ANDREA WULFNo capitulo 3 temos uma brilhante síntese da ciência iluminista do século XVIII. Andrea Wulf cria uma base narrativa a partir da relação de amizade entre Humboldt e dois ícones do romantismo alemão: Schiller e Goethe. Os três costumavam passar as tardes conversando sobre Newton, Leibnitz, Kant, etc. Goethe é uma figura que se destaca bastante no terceiro capitulo. Sua relação de amizade com Humboldt era bem concreta e de fato vemos como um foi importante para o outro no sentido de incentivar pesquisas em suas respectivas áreas de interesse. A autora descreve de forma bem simples e de fácil assimilação um dos pontos mais complexos de ser explicado que é a polarização da ciência do século XVIII entre Racionalistas e Empiristas. Foi na America do Sul que Humboldt desenvolveu sua teoria que relaciona às mudanças climáticas a atividade humana. Um ponto interessante levantado pela autora é a preocupação que existia nos séculos XVIII e XIX quanto aos danos provocados pelo desmatamento. O carvão era o motor da revolução industrial e centenas de hectares de florestas eram derrubadas para a produção de carvão vegetal, que apesar de não ser utilizado na grande siderurgia era muito consumido no aquecimento domestico. A preocupação era obviamente econômica, pois existia o temor de que as reservas de madeira se esgotassem. Mas havia também um movimento ambientalista embrionário que alertava para as alterações climáticas que a exploração predatória poderia acarretar. No século XIX acreditava-se que as doenças eram provocadas por “ar viciado”, ou seja, mau cheiro. É nesse rastro que surgiram homens como Hugh Williamson, medico e político norte americano que defendia o desmatamento alegando que a remoção das arvores melhorava a circulação dos ventos e a qualidade do ar. A idéia de uma natureza rústica dominada pela razão humana foi defendida pelo famoso naturalista Frances George Lois Leclerc, conde de Buffon. A selva era vista como um ambiente hostil e feio que deveria ser organizado pelo homem como uma prova de sua suposta superioridade sobre a natureza. É deste conceito que surgiu a fascinação francesa pelos jardins simetricamente desenhados, comuns no período do iluminismo. O projeto gráfico da editora Crítica é absurdamente bem feito: capa dura, fotos de uma qualidade incrível, letras com uma fonte excelente como adorno para um texto gentil, inteligente e interessante. Mais do que uma simples biografia a obra “A invenção da natureza” é um retrato das ciências da natureza do século XIX com uma linguagem cientifica adequada e certa dose de narrativa poética. Vale cada minuto de leitura! AUTOR TIAGO R.CARVALHO A Invenção da Natureza AUTORA: Wulf, Andrea Editora: Critica Numero de Paginas: 600 Ano: 2016
domingo, 3 de dezembro de 2017
UM NOVO OLHAR SOBRE A NATUREZA: ALEXANDER VON HUMBOLDT POR ANDREA WULF
sábado, 2 de dezembro de 2017
SANGUE E LAMA
quinta-feira, 23 de novembro de 2017
AS VIRGENS DE VIVALDI
“Toda mulher, Anna Maria, e toda garota tem um lugar secreto no corpo. Se você o massagear da maneira correta, ele fará o corpo vibrar e soar como as cordas de seu violino.”Um dos momentos mais intensos da narrativa, no meu ponto de vista e claro, ocorre quando a personagem principal esta em um cemitério conversando com outro personagem. Estou evitando citar nomes para não dar spoilers e este é um daqueles livros em que fica difícil comentar o texto sem spoilers.
“Eu sabia que cada bloco de pedra do cemitério correspondia a uma vida que fora vivida. Dentro de cada tumulo, embaixo, repousava e apodreciam os restos mortais de alguém que como eu, desejou, chorou, riu, amou. Nenhum deles chamais acreditou que aquilo que lutou tanto para conseguir ou para evitar – a pessoa mais querida, o sonho mais caro, um segredo guardado, algo especial que lhe inspirou devoção – seria esquecido como a chuva de ontem certamente será.”O livro é sem duvida uma obra que deve ser lida e admirada. Foi uma grata experiência as horas que passei diante de suas paginas ouvindo as musicas de Vivaldi e as palavras de Anna Maria: “Rezo por um cobertor quente, por uma janela para o mundo lá fora e pelo fim de todas as ilusões. Rezo por luz.” AUTOR TIAGO R, CARVALHO As Virgens de Vivaldi Quick,Barbara Editora: BERTRAND BRASIL Ano: 2009 Nº de Páginas: 352
sexta-feira, 6 de outubro de 2017
A ERA VITORIANA: LITERATURA
