muita qualidade, muito conteúdo e muito interessante. Vale à pena dedicar tempo a este tipo de texto que foge um pouco dos padrões de preferência nacional. Se você gosta de arte certamente vai gostar de “O sol do Brasil”. Boa leitura!
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<b>AUTOR </b>
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<b>TIAGO R. CARVALHO</b>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-IlxMB-8s-lY/WKWaOQVgwXI/AAAAAAAAHJs/IbVngHt2kgESjmB4a7fBMBe3dBJiFmv4gCLcB/s1600/jhkhj.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-IlxMB-8s-lY/WKWaOQVgwXI/AAAAAAAAHJs/IbVngHt2kgESjmB4a7fBMBe3dBJiFmv4gCLcB/s400/jhkhj.jpg" width="279" height="400" /></a></div>
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Título original: O SOL DO BRASIL
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Capa: Hélio de Almeida
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Páginas: 464
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Selo: Companhia das Letras
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Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-20171403109824350272017-02-14T05:06:00.002-08:002017-10-27T09:11:17.392-07:00O ÚLTIMO DIA DO MUNDO: 1 DE NOVEMBRO DE 1755<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-vY9blcIFiv8/WKOSAq3TffI/AAAAAAAAHJI/zx_U3yV6XVUItU-dr-SX-KrT0grH32HqQCLcB/s1600/gfjgfjd.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-vY9blcIFiv8/WKOSAq3TffI/AAAAAAAAHJI/zx_U3yV6XVUItU-dr-SX-KrT0grH32HqQCLcB/s400/gfjgfjd.jpg" width="400" height="216" /></a></div>
<blockquote><b><i>“Que jogo de azar é a vida humana! (...) Isso deveria ensinar os homens a não perseguir outros homens; porque enquanto alguns santarrões embusteiros queimam alguns fanáticos, a terra se abre e engole a todos igualmente.”</i></b></blockquote>
<blockquote>- Voltaire (24 de novembro de 1755).</blockquote>
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No dia 1 de novembro de 1755, dia de todos os santos, a ensolarada Lisboa foi sacudida por três tremores de terra. O primeiro fez os sinos das igrejas tocarem, despedaçou vitrais e colunas de mármore. Quarteirões inteiros desabaram soterrando centenas de pessoas: Era o inicio do maior desastre natural do século XVIII.
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Por volta das nove e meia da manhã veio o segundo tremor, ainda mais forte que o primeiro. Este lançou ao chão até mesmo as construções mais robustas. O terceiro tremor ocorreria poucos minutos depois. Lisboa já era uma pilha de escombros nesse momento e começava a circular a ideia de um possível castigo divino.
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Um enorme incêndio, provocado pelas centenas de velas acessas naquele tradicional dia de orações, engoliu as ruínas da cidade. A brisa marinha ajudou a amenizar a propagação do fogo, mas o que parecia um sopro divino se converteu numa cruel realidade. Um forte vento começou a soprar de forma repentina da direção do mar. Uma serie de ondas enormes atingiram a parte baixa de Lisboa por volta das 11h da manha. Em apenas cinco minutos essas ondas destruíram tudo que encontraram pelo caminho. Lisboa estava completamente arrasada e dos seus escombros surgiria um intenso debate sobre Deus, o homem e a ciência.
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<i>“O último dia do mundo. Fúria, ruína e razão no grande terremoto de Lisboa de 1755”</i>, do autor Nicholas Shrady, é um texto perturbador sobre um dos maiores desastres da historia lusitana. É um daqueles típicos livros onde você não consegue parar de ler simplesmente porque a informação que vem depois é ainda mais impressionante daquele que você acabou de ler. Eu certamente definiria sua narrativa como ardilosa e oscilante, pois em um primeiro momento temos a impressão de que o autor esta tentando segurar o leitor através do puro sensacionalismo e logo em seguido ele joga o texto em um rumo completamente diferente empregando um tom narrativo mais seco e objetivo.
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Essa mudança brusca pode parecer um ponto negativo, mas não é o que acontece em <i>“O ultimo dia do mundo”</i>. A descrição do terremoto em si se resume a algumas poucas paginas logo no primeiro capitulo. O autor não emprega longas digressões até chegar ao clímax da obra, pelo contrario, ela joga toda a crueza daqueles momentos terríveis logo de cara isto porque o texto de Shrady trabalha sobre os desdobramentos do evento e não sobre o evento em si. O autor se beneficia através desse foco narrativo de uma quantidade infinitamente maior de material, por meio do qual ele faz questão de deixar clara a sua postura anticatolica.
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Não se trata de um simples ataque a igreja, mas da construção de uma atmosfera de medo criada pela inquisição em uma época onde o cientificismo já havia se consolidado por meio da física de Newton e do deísmo da ilustração.
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Logo no segundo capitulo vemos a primeira grande mudança narrativa quando o fenômeno natural cede espaço para o fenômeno humano: Sebastião Jose de Carvalho e Melo, o lendário Marques de Pombal. O autor reconstrói a imagem desse ícone lusitano que modernizou o ensino, a administração pública e travou um longo conflito com a igreja. Em nenhum momento busca-se construir uma personalidade de herói nacional. O marques é descrito de forma bidimensional como um homem que diante do caos provocado pelo terremoto ordenou a colocação de forcas para punir os acusados de saquear lojas e armazéns e que ao mesmo tempo condenava a crueldade da igreja católica.
