quarta-feira, 6 de novembro de 2013


“Duas coisas iguais a uma terceira, são iguais entre si.”
- Euclides
Certo dia ao reler a excelente obra de Rousseau “Discurso sobre a Origem e os fundamentos das desigualdades entre os homens” me surgiu a seguinte questão: a idéia de igualdade é aceita pela sociedade contemporânea? Desde os primórdios da historia humana - do surgimento dos primeiros hominídeos até o homo sapiens - o homem busca se evidenciar por meio da exaltação de suas singularidades, ou seja, instintivamente o mesmo nega a idéia de que todos são iguais. A idéia de igualdade começou a ser difundida pelos filósofos iluministas no século XVIII, quando seu conceito antagônico passou a ser considerado como causa para o corrompimento da natureza humana e dos males sociais. Certos comportamentos permitem constatar que a idéia de igualdade existe, mas não é aceita, em alguns casos chega a ser odiada. O consumismo ostentatorio, ou seja, aquele pautado não na necessidade, mas na manutenção da imagem idealizada de um estereótipo de perfeição, reflete o grau de atração que a idéia de desigual, de diferente, de destoante, possui sobre as pessoas.
Aqui fica evidente o caráter paradoxal da modernidade, pois tendemos a repudiar aquilo que não se encaixa nos padrões, arbitrariamente definidos como normais, ao mesmo tempo em que buscamos ser aquilo que ninguém foi capaz de ser até então. Seria esta a base da teoria que diz que os seres humanos possuem uma natureza autodestrutiva? Será que preferimos ser odiados a permanecer no anonimato e morrer no esquecimento? A filosofia do período da ilustração foi capaz de romper a estrutura social de sua época, baseada na manutenção das desigualdades por meio da divisão de classes, mas não conseguiu eliminar certos dogmas mentais ou romper a estrutura inconsciente que ordena o comportamento humano.
Esse fracasso se torna evidente quando se considera o aspecto fragmentado da sociedade moderna onde até a linguagem é utilizada como forma de exclusão. A competitividade do mundo moderno também contribui para o repudio da idéia de igualdade, uma vez que valoriza aqueles que se destacam sem distinguir se por mérito pessoal ou se por pura sorte. A utopia Rousseauniana de igualdade parece estar cada vez mais condenada a extinção, pois na sociedade atual a noção de igualdade esta lamentavelmente relacionada ao conceito de comum. A filosofia iluminista gerou uma crise de classes, mas não de consciência.
AUTOR
TIAGO RODRIGUES CARVALHO

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