quarta-feira, 10 de abril de 2013

DIVAGAÇÕES AO SOM DE COLDPLAY


Em Alguns momentos somos tomados por um súbito impulso questionador. Nos achamos senhores da verdade, donos da razão e nesse instante submetemos todas as questões que se atrevam a atravessar nosso caminho ao julgo implacável de nossas opiniões e convicções. Em certo dia de chuva eu, mergulhado na imensidão minúscula do meu quarto, ouvindo Coldplay na companhia de meus adoráveis livros e de meu humor sarcástico me vi surpreendido por um desses momento em que os pensamentos extrapolam os limites da cognição e transbordam palavras que se unem em frases e logo formam um texto.

Pensei sobre alguns temas muito comentados e debatidos de forma exaustiva pela mídia como a caótica “educação” nacional, tecnologia associada ao mercado de trabalho, cotas em universidades, meio ambiente, cidadania, liberdade de informação, altruísmo no mundo moderno, etc. Sei das possibilidades de me deixar levar por temas batidos e saturados e de compor uma massa prolixa de divagações pouco interessantes. Ainda assim sinto a necessidade de compartilhar essas opiniões ainda que pareçam redundantes. Tentei ser o mais objetivo possível com abordagem rápidas e sem muita densidade.
NOVAS TECNOLOGIAS TORNARAM IMPRATICAVEIS AS POLITICAS DE PLENO EMPREGO

No mundo contemporâneo as novas tecnologias, e seus constantes aprimoramentos, são definidos como bases indispensáveis ao desenvolvimento econômico. No entanto, essa inovação tecnológica tem ocasionado impactos de natureza negativa em diversos segmentos sociais, dentre os quais se destaca o mercado de trabalho.
Os grandes aglomerados industriais, símbolos do século XIX e ainda muito comuns no final do século passado, eram decorrentes da reorganização do método de produtivo que exigia mão de obra numerosa, maximizada e pouco qualificada. Atualmente os investimentos têm sido direcionados aos setores tecnológicos, visando uma melhoria nas técnicas produtivas e reduzindo os custos dos bens provenientes dos segmentos primários e secundários. A adoção de tecnologias de ponta exige mão de obra qualificada, uma das grandes deficiências dos países subdesenvolvidos como o Brasil, o que dificulta a contratação de funcionários aptos para atenderem as exigências do mercado ditadas pela inovação tecnológica. A necessidade de aprimoramento tecnológico visando o aumento da produtividade tem gerado resultados antagônicos em segmentos sociais diversos, em uma espécie de paradoxo da “destruição criadora”.
OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NACIONAL

É praticamente inegável o reconhecimento do ensino como uma ferramenta indispensável ao progresso de uma sociedade, tanto a nível local quanto global. A grande problemática no campo da educação pode ser resumida na didática superficial e contraria a aplicação pratica do conhecimento.
A superficialidade didática, adotada como regra nas escolas, direciona seu foco não ao esclarecimento ou a formação de um senso critico e racional, mas unicamente a um propósito pouco altruísta: conseguir uma boa avaliação em concursos e vestibulares. O propósito original de qualquer ramo do conhecimento baseado na lógica desaparece debaixo de um método de “ensino” cujas bases se sustentam sobre o superficial e em regras de memorização pouco úteis. A condição necessária ao progresso só é alcançada por uma sociedade altamente esclarecida e capaz de enxergar uma aplicação pratica para o conhecimento adquirido na escola. A didática deve ser aplicada no sentido de expor a lógica, permitindo aos alunos a compreensão adequada do propósito verdadeiro, oculto pela massa de teorias aparentemente isentas de utilidade. A pratica da leitura deve ser incentivada como uma opção de lazer e não forçada de modo imperativo e restrito a um conteúdo literário pouco atraente. A reformulação do método de ensino deve ser considerada como de suma importância uma vez que o desenvolvimento nacional avança na razão direta do nível sócio educacional de seu povo.
UNIVERSIDADE PARA TODOS: SISTEMA DE COTAS