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O meio da obra é basicamente uma descrição dos fatos históricos mais relevantes da nação portuguesa. O Brasil aparece como uma importante fonte de recursos, principalmente ouro, o que permitiu a coroa portuguesa governar sem ter que recorrer as Cortes para a aprovação de verbas.
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A atmosfera filosófica dominada pelo otimismo do período desmorona completamente diante das criticas pertinentes de Voltaire tendo como base o trágico terremoto. Esse é um dos pontos mais abordados pelo autor, e também é um dos momentos mais interessantes e polêmicos do texto. A obra <i>“Candido e Otimismo”</i> surge como uma importante base critica do filosofo francês que enxergava a realidade ao invés de projetar nela seus desejos.
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Na última parte o texto retoma a narrativa a partir do Marques de Pombal e mostra suas tentativas de eliminar o senso comum puramente misticista que envolvia o terremoto. Falhas geológicas e placas tectônicas só seriam compreendidas mais de um século depois, mesmo assim Pombal conseguiu estabelecer, através dos principais luminares de sua época e também de séculos anteriores – como Robert Hooker que havia demonstrado a relação de elasticidade em objetos sólidos – uma base cientifica bastante satisfatória que esclarecesse o modo como os terremotos aconteciam. Foi um golpe de mestre, pois ele transformou em vitimas do acaso aqueles que a igreja definia como pecadores castigados.
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<i>“O último dia do mundo”</i> é um texto denso no seu conteúdo, mas leve na sua narrativa. Agradável, intrigante, revelador e profundamente perturbador. Vale cada minuto de leitura!
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<b>AUTOR</b>
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<b>TIAGO R.CARVALHO</b>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-Hh5MShnVsdI/WKL7dgvyDYI/AAAAAAAAHHw/85YlYzQk5DUyicKZi4geM19wMQwGO2XfwCLcB/s1600/kvksdk.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-Hh5MShnVsdI/WKL7dgvyDYI/AAAAAAAAHHw/85YlYzQk5DUyicKZi4geM19wMQwGO2XfwCLcB/s400/kvksdk.jpg" width="264" height="400" /></a></div>
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Título: O Último Dia do Mundo
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Autor: Nicholas Shrady
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Editora: Objetiva
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Especificações: 288 páginas
Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-8141319096429800152017-02-12T13:24:00.001-08:002017-08-14T04:16:52.470-07:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-uvHg2vAqmHA/WJcfZxPKQbI/AAAAAAAAHCo/gHfOYL4kxsoW9fww139lFfgktHE9mwkzACLcB/s1600/deyydy.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-uvHg2vAqmHA/WJcfZxPKQbI/AAAAAAAAHCo/gHfOYL4kxsoW9fww139lFfgktHE9mwkzACLcB/s640/deyydy.jpg" width="640" height="97" /></a></div>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-JmJiut6aTbo/WZGGnIt0ZMI/AAAAAAAAHts/0paVOXshZfQT1o1QsYJOPdPD-EXxMIPVwCLcBGAs/s1600/urygkist.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-JmJiut6aTbo/WZGGnIt0ZMI/AAAAAAAAHts/0paVOXshZfQT1o1QsYJOPdPD-EXxMIPVwCLcBGAs/s400/urygkist.jpg" width="400" height="290" data-original-width="978" data-original-height="709" /></a></div>
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<blockquote><b>“A morte é um problema dos vivos.”.</b>
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- Norbert Elias</blockquote>
<i>“Alemanha, 1945”</i> do autor Richard Bessel trás a tona, de forma muito competente, os dramas políticos e humanos de uma Alemanha arrasada pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A pergunta que se faz é se esta obra é relevante para quem já possuiu um largo conhecimento sobre a Segunda Guerra Mundial? A resposta é sim!
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Não se trata apenas mais uma obra sobre o tema e sim de um texto de aspecto singular quanto ao que ele se propõe fazer. Existem muitas informações interessantes aqui, a abordagem do autor é bem objetiva, clara sem recorrer a uma dramatização desnecessária ou piegas. Bessel parece compreender bem que o leitor de seu texto já possui uma familiaridade com o terrível contexto do conflito, ou seja, é um leitor que já absorveu a essência desumana do nazismo e também os desdobramentos brutais que o mesmo provocou.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-rbCgMUoZjQA/WJcfmeS6wRI/AAAAAAAAHCs/5RtZ5lSoNkUB-36A-vtYJ0TsRPj8XYRGgCLcB/s1600/gjdfjhs.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-rbCgMUoZjQA/WJcfmeS6wRI/AAAAAAAAHCs/5RtZ5lSoNkUB-36A-vtYJ0TsRPj8XYRGgCLcB/s400/gjdfjhs.jpg" width="400" height="395" /></a></div>
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Não esperem encontrar aqui uma abordagem sentimental e este talvez seja o grande mérito de Richard Bessel, pois ele conseguiu criar um texto onde o elemento humano é predominante porem o foco é mais político, geográfico e sociológico. Há uma oscilação constante entre as decisões tomadas em nível de governo e as conseqüências dessas decisões na vida do cidadão alemão comum. Bessel explora a individualidade apenas para mostrar o quanto o elemento humano é afetado por medidas completamente alheias a sua realidade.
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O foco do texto são os meses imediatamente posteriores a rendição da Alemanha, mas a obra só entra nesse seguimento após um resumo dos últimos meses de combate, onde o pano de fundo é a defesa desesperada do território alemão. O sangrento mês de janeiro de 1945, o mais sinistro da historia da wermarcht quando 450 mil soldados alemães foram mortos, abre a seqüência de eventos narrativos que expõem o desabamento final do III reich.