Ainda que muito esteja perdido, muito nos resta; e ainda que perdida a força dos velhos dias que movia céus e terras; somos o que somos; uma coragem única nos corações heróicos, débeis pelo tempo e pelo destino, mas persistentes em lutar, achar, buscar, jamais render.Lewis Carrol – nascido Charles Lutwidge Dodgson – se tornou mundialmente famoso com a obra “Alice no país das maravilhas”, que teria criado depois de uma viajem de barco pelo Tamisa na companhia de uma menina de 10 anos chamada Alice Liddell. A vida particular de Carrol, e seu gosto, no mínimo exótico, de fotografar crianças parcialmente nuas, contribuíram para aumentar os enigmas associados a suas obras. Pelos padrões Freudianos a cena inicial de “Alice no país das maravilhas”, onde um coelho a guia para o interior de uma toca escura e estreita, que terminada num mundo de fantasia, possui uma gritante conotação sexual, tanto pelo coelho – animal que no período era associado ao sexo – quanto pela toca “escura e estreita”. Existe uma tendência de se aplicar padrões Freudianos a todas as épocas, o que não me parece correto, mas que de forma curiosa acaba por expor certas particularidades notáveis. No caso de Lewis Carrol o padrão Freudiano parece não só perfeitamente aplicável como igualmente revelador. Não chega a ser surpreendente que textos com conteúdo homoerótico, como no caso de “O retrato de Dorian Gray” de Oscar Wilde, tenham sido alvo de criticas ferozes em uma época tão moralista quanto a vitoriana. Uma das primeiras vozes literárias a se elevar por sobre a miséria das grandes cidades industriais foi Elizabeth Gaskell, autora do romance “Mary Barton” cujo enredo era direcionado aos trabalhadores das industrias têxteis de Manchester. Nascida Elizabeth Stevenson, e conhecida popularmente com Mrs. Gazkell, se tornaria uma das maiores contistas da era vitoriana, ao lado de Charles Dickens. O romance “Mary Barton” impressionou a sociedade britânica ao retratar o mundo fétido das fabricas com seus operários esqueléticos e famintos. Charles John Huffam Dickens, nasceu em 7 de fevereiro de 1812 na cidade de Portsmouth, e logo na infância sentiu os efeitos da Revolução Industrial. Seu pai, chamado John, era um funcionário da marinha que vivia endividado. Em 1822 a família decide se mudar para Londres na esperança de melhorar de vida. Dois anos depois John Dickens vai para a cadeia por dividas. Elisabeth Dickens, sozinha a própria sorte com o filho resolve vender os pertences da família; o jovem Dickens, apaixonado por leitura desde cedo, viu seus livros serem vendidos para saldar as dividas. Em 1824 ele consegue emprego em uma fabrica de graxa como colador de rótulos. Anos mais tarde ele se recordaria de sua ocupação na fabrica como um dos momentos mais dramáticos de sua vida. Três anos depois ele se torna escrevente de um escritório de advocacia e em 1832, após aprender sozinho a taquigrafia, consegue emprego como repórter parlamentar. Em 1836 Dickens se casar com Catherine Hogarth, filha do editor do Evening Chronicle. Naquele mesmo ano ele finalmente pública seu primeiro livro: “Retratos Londrinos” – “Sketches by Boz” (O nome era devido ao costume de Dickens em assinar seus textos com o pseudônimo “Boz”). A obra teve sucesso imediato e abriu as portas para Dickens emergir como um dos maiores escritores da era vitoriana. Apesar do sucesso estrondoso de “Grandes Esperanças” sua obra mais marcante foi “Um Conto de Natal”. A história do rabugento Ebenezer Scrooge, um funcionário de escritório que passou a odiar o Natal depois que seu sócio, chamado Jacob Marley, morreu em uma noite de 25 de dezembro, encantou a sociedade da época e se consolidou como o mais famoso conto natalino da historia. Dickens sempre fora apaixonado pelo clima natalino. Uma das mais belas passagens de sua obra “Retratos Londrinos” ele escreveu:
“Não viva no passado. Não lembre que apenas há um ano a criança que hoje já se foi estava sentada diante de você, com as bochechas rosadas e a alegre inconsciência da infância brilhando nos olhos. Pense nas bênçãos presentes – aquelas que todos os homens têm -, não nas desgraças passadas, que todos os homens possuem em algum momento da vida. Encha novamente o cálice, com um rosto feliz e o coração contente. Nossa vida depende disso (...)”Em 1780, Luige Galvani, que na época era professor de anatomia, descobriu o efeito da eletricidade sobre os músculos. Inicialmente ele havia testado em sapos mortos e constatou a contração dos membros diante de uma descarga elétrica. Seu neto, chamado Giovani Aldini, percorreu a Europa divulgando as descobertas do avô. Em 1803 ele realizou uma de suas mais bizarras apresentações: diante de uma platéia de espectadores Giovani utilizou o cadáver de um homem que havia acabado de ser executado na forca. O cadáver, deitado em uma mesa, teve dois eletrodos ligados a dois pontos distinto, onde foi aplicada uma carga de 120 volts. A descarga no rosto gerou movimentos convulsivos na face; em dado momento o olho esquerdo chegou a abrir. Mas o clímax aconteceu quando um dos eletrodos foi colocado na boca e o outro no reto. Ao acionar o disjuntor a contração muscular no cadáver foi tão intensa que o mesmo chegou a se sentar sobre a mesa, causando pânico entre os expectadores. Entre os que assistiam a apresentação estava uma jovem chamada Mary Shelley (1797-1851), que devido a esse espetáculo inusitado encontrou inspiração para escrever sua obra mais famosa: “Frankenstein” AUTOR TIAGO RODRIGUES CARVALHO
sábado, 23 de setembro de 2017
EVA BRAUN: UMA BIOGRAFIA MINIMALISTA
quarta-feira, 30 de agosto de 2017
DO INFERNO
terça-feira, 22 de agosto de 2017
AGENDA DE EVENTOS COMPANHIA DAS LETRAS
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