A fragilidade do sistema educacional brasileiro se manifesta de forma irônica: o ensino proporcionado pelas escolas públicas não prepara o aluno para o ingresso em uma universidade publica. Diante desta realidade a criação de cotas, que beneficiem alunos provenientes do ensino público, é uma medida valida?
De fato o sistema de cotas não é a solução mais adequada para a relação paradoxal que se estabelece entre o ensino de base e a educação superior, uma vez que consiste numa frágil tentativa de corrigir uma falha do sistema educacional público, abrindo espaço para uma serie de contestações amparadas em princípios constitucionais e sustentadas por aqueles que não podem se beneficiar do sistema. Apesar da polemica em torno do tema o sistema de cotas é sim uma medida valida, do ponto de vista pratico e social, capaz de gerar resultados em curto prazo que se expressem de forma positiva não só na esfera educacional como no desenvolvimento nacional através de redução da elitização do ensino superior e do aumento da mão de qualificada. A alegação de que a medida poderia reduzir o empenho acadêmico do aluno de escola pública se torna nula quando se considera sua lógica oposta na qual a dificuldade para ingressar no ensino superior também seria uma poderosa fonte de desmotivação.
Se amparar em princípios constitucionais, que impedem a diferenciação dos cidadãos por meio de critérios sócio econômicos, como forma de contestar o sistema de cotas em um país onde a desigualdade é uma característica mundialmente reconhecida, o que por si apenas já consiste em uma tremenda ferida constitucional, assume contornos humorísticos, algo até previsível quando se considera o “jeitinho” brasileiro.
DESENVOLVIMENTO E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL
Um inquestionável fato histórico é o de que o desenvolvimento das nações, de um modo geral, parece ter sido condicionado a um grau de destruição ambiental diretamente proporcional aos resultados apresentados. Seria o progresso incompatível com uma postura menos agressiva ao planeta?
Se por um lado o desenvolvimento sustentável tem se tornado um dos temas recorrentes da atualidade o “desenvolvimento insustentável” é mais primitivo do que parece A taxa de destruição da cobertura vegetal, seja por desmatamento, poluição, queimadas ou por qualquer um dos produtos decorrentes de uma industrialização irresponsável, reflete a intensidade com que o desenvolvimento econômico foi colocado em pratica e o quanto a economia mundial tem sido alavancada por medidas insustentáveis a longo prazo no que diz respeito ao meio ambiente.
Os resultados mais significativos, no sentido de reduzir a agressão ao ambiente natural seriam alcançados por medidas governamentais a nível global, no entanto, a adoção de atitudes conscientes por parte da população, como a redução do consumismo, um melhor aproveitamento da água potável e uma queda no consumo energético entre outras medidas, apresentavam resultados positivos e expressivos em curto prazo. A determinação do meio não deve ser uma “condição de existência” ao progresso econômico, uma vez que os custos para a recuperação ambiental podem ser até mais onerosos que uma recessão econômica.
CIDADÃNIA E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

A lógica do progresso social se baseia no conceito de que o futuro é o resultado direto das atitudes empregadas no presente. O peso por essa responsabilidade de gerar resultados que expressem algo positivo em um futuro próximo recai, principalmente, sobre a parcela mais jovem da sociedade. Mas estaria a juventude contemporânea consciente do seu papel na edificação de um futuro que atenda aos anseios na nação?
O individualismo, o consumismo irracional baseado numa forma de hedonismo moderno e o descaso para com os temas relacionados ao coletivo têm afastado os jovens de uma postura fundamental na condução de um desenvolvimento expressivo e que tenha por princípios básicos o bem comum social, o respeito ao pluralismo dos costumes e a valorização da natureza na forma do desenvolvimento sustentável.
É imperativo que haja um incentivo governamental no sentido de uma reformulação não apenas da mentalidade, mas na postura da parcela jovem da população para a valorização do coletivo, subjugando o individualismo ao segundo plano, e no incentivo ao alto-didatismo associado ao ensino regular como forma de aprimorar o senso critico, gerando indivíduos capazes de responder as incertezas do futuro de modo satisfatório e com resultados que se expressem de forma coletiva. Esse incentivo se traduz em medidas sócio econômicas como melhorias das condições de trabalho da população, tendo como resultado direto a facilitação de acesso dos jovens ao ensino superior e ao mercado de trabalho, tornando possível seu papel como cidadão. A postura quase arrogante dos jovens de se definirem como “energia potencial do futuro” deve ser revista de forma racional, o que certamente ira expor o engano grotesco por trás desta alto-denominação que lamentavelmente acompanha as gerações acostumadas a tomar os clichês como verdade imutável.
LIBERDADE DE INFORMAÇÃO