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O ponto forte desta obra impressionante é a abordagem do autor sobre os movimentos migratórios ocasionados pela fuga da população civil alemã das regiões onde os combates eram mais intensos. Aqui ele não se priva de absolutamente nada para compor seu quadro narrativo. Verdadeiras tragédias e desastres são apresentados sempre com o amparo de dados estatísticos. Números é algo que Richard Bessel usa e abusa em seu texto e é justamente esse recurso que expõe ao leitor a magnitude do conflito.
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O campo de batalha urbano é explorado de forma tridimensional: a perda de referencia geográfica provocada pela destruição das ruas e construções, as conseqüências geradas pelo desaparecimento do Estado policial nazista, a forma como esses eventos foram assimilados por pessoas de diferentes faixas de idade, a desintegração da unidade familiar diante da realidade apocalíptica do pós guerra que naturalmente legitimava o abando da conduta moral e a satisfação imediata das necessidades mais primitivas.
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Na segunda parte do texto o foco é a administração das potencias aliadas em suas respectivas zonas de ocupação, é e nesse ponto que <i>“Alemanha 1945”</i> emerge como uma obra ímpar e que talvez se compare, em mérito, apenas ao impressionante <i>“Pós Guerra”</i> de Tony Judt. Os dados referentes aos números de prisões efetuadas nas zonas de ocupação americana, soviética, francesa e britânica vão surpreender aqueles mais acostumados a aceitar a idéia de que a zona soviética foi a mais brutal em termos humanos.
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O que mais impressiona, no entanto, são os dilemas enfrentados pelos aliados para alimentar a população alemã. A escassez de alimentos provocada, por exemplo, pela migração das zonas rurais é tão bem narrada pelo autor que causa um impacto muito mais significativo no leitor do que os combates propriamente ditos. Isso deu vazão a tendência alemã de se definirem, nos anos do pós guerra, como vitimas ignorando o sofrimento que o nazismo levou a tantos países ao longo do regime de Adolf Hitler.
<i>“Alemanha 1945” </i>é uma obra de leitura obrigatória, atual e nada genérica. Vale muito à pena!
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<b>AUTOR</b>
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<b>TIAGO R. CARVALHO</b>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-0bmqKeAuzZY/WJccniGwBiI/AAAAAAAAHCc/CHO8fEz0w84nfnp2NnyWdpo_wCaGAan6QCLcB/s1600/hvhjbjb.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-0bmqKeAuzZY/WJccniGwBiI/AAAAAAAAHCc/CHO8fEz0w84nfnp2NnyWdpo_wCaGAan6QCLcB/s400/hvhjbjb.jpg" width="277" height="400" /></a></div>
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Título original: GERMANY 1945
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Tradução: Berilo Vargas
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Páginas: 504
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Peso: 0.763 kg
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Acabamento: Brochura
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Selo: Companhia das Letras
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Documentário que serve como complemento da obra:
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<iframe width="560" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/9ZiOQoybx20?rel=0" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>
Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-25671083624754693702017-02-12T13:15:00.002-08:002017-02-12T13:18:30.507-08:00A CAMAREIRA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-FwM4fPG5Jf0/WKDRHk_KxCI/AAAAAAAAHG4/gLf8Odk8f6UWhhbJYILNlAaFfOdOuhuXgCLcB/s1600/kdfyjdtghju.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-FwM4fPG5Jf0/WKDRHk_KxCI/AAAAAAAAHG4/gLf8Odk8f6UWhhbJYILNlAaFfOdOuhuXgCLcB/s400/kdfyjdtghju.jpg" width="400" height="380" /></a></div>
<blockquote><b><i>“Sabe o que há de belo na faxina? (...) E que a sujeira sempre volta.”</i></b></blockquote>
O afeto é como o mercado publicitário: sua função é criar novas necessidades! O triunfo do individuo sobre a sociedade é a meta de muitos anônimos que atualmente compõem o mosaico urbano. Indivíduos que buscam uma forma de existência pouco comum e que se aventuram num mergulho constante das possibilidades. Nem sempre aquilo que está disposto nas prateleiras da sociedade satisfaz as minhas necessidades ou possui um valor acessível aos meus interesses. Diante da escassez por que não explorar novos meios de satisfação? O valor nem sempre se reveste da utilidade do produto, pois na maioria dos casos é a ausência de utilidade que confere valor as coisas.
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Linda Maria Zapatek, ou simplesmente Lynn, nasceu em 1975, possui cabelos castanhos, olhos verdes, um metro e sessenta e cinco de altura. Desempregada ela mora de aluguel – que é pago por sua mãe - é que gosta de assistir “Tempos moderno” durante as noites: eis a protagonista da obra <i>“A Camareira”</i>, do autor alemão Markus Orths.
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Logo de inicio somos expostos ao fluxo de pensamentos de uma personagem que confabula sobre os aspectos físicos de um edifício. Vidros enormes cobrem a fachada do imponente prédio sem que a privacidade da rotina em seu interior pudesse ser ocultada. <i>“por que não paredes, pedra concreto?”</i> - ela se pergunta.
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Não se trata de uma narrativa prolixa e muito menos de um mero recurso de preenchimento da estética literária. É por meio dessa explanação descritiva do espaço geográfico que o autor constrói os elementos visuais que devem orientar a leitura através do seu contexto. Nessa obra em particular os detalhes dos cenários descritos pela própria personagem são relevantes porque são esses detalhes que estabelecem uma forma interessante de dialogo. Pessoalmente gosto muito desse tipo de introdução, na maioria dos casos ela imprime um ritmo de leitura agradável e cria uma valorização do individuo por meio do seu papel, uma espécie de nicho social.
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Seu olhar atento discorre sobre as peculiaridades do que vê nas ruas: <i>“Como seria se ninguém me notasse? Se as pessoas não vissem ao redor de mim, vissem através de mim. Como se eu não existisse (...). Cada dia é uma abreviação do tempo, cada passo, uma abreviação do caminho.”</i> Para o leitor esse primeiro momento representa exatamente isto: cada pensamento de Lynn representa uma abreviação da extensão de sua personalidade.
Ela finalmente consegue um emprego como arrumadeira de quarto de hotel onde se diverte fazendo deduções lógicas:
<i><blockquote>“Uma escova de dentes esquecida? O hospede terá de comprar uma nova. Um desodorante barato? Ele não dá valor à higiene do corpo. Fios de barba na pia: sinal de desatenção. Absorvente na nécessaire? Um cheiro de cólicas no ar. Um relógio masculino sobre o criado-mudo? O homem terá de perguntar as horas durante a viajem.”</blockquote></i>
Certo dia, enquanto divagava sobre o hospede do quarto 303, Lynn é surpreendida por seu retorno e imediatamente se esconde sob a cama. Nesse momento ele descobre uma nova forma de prazer: observar a privacidade alheia – a diversão perfeita para o desajustado social.
Naqueles momentos de intimidade Lynn assistia a tudo, numa forma de vida cada vez mais distante do pueril. Era seu conceito próprio de amadurecimento, de crescimento, mas esse método não se pareava com o conceito de “maturidade” de seu tempo. Bisbilhotar a vida alheia era algo reprovável em uma mulher adulta, postura ridícula em termos de comportamento. Essa é uma situação no qual o mais absurdo dos comportamentos perde aquilo que faz dele um ato estúpido, pois o que permanece é apenas o instinto primitivo de saciar a curiosidade sobre uma realidade que não nos pertence.
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Aquilo que ocorre entre quatro paredes, longe do crivo moralista e hipócrita da sociedade possui um valor diferenciado porque circula por diferentes meios e se expressa de diferentes formas. O desejo de Lynn em permanecer anônima, como expectadora, debaixo da cama, acompanha a idéia de identificação através da posse: por que devo permitir me identificar como detentora de algo cujo segredo é o que lhe atribui valor? O segredo é o que atribui valor a privacidade.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-lk48VGp9q0E/WKDPHf_0UNI/AAAAAAAAHGk/-IWo5buXy10Tk2YfHbsMnqpRhee2WtDQQCLcB/s1600/gjsfhwr.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-lk48VGp9q0E/WKDPHf_0UNI/AAAAAAAAHGk/-IWo5buXy10Tk2YfHbsMnqpRhee2WtDQQCLcB/s400/gjsfhwr.jpg" width="400" height="340" /></a></div>
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Lynn parecia sentir que a relação entre duas pessoas, sejam elas do mesmo sexo ou não, se baseava nas semelhanças que estas partilhavam aos olhos da sociedade, mas a força que mantinha aquela forma ilógica de coesão afetiva se expressava nas diferenças e estas só se manifestavam na privacidade aparente de quatro paredes. O concreto, neste caso, não apenas limitava o alcance do olhar, ele impedia que o poder do desejo físico ganha-se espaço junto a uma consciência moral disseminada onde o afeto figurava como a verdadeira força das relações humanas.
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O que mais me chamou a atenção na obra <i>“A camareira”</i> é que a leitura de seu texto, e sua digestão posterior, permitem resgatar um tema bastante polemico que é a questão da natureza contraditória dos valores morais. A privacidade sempre foi objeto de fascinação dos seres humanos. O que as pessoas fazem entre quatro paredes ou mais precisamente o seu padrão de conduta sexual, sempre serviu de base para um julgamento moral, ainda que esse julgamento se expresse de forma velada.
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Se nos propusermos trazer esse tipo de debate para o contexto social do momento, marcado por movimentos de reafirmação por direitos civis, como por exemplo, o direito de união civil de pessoas do mesmo sexo, veremos contradições nos argumentos que se opõem a normatização jurídica de tais direitos.Em primeiro lugar pessoas contrarias a união de casais do mesmo sexo invocam aspectos morais e religiosos como argumentos. Esses mesmos “defensores da moralidade” abraçam o direito da privacidade e alegam não se interessar pela vida particular de cada um. Nada mais contraditório!
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A diferença entre um relacionamento hetero e um relacionamento homo se expressa em privado, na intimidade impenetrável de cada um. Como então podem alegar serem contrários a união de pessoas do mesmo sexo e ao mesmo tempo se dizem avessos a qualquer tipo de curiosidade sobre a vida particular de cada um? O suposto “pecado” ocorre entre quatro paredes, longe dos olhos e acessível apenas a imaginação. Como negar que nesse caso é a curiosidade que determina a conduta?
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Porque a sociedade é tão permeável a critérios de valor moral? O corpo social é como uma arvore: à medida que cresce se ramifica e se torna mais complexo. A criação de condutas valorativas nesse contexto funciona como um elemento que unifica as pessoas em torno de um valor comum. E nessa associação coletiva - em que cada um aceita destruir a sua individualidade - que nascem os valores morais. É interessante como isso demonstra que mesmo adultos guardamos uma parcela daquilo que já fomos um dia como adolescentes para os quais os valores do grupo têm sempre uma prerrogativa mais elevada em relação aos valores individuais.
