Nada cuja origem seja o homem pode ser considerado irracional. A mais ilusória falta de sentido por trás de determinado comportamento possui um amparo de ordem racional, ainda que esta forma particular de racionalidade não esteja alinhada com aquela amplamente difundida e generalizada. Aquele que de certa forma não se enquadra no modelo arbitrário de perfeição, isto é, o diferente, o exótico, o “anormal” consegue se dissociar da massa por que reserva para si a incompreensão como característica. Esses indivíduos são habilidosos na arte de ocultar a estrutura inconsciente que ordena o seu comportamento: o motivo!
Descobrir o que leva alguém a tomar determinadas atitudes é o mesmo que enxergar aquilo que constrói a articulação central de sua personalidade, como indivíduo, e de sua identidade, como ser social. É justamente ali, na origem subjetiva de seu comportamento que alguma lógica real pode ser encontrada. Como diria o gênio Charlie Chaplin
"Muitas vezes um rosto é doce por causa do sal de suas lagrimas"; não há nenhum paradoxo nessa frase, apenas a constatação de que a dor nos modela a face.
Se deseja compreender alguém, decifrar o enigma de sua existência, enxergar sua forma altamente particularizada de beleza, não tenha medo...aproxime-se, sinta sua respiração, escute atenciosamente suas palavras – mesmo aquelas que não foram ditas – e olhe no fundo dos seus olhos. Tenha a ousadia de buscar as respostas no leito frio do improvável. Quando finalmente conseguir compreender aquilo que inicialmente parecia incompreensível, vai saber que loucura, futilidade, timidez, arrogância e até as formas mais variadas de grosseria, são apenas reflexos produzidos pela alma humana quando insistimos em direcionar nosso olhar para o lugar errado.
Se quiser ver o que ninguém mais viu tem que ter a coragem de se posicionar onde ninguém esteve. Existe um ângulo, apenas um, de onde é possível desnudar a alma de qualquer pessoa e compreender a magnitude de seus sentimentos. Apesar de não se tratar de ciência, mas de pura metafisica, a compreensão do incompreensível consiste, segundo as palavras de Albert St Georce, em
“(...)ver algo que todos veem, e então pensar o que ninguém pensou".
AUTOR
TIAGO RODRIGUES CARVALHO