Qual seria o atual grau de subordinação da imprensa a imparcialidade e ao bom censo? Os mecanismos de comunicação estariam cumprindo seu papel de informar ou agindo no sentido contrario?
O debate em torno do questionamento sobre os aspectos negativos da livre expressão parece remeter a um passado não muito distante da historia nacional onde a liberdade se viu restringida em sua quase totalidade ao autoritarismo governamental. Segundo algumas fontes a corrente sensacionalista da imprensa teria subjugado o propósito da informação ao mesmo tempo em que se abastece dos dramas do cidadão comum. Alguns consideram indispensável a existência de mecanismos regulamentadores que fiscalizem a atividade dos veículos midiáticos, numa espécie de “controle de qualidade”. Por outro, existe uma corrente, completamente antagônica, que repudia qualquer resquício ao controle de informação argumentando ser esta pratica contraria aos princípios constitucionais e a um regime democrático.
A problemática em torno do tema coloca não apenas a noticia na mira dos questionamentos, mas também o caráter e a ética, ou a ausência de ambos, dos jornalista, aumentando ainda mais o inflamado debate sobre os impactos negativos do sensacionalismo midiático.
ALTRUÍSMO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

Futuro hipotecado, altruísmo em extinção! A sociedade humana se encontra imersa numa espécie de individualismo destrutivo, completamente incompatível com uma postura altruísta, algo indispensável para a projeção, ainda que utópica, de um horizonte mais favorável as relações humanas.
Foco no presente, pois o amanha é incerto! Sob esse lema o mundo avança negando a empatia qualquer chance de se estabelecer como característica social. O cidadão moderno é forçado a conviver com aquilo que julga ser o ideal de si próprio, levando-o a um incessante aprimoramento profissional deixando pouco espaço para relações que não se pautem no interesse e no ganho pessoal. A incapacidade de se colocar na condição do próximo é não só uma característica marcante da modernidade como também é uma das mais destrutivas patologias sociais que já se evidenciaram ao longo da história. A valorização do “eu” têm hipotecado o futuro em nome do presente, algo bastante lógico quando se considera o imediatismo contemporâneo. Olhar para o futuro, ainda que o horizonte não apresente contornos bem definidos, é uma condição indispensável para a existência do altruísmo como fato e não com mito. Em meio a todos as concepções filosóficas acerca da natureza e do comportamento humano o mundo segue seu avanço em direção ao paradoxo: pensar no futuro é coisa do passado.
Essas são algumas considerações minhas acerca de alguns tópicos que abordam problemas globais e alguns essencialmente nacionais. Não espero convencer ninguém com minha frágil retórica, mas fico feliz de poder compartilhar esses pensamentos que afloraram enquanto escutava musicas como “Clocks”, “God Put a Smile Upon Your Face”, “Every Teardrop is a waterfall”, “In My Place”, “The Scientist”, “Paradise”, “Yellow” e “Viva la Vida”. Agora se me permitam pretendo voltar a minhas divagações... enquanto escuto Coldplay!

AUTOR:
TIAGO RODRIGUES CARVALHO

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