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O texto de <i>“A camareira”</i> é a típica narrativa em que o personagem, ou os personagens, são projeções do meio em que eles se inserem. O ambiente urbano é muito significativo aqui e é através dele que os personagens dialogam com o leitor. O espaço geográfico funciona como conectivo no qual oscila realidade e ficção. É este recurso que facilita que o leitor se identifique e crie simpatia pela protagonista: uma mulher com uma aparência comum, uma historia comum, mas com hábitos e comportamentos incomuns. Uma camareira que encontrou diversão na sujeira banal da privacidade é algo perfeitamente lógico e nada incongruente. É nas entrelinhas do texto que podemos encontra seu objeto de reflexão: a questão da busca por satisfação e sua suposta incompatibilidade com a moral da sociedade civilizada.
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A definição de prazer dada pela psicanálise freudiana é muito abrangente é não se resume apenas a atividade sexual. O prazer pode decorrer de uma leitura, de um passeio ou até mesmo de uma simples conversa. Por que então se condicionou a satisfação ao ato sexual?
O filosofo Herbert Marcuse, em sua obra <i>“Eros e Civilização”</i>, concluiu que o método de produção da sociedade moderna, sempre havida por aprimoramentos e incremento produtivo, havia reprimido a busca pela satisfação individual. Para o funcionário dedicado e trabalhador era impossível encontrar prazer nos afazeres diários, pois estes eram cansativos, desgastantes, repetitivos e em muitos casos prejudiciais a saúde. O trabalhador reprimia suas vontades para assumir o papel de responsável e de chefe de família.
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Reprimir as próprias necessidades é algo que não dura por muito tempo. O liberalismo sexual das décadas de 60 e 70 assinalou os limites impostos pela repressão da nova ordem mundial. Uma onda de hedonismo tomou conta da sociedade. A imagem do trabalhador disciplinado começava a cair por terra ameaçando o padrão produtivo, mas a reação capitalista foi imediata.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-l9allR51iuA/WKDPN1-boDI/AAAAAAAAHGo/sAUJWzhOvecsPjflkBRggsa_L30B5Pi4gCLcB/s1600/ugldfuisr.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-l9allR51iuA/WKDPN1-boDI/AAAAAAAAHGo/sAUJWzhOvecsPjflkBRggsa_L30B5Pi4gCLcB/s400/ugldfuisr.jpg" width="295" height="400" /></a></div>
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Imediatamente adotou-se o órgão genital, e tudo aquilo que fizesse referencia a ele, como estratégia de combate ao descompromisso do pensamento hedonista. Revista com mulheres nuas, filmes pornográficos, roupas mais provocantes e cartazes de roupas intimas foram criados. A ideia era de que o mercado oferecesse produtos que saciassem a busca por prazer individual afastando de vez o fantasma da indolência. A partir daí o prazer tornou-se um conceito atrelado a duas coisas: consumo e sexo.
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Lynn conseguiu encontrar uma forma de romper essa repressão encontrando prazer dentro e fora dos limites da sexualidade. Ironicamente o liberalismo sexual aprisionou a sociedade ao definir as “rotas do prazer”. A obra de Markus Orths nos leva a refletir: a sociedade é uma mistura de estupidez e ousadia, a dificuldade é definir quem são os ousados e quem são os estúpidos. Boa leitura!
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<b>AUTOR</b>
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<b>TIAGO R. CARVALHO</b>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://4.bp.blogspot.com/-EfV6rDZ8KaM/WKDO3vbyi3I/AAAAAAAAHGg/KXuWtwJJs64An_c6O5IW7PstSpZ6A3cVgCLcB/s1600/jlsdvksdk.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://4.bp.blogspot.com/-EfV6rDZ8KaM/WKDO3vbyi3I/AAAAAAAAHGg/KXuWtwJJs64An_c6O5IW7PstSpZ6A3cVgCLcB/s400/jlsdvksdk.jpg" width="268" height="400" /></a></div>
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Título:
A CAMAREIRA
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Título Original:
DAS ZIMMERMÄDCHEN
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Páginas:
136
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Editora:LePM
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OBS: As duas obras de arte do texto são do pintor norte americano Tom Wesselmann, um dos maiores representantes da "Arte Pop", e cujas obras criticavam a transformação do erotismo em produto de consumo.
Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4131518548302262577.post-30029706365579085282017-02-11T17:55:00.000-08:002017-02-11T17:58:52.006-08:00MDNA<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-XSvJI18jyxQ/WJ_BU2xij_I/AAAAAAAAHGM/wYrRSagPg98-3emEDBMo8ON6jOuhpfzvACLcB/s1600/GJGDGHJDETRH.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-XSvJI18jyxQ/WJ_BU2xij_I/AAAAAAAAHGM/wYrRSagPg98-3emEDBMo8ON6jOuhpfzvACLcB/s400/GJGDGHJDETRH.jpg" width="400" height="398" /></a></div>
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A musica rompeu a hegemonia do cinema como à forma de arte mais apreciada em todo e mundo sublinhando os limites deste quanto ao seu papel na emergente cultura de identidade urbana. Estamos em plena década de 80 dominada pelos agitos da disco music. Nas mais de mil danceterias espalhadas pelo centro da velha e falida metrópole de Nova Iorque as noites eram embaladas por musicas como <i>“That´s the way”</i> de KC e The Sunshine Band e <i>“Stayin Alive”</i> do Bee Gees.
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Jeans desbotados e rasgados nos joelhos, jaquetas de couro, cabelos rebeldes domados por lenços coloridos e combinações destoantes era o que se via de mais comum. Pulseiras e correntes simbolizavam a agressividade juvenil acentuando o rompimento espontâneo para com as tradições familiares das décadas anteriores.
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A noite era o berço da diversão, dos encontros, da troca de sensações, hora de exorcizar os demônios nas pistas de dança e saturar o espírito com aquilo que a vida tinha a oferecer aos jovens amantes da musica. Era nas ruas que o aspecto mais relevante da revolução cultural podia ser visualizado como algo puramente simbólico e de certa forma alegórico: a valorização da identidade individual em detrimento dos valores sociais coletivos.
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Existem aqueles que enxergam no período uma evidente manifestação de fragmentação social, no entanto os termos aqui analisados, quando planamente compreendidos, demonstram que a sociedade se tornava mais organizada à medida que se diversificava. Essa diversificação ocorria sob uma forte tensão provocada e alimentada pela busca de elementos que sinalizassem as incongruências culturais de cada tribo urbana. Era importante delimitar o tipo de comportamento a partir das roupas. Estamos numa década onde você é o que você veste! Foi nesse meio que o furacão Madonna conquistou seu espaço sinalizando em seu corpo as marcas de seu tempo.
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<i>Who s that Girl? </i>Quem era aquela garota que na adolescência não exalava carisma suficiente para permitir que se projetasse sobre si a imagem de futura super star? Quem era aquela garota magrela e baixinha que entre os exaustivos ensaios das aulas de dança tentava ganhar a vida como garçonete ou posando para fotos nuas como modelo de artistas plásticos? Seu passado comum tão pouco oferece uma explicação para o seu sucesso. Ela teve uma infância e uma adolescência sem eventos significativos, traumáticos sem duvida, mas nada que a coloque a margem de boa parte dos seres humanos.
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Durante as noites Madonna se divertia dançando em boates gays – universo pelo qual já nutria fascinação. Nessa atmosfera receptiva as novas formas de “espontaneidade representativa” ela explorou sua bissexualidade, jogou fora a cartilha de idéias pré-fabricadas pelos costumes, destilou o naturalismo que existe por trás da auto-satisfação, reafirmou conceitos pouco ortodoxos, buscou a todo custo sua autopromoção sem se importar com valores morais. Cometeu erros e exageros, mas no fim acabou se aventurando pelas vias do sucesso.
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Filha de imigrantes italianos e nascida em um meio impregnado pela força dogmática do catolicismo, Madonna havia perdido a mãe muito cedo. A experiência da perda moldou em sua personalidade uma aversão a fraqueza e fez com que encontra-se na dança uma perfeita forma de expressão para sua força. Aprendeu a esconder sua fragilidade por trás da imagem de mulher forte e dominadora, algo que lhe permitiu desfrutar de uma forma de independência que pode ser descrita como um fragmento que se desprende do conceito de liberdade. Passou a valorizar o estado de alerta constante e dizia que a tranqüilidade de espírito era uma “pequena morte”. Possuía um forte instinto de independência através do qual e deu forma a sua própria escala de valores e se orientou por seus próprios caminhos.
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Madonna havia se preparado para perseguir seus desejos só não havia se preparado para pagar o preço. O que sua intempestividade juvenil não esperava encontrar em seu caminho era uma forma particular e brutal de violência contra seu sexo: certo dia ela encontrou as portas do local onde fazia suas aulas de dança fechadas e acabou sendo arrastada para o terraço de um dos prédios e violentada por um homem que poucos minutos antes havia lhe oferecido ajuda. O episodio sinaliza uma fase de transição em sua história. Aos poucos a dança perdeu seu encanto e o caminho para a afirmação no meio musical começou a se mostrar mais atraente.
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Em <i>“Madonna 50 anos”</i> a autora Lucy O’Brien reconstrói os passos de uma das maiores estrelas da musica internacional. A garota ousada que chegou a Nova Iorque sozinha aos 19 anos com o sonho de se tornar bailarina foi aos poucos se apaixonando pelos clubes noturnos <i>undergrounds</i> e pelo estilo punk. “Ela é uma mulher de carne e osso, mas sua identidade mutante fez dela um quebra cabeças.” - escreveu Lucy O’Brien cujo mérito como escritora se deve a sua forma de abordagem: analisar a figura humana a partir de sua obra.
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Segundo a autora, Madonna só se revela com sua configuração original durante seu trabalho, pois seria o único momento onde a hiper-conciência de sua própria imagem estaria ausente e seu pensamento estaria focado para fora dos limites dela mesma. Talvez seja esse o motivo que ela tenha optado por contar a historia do fenômeno pop de forma cronológica tendo suas musicas como marcações da passagem de tempo.
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Em primeiro lugar e preciso definir que Lucy O’Brien é uma admiradora de Madonna, logo é natural que o texto de sua obra coloque em evidencia a figura da artista e defina suas musicas como um produto da assimilação de sua vida particular com as imperiosas determinações da fama. Nessa obra a estrela pop esta em maior destaque que a mulher por trás dela. O mérito desse tipo de foco e sua tendência natural de deixar de lado os boatos que sempre adornam figuras famosas e se concentrar nos fatos.
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Madonna alcançou o sucesso desconstruindo idéias e articulando sua musica por meio dos seus sentimentos. Talvez o seu mais significativo salto de maturidade tenha ocorrido quando ela tinha apenas 15 anos. A vida como líder de torcida e a popularidade que vinha no rastro da “função” não mais saciavam suas ambições. O estilo adolescente de viver a margem do mundo adulto foi deixado para trás, e junto com seu interesse pela arte e pelo bale surgiu a fascinação pela dança. Christopher Flynn foi uma figura importante nessa fase de sua vida.
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Chega a ser uma tarefa complexa definir até que ponto determinada musica ou álbum foi fruto da influência das tendências musicais do momento ou se foi algo puramente expressivo. Fica bastante evidente que seu trabalho é um misto de espontaneidade e planejamento. Definir o grau de influência entre um e outro é talvez a questão que a torna tão interessante como artista. Encarar o “fenômeno Madonna” como uma conjunção originaria de aspectos binários é de determinada forma algo não apenas irrelevante como também redundante afinal de contas existe algo verdadeiramente original no campo da arte que não possua certa dose de espontaneidade? Madonna sempre se mostrou tão espontânea que parece errado querer imprimir grande significado a sua obra.
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Devo confessar que o texto de O’Brien me cativou logo nas primeiras paginas. A narrativa ágil da infância de Madonna logo cede espaço para o ponto mais interessante de sua historia: seus anos difíceis na falida e caótica Nova York dos anos 80. Para qualquer um que conheça a história de Madonna fica claro que a década de 80 foram seus anos gloriosos, embora tenha nesse período disputado seu espaço com outros grandes astros do pop.
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A obra é não apenas uma biografia da artista, mas também de suas musicas. Um trecho interessante explica como <i>Like a virgin</i> se tornou um grande sucesso:
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“Se você ouvir a bateria de Like a virgin vai perceber que é gorda, larga e espaçosa. Ela preenche o som da canção. Se tivesse sido feito diferente, a musica teria perdido autoridade. Sabíamos como o som mexeria com o publico de maneira subliminar – E muito do que nos atrai na musica está na persistência com que ela se agarra ao subconsciente.”</blockquote>
O álbum <i>Like a virgin</i> foi lançado em novembro de 1984. Esse talvez tenha sido o trabalho de Madonna que mais probabilidade teve de fracassar devido à mudança no estilo em relação ao seu trabalho anterior e também por ter sido lançado em um momento onde o mercado musical era dominado por artistas como Michael Jackson – que reinava absoluto com <i>Thriller</i> – e Prince que com o sucesso de <i>Purple Rain</i> ganhava cada vez mais destaque.
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O mercado musical também enfrentava crises devido à redução do numero de adolescentes. À medida que a população envelhecia e os adolescentes se tornavam adultos as vendas de singles despencavam. Aquele era sem duvida um momento difícil para a carreira de qualquer artista. O funil provocado pela concorrência e pelo mercado em crise funcionou como uma espécie de seletor de astros. Foi nesse contexto que a MTV surgiu como um dos mais significativos meios de comunicação. Madonna se apoiou nessa crescente indústria de vídeo clipes e teve o mérito de saber usar sua sensualidade e desenvoltura em proveito próprio. Ela conseguiu direcionar a critica para além de seus limites vocais – algo da qual era plenamente consciente. A dança deu a ela uma noção valiosa quanto ao ritmo e seu visual diferenciado foi um prato cheio para a indústria de videoclipes da época.
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Ela possuía estilo e um visual bastante favorável a comercialização, assim como sua mais forte concorrente: a lenda pop dos anos 80 Cindy Lauper que com os sucessos <i>“Girls Just want to have fun”</i> – cuja letra consiste num autêntico retrato dos desejos femininos do período – <i>“True Color”</i> e a imbatível <i>“Time after Time”</i>. Talvez seja mais claro identificar Cindy Lauper como sua mais significativa concorrente pelo fato de ambas imprimirem através de sua imagem e suas musicas a mesma proposta de transgressão e repudio ao conservadorismo.
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Até que ponto seu engajamento político das ultimas décadas se contrastava com a aparente esterilidade política de suas musicas nos seus primeiros anos de carreira? Se considerarmos que suas musicas possuem uma mensagem fortemente carregada pelos sentimentos femininos veremos que desde o inicio sua musica carrega um certo posicionamento político na medida que ela propõe uma nova postura - sobretudo da população feminina - ao mesmo tempo que se constrói como um ícone capaz de moldar opiniões, embora essa não fosse sua intenção.
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Madonna vivia o auge da geração <i>Yuppie</i> deflagrada pela era do neoliberalismo de Ronald Regan. Impostos reduzidos se traduziam em menos responsabilidade social por parte do governo, ambiente perfeito para o espírito empreendedor. Não é sem motivo que a ambição se tornou característica positiva para os jovens ávidos por ascensão social. Interessante ver que Madonna não confrontou os valores sociais desse período, pelo contrario até se identificou com eles... até compor <i>Material Girl</i>.
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O sucesso de <i>Material Girl</i> fez com que a musica se consagrasse como um hino pop contrario a personalidade materialista, porem <i>Dress you Up </i>coloca em relevo a mesma questão de forma muito mais competente. A letra faz uma comparação entre as sensações experimentadas por aquilo que o dinheiro podia comprar, no caso roupas luxuosas, e aquilo que só se podia ser sentido através do afeto. As fortes batidas isoladas na introdução e que permanecem praticamente inalteradas preenchendo a canção conferem a esta um ritmo que acaba reforçando o vigor da letra.
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Criticada por sua postura nada comum, contestada por suas opiniões, admirada por sua obra, imitada em seu estilo, odiada e de certa forma temida por sua ousadia. Modonna é talvez a celebridade que mais acumula conceitos. Ela cumpriu bem seu papel como representante de uma forma contemporânea de arte cuja construção se funde num misto de linguagem corporal e arranjo musical. Ela escapa a compreensão porque se reinventou de uma forma que sua postura e sua opinião não fizessem paralelo nos costumes. Nunca se posicionou a margem de seu mundo, sempre buscou o ângulo através do qual pudesse impactá-lo.
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Sua natureza fortemente criativa e sinalizada por um de seus aspectos mais característicos: a tendência de se reinventar constantemente. O método caiu perfeitamente ao “estilo Madonna”, pois à medida que buscava uma nova imagem para si própria ela alimentava a figura da mulher forte e dominadora – algo que fazia questão de reafirmar constantemente – que não acompanhava as tendências, mas que as criava. “Eu não defendo um estilo de vida eu descrevo um”- disse ela durante uma entrevista coletiva.
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-j6kUICPBhS8/WJ-9uF6ZyAI/AAAAAAAAHFs/XYL-vg2eQMwfpY-dgY5omINMjWiRtaKVgCLcB/s1600/knbnlmn.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://1.bp.blogspot.com/-j6kUICPBhS8/WJ-9uF6ZyAI/AAAAAAAAHFs/XYL-vg2eQMwfpY-dgY5omINMjWiRtaKVgCLcB/s400/knbnlmn.jpg" width="400" height="400" /></a></div>
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Madonna que sempre soube usar o poder da linguagem corporal tinha consciência do papel do olhar como parte da expressão dos sentimentos. <i>“True Blue”</i> – escrita por ela e dedicada ao seu marido, na época o ator Sean Pen - faz uma alusão a cor dos olhos de Pean como um espelho de seus sentimentos verdadeiros. <i>True Blue</i> (Azul verdadeiro) tornou-se o álbum mais vendido no mundo em 1986. Lançado no mês de junho daquele ano ele enfrentou a concorrência direta do álbum <i>True Color</i> (Cores Verdadeiras) de Cindy Lauper, lançado apenas três meses depois.
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<i>Like a Prayer</i>, o terceiro álbum de estúdio de Madonna, lançado por ocasião dos seus trinta anos, marca uma fase angustiante de sua vida. O álbum deve seu sucesso à forma sabia com a qual ela soube colocar seus sentimentos em paralelo ao momento econômico dramático da política neoliberal do presidente Ronald Regan. A ideia era se afastar da imagem pop vibrante de seu álbum anterior <i>“True Blue”</i> e mergulhar numa atmosfera angustiante sinalizada pelos cabelos castanhos e por vocais densos. Era o inicio de uma nova fase o que para Madonna não configurava um desafio uma vez que se trata de alguém acostumada a criar diferentes versões de si mesma.
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<i>“Like a Prayer”</i> retoma a linguagem de <i>“True Blue”</i> sob uma perspectiva menos glamourosa e, portanto se caracteriza como uma projeção complementar do trabalho anterior. Essa perfeita transição entre duas fases marcantes de sua carreira é o que torna <i>“Like a Prayer”</i> o seu trabalho mais admirável e mais próximo de uma autêntica forma de arte, pois é nele que Madonna deposita a mais significativa carga emocional. Suas musicas exalam sentimentos que se constroem por meio da junção de uma sonoridade angustiante e de uma composição carregada de reflexão e confissão, tudo isso sem o toque maçante do recurso trágico. Dessa forma ela não apenas encerrava um capitulo de sua biografia como também reafirmava sua postura dominadora.
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<i>“Spanish eyes” </i>é uma das mais marcantes faixas do álbum. Carregada de sentimentos a letra fala sobre a busca de consolo na fe como alivio para a dor produzida pela saudade. Em determinado momento da letra ela deixa claro o papel de sua musica como parâmetro de compreensão para seus sentimentos.
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A extensão mais evidente de <i>“True Blue”</i> em <i>“Like a Prayer”</i> e a canção <i>“Cherish”</i> cuja letra foge dos temas mais densos das demais faixas do álbum. Enquanto <i>“Cherish”</i> configura uma projeção de <i>“True Blue”</i>, <i>“Live to tell”</i> é uma antecipação dos rumos tomados em <i>“Like a Prayer”</i>. Essa dupla conexão entre os trabalhos reflete a presença do produtor musical Patrick Leonard como co autor em ambos os discos.
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Para quem quiser ler mais sobre a vida da cantora Madonna recomendo a leitura de <i>"Madonna 50 anos"</i>, um livro cativante desde o seu inicio e recheado de historias sobre essa lenda do pop. Ótima leitura!!
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<b>AUTOR</b>
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<b>TIAGO R. CARVALHO</b>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://2.bp.blogspot.com/-vDfu_A2zkwM/WJ-_50WkznI/AAAAAAAAHGA/T-jv3MM5z3oKbNyDGz9LWmq0EGjvuO18QCLcB/s1600/yjkethjuwet.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-vDfu_A2zkwM/WJ-_50WkznI/AAAAAAAAHGA/T-jv3MM5z3oKbNyDGz9LWmq0EGjvuO18QCLcB/s400/yjkethjuwet.jpg" width="281" height="400" /></a></div>
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Título: Madonna: 50 Anos
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Subtítulo: A Biografia do Maior Ídolo da Música Pop
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Autor: Lucy O'Brien
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Editora: Nova Fronteira
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Ano: 2008
Tiago Rodrigues Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/10001574313705093011noreply@blogger